Comprometera-me a participar num livro sobre a civilização islâmica, dirigido por uma conhecida académica palestiniana, Salma Khadra Jayyusi. Supostamente deveria recebê-la em Mértola. Razões de saúde adiaram a visita e mandou-me, para conhecer o sítio, um senhor já idoso que eu não conhecia. Fiquei com pena de não ter podido receber Salma Jayyusi, mas foi um verdadeiro prazer ter travado conhecimento com Trevor LeGassick. Professor de literatura árabe na Universidade de Michigan e profundo conhecedor da cultura do Médio Oriente (parece que agora já não é politicamente correcto dizer assim), Trevor entusiasmou-se genuinamente com o bairro islâmico, com o museu e com a mesquita. Almoçámos na Terra Utópica. É nesses momentos que melhor conhecemos as pessoas. Quando quis saber um pouco mais sobre o seu trabalho disse-me que se interessava pela biografia do Profeta. E que traduzia autores contemporâneos para a língua inglesa. "Quem?", perguntei. "Fui o primeiro tradutor de Naghib Mahfouz", respondeu, de forma quase sumida. Nessa altura ergui o copo e brindei a Naghib Mahfouz e ao Cairo. Sorriu e fez o mesmo.
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1 comentário:
Fui procurar Naghib Mahfouz, que não conhecia, na Internet. Durante a leitura da sua biografia na Wikipédia, a memória transportou-me à juventude, à biblioteca Gulbenkian e a João da Mouca, que nos aconselhou - a mim, Chico Infante, Angelo e Botelho - no verão dos meus 18 anos, dois livros: O Drama de João Barois, de Roger Martin du Gard e Quarteto de Alexandria de Lawrence Durrel. Foi deste último que me lembrei ao tomar contacto com Naghib Mahfouz. Não sei se a Trilogia do Cairo está disponível na Biblioteca Municipal nem sei se a minha associação entre os dois escritores é legítima ou abusiva, mas que vou saber em breve não há dúvida. Obrigado ao Santiago Macias pela pista.
JCL
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