domingo, 4 de julho de 2010

SHIRIN

No meio de um fim-de-semana assim meio vazio valeu a pena ver Shirin. Rodado em 2008, por Abbas Kiarostami (n. 1940), é uma experiência formal única. Durante cerca de hora e meia vemos desfilar à nossa frente os rostos de 114 mulheres. É um filme de mulheres e só assim poderia ser. É pelas reacções das suas faces que lemos a trama que tem lugar no ecrã do cinema onde as mulheres se encontram. As emoções da história passam para o olhar e para a expressão das mulheres, que depois no-las transmitem. As mulheres são todas, novas e velhas, de uma beleza diferente e perturbante. A história que seguem, e nós com elas através dos sons, é uma história de amor trágico entre Shirin, princesa da Arménia, e Khosrow, um príncipe persa.
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Um fime baseado em close-ups não é inédito na obra de Kiarostami. Em Mashgh-e Shab, de 1989, ele próprio entrevistava crianças, sobre os trabalhos de casa que tinham de fazer para a escola. O tom de Kiarostami era formal, por vezes quase frio.
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Shirin não é um filme de fast-food. Shirin é uma peça de artesanato, delicada e elaboradamente esculpida. Quanto mais o tempo passa, mais a minha admiração por este cineasta iraniano aumenta.
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