terça-feira, 29 de maio de 2018

CRÓNICAS OLISIPONENSES - VII

A transformação é rápida (demasiado rápida?). Da janela do antigo Departamento de Resíduos Urbanos vejo, em frente, o futuro próximo. Para a esquerda está o novíssimo edifício da EDP. A Lisboa que se espalha pelo chão das salas é, contudo, outra. São vestígios e memórias de uma cidade desaparecida. Ressaltam, no trabalho dos jovens colegas que vim visitar os restos da Lisboa de dia 1 de novembro de 1755. Há madeira calcinada, ferros queimados, vidros derretidos. Depois da terra tremer e da água invadir a cidade, veio o fogo. Os traços da tragédia são impressionantes. Toco-lhes e tento imaginar o que se terá passado. E só me consigo lembrar de uma canção de Peggy Lee...

I remember when I was a very little girl, our house caught on fire
I'll never forget the look on my father's face as he gathered me up
in his arms and raced through the burning building out to the pavement
I stood there shivering in my pajamas and watched the whole world go up in flames
And when it was all over I said to myself, is that all there is to a fire



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