As perspectivas até eram animadoras. A crítica do "Diário de Notícias" considerara que, finalmente, o São Carlos levava à cena uma produção aceitável. E até tecia grandes elogios à encenação de Guy Montavon.
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Mesmo atrás de mim estava sentado um muito conhecido crítico musical. Eis as suas reacções:
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No final do 1º acto: "E pensar que ainda temos de aguentar mais três horas disto"
No final do 2º acto: "Era melhor ter uma gravação disto para fazer a crítica em casa"
No final do 3º acto: "Uf!"
No final do 4º acto: saída em silêncio.
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Não faço ideia o que irá escrever, mas prevê-se uma crucificação. Fiquei desapontado com a encenação - uma coisa a que nunca tinha assistido: o desenho do cenário, em parábola, provocava diferentes tonalidades de sons consoante o local onde os cantores se encontravam... - e a única, mesmo única, coisa que gostei foi a prestação de Marco Vinco no papel do Conde Almaviva.
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Ópera cómica com leitura política (daí a parábola?), Le nozze di Figaro, de 1786, é uma das mais populares criações de Mozart. Não diria que é amor, ciúme, cinzas e lume, dor e pecado, mas por vezes anda lá perto. Aqui fica um breve excerto do 1º acto. O volúvel Cherubino canta Já não sei o que sou, nem o que faço; ora me devoram chamas, ora me sinto gelado...
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