À hora a que escrevo estas linhas devia estar a terminar, na Faculdade de Letras de Lisboa, um encontro no qual participaria a Filomena. O encontro foi adiado, porque a Filomena partiu, muito antes do que deveria ter acontecido.
Tinhamos aprazada conversa sobre o meu último livrinho, sobre a Mouraria de Moura, que lhe tinha enviado há semanas. Contava sempre, amigável e solidariamente, com a Filomena. Tinha-a convidado para o catálogo de "Guerreiros e Mártires" e para a exposição "Lisboa Islâmica". Colaborou, claro. Nunca recusava participar. Era uma profunda conhecedora do mundo medieval e, em especial, da história da minoria muçulmana.
Não a conheci em Mértola, curiosamente. Nunca por lá coincidimos. Muitas vezes conversámos, depois disso. A Filomena tinha uma personalidade esfuziante e de enorme energia. Sempre ultrapassou assim as mais desagradáveis dificuldades.
Não houve encontro hoje, porque a Filomena já cá não está. Que pena, que terrível e funda pena.
1 comentário:
Santiago, foi em ti que pensei, quando não quis acreditar que fosse verdadeira a notícia. A Filomena foi das pessoas mais generosas que conheci. Muito apaixonada pela História, pelos seus Mouros, enchia uma sala quando comunicava, pois ao saber juntava a clareza e a graça do que explicava. Era uma força da natureza.
Falei com ela na semana passada para lhe dizer que a publicação do livro “Os três forais de Alcácer”, pensada para finais de 2018, estava em vias de sair este ano. A Filomena tratara o foral dos Mouros Forros. Falámos, falámos e, como era seu hábito, a Filomena deu daquelas gargalhadas, como só ela fazia, cujo eco ainda oiço. A vida é muito injusta! Que infinita seja a paz em que descansa, pois a vida não lhe deu sossego.
Enviar um comentário