Eduardo Catroga tem aquele ar afável e de Avô Cantigas. Foi Ministro das Finaças de Cavaco e não tem assim grande queda para as cenas da política. Ontem, saltou-lhe a tampa e teve esta frase em direto no jornal da meia-noite da SIC: "em vez de andarem a discutir as grandes questões que podem mudar Portugal andam [os jornalistas] a discutir, passe a expressão, pintelhos".
O clamor é imenso, marcado por uma enorme hipocrisia, sobre a linguagem excessiva de Catroga. Deve um político usar o vernáculo? Talvez não deva. Catroga tem razão? Tem. Basta ver a enorme vaga de notícias inúteis que assola os telejornais e a imprensa tablóide para se perceber até que ponto Catroga tem razão. As pessoas perceberam onde Catroga queria chegar? Perceberam, sem dúvida. Isso é um ponto (dos poucos) a seu favor.
Catroga deve ter atirado de pantanas as suas já remotas possibilidades de vir a ser Ministro das Finanças. Os puristas que me desculpem, mas no seu desbragado estilo meridional, Catroga não deixa de ter um pouco (só um pouco) da minha simpatia.
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Só uma coisa me intriga. O que levará pessoas tão calmas e cordiais (Pinho, Catroga...) a reagirem neste estilo. Será da profissão?
2 comentários:
Caro Santiago
Este catroga só revelou, na sua pesporrência,que acha que a ele tudo lhe é permitido como aos de casta superior.É um belo exemplar do cavaquismo, dos que acham que é preciso haver regras, e muitas, para os outros, mas que eles, como seres superiores, podem ignorá-las, sendo que até lhes fica bem fazê-lo, com o que mostram à canalha o seu estatuto. E há quem goste, e muito, deles...
MB
"só revelou, na sua pesporrência,que acha que a ele tudo lhe é permitido como aos de casta superior.É um belo exemplar do cavaquismo, dos que acham que é preciso haver regras, e muitas, para os outros, mas que eles, como seres superiores, podem ignorá-las, sendo que até lhes fica bem fazê-lo, com o que mostram à canalha o seu estatuto"
Tem razão, não posso deixar de reconhecer.
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