Assim como do fundo da música
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
.
Octavio Paz in "Liberdade sob Palavra"
Tradução de Luis Pignatelli
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
.
Octavio Paz in "Liberdade sob Palavra"
Tradução de Luis Pignatelli
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Este poema de Octavio Paz (1914-1998) não está longe da desolação vazia das ruas de Praga, no Verão de 1968. As palavras são simples, a imagem também. Praga acabara de ser invadida e Josef Koudelka (n. 1938) limitou-se a estender o braço e a registar a hora. Simples. E genial.
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