quinta-feira, 14 de outubro de 2010

DOCLISBOA: IVENS E LETH E TODOS OS OUTROS

E hoje é o dia do início do DOCLISBOA. Uma grande programação e motivos mais que suficientes para uma peregrinação. Já por várias vezes confessei a minha paixão pelo cinema documental. Não sei onde estão as raízes, mas recordo-me de um programa da RTP intitulado Universidade na TV (1971? 1972?). Era aos domingos à tarde e passava imensos documentários sobre, entre outros temas, a vida em regiões remotas de África. Gostava de ficar sentado no chão da sala a ver , a preto e branco, aquelas coisas estranhas de um mundo que me era desconhecido. É por essas e por outras que uma velha amiga me diz "não é normal que uma criança faça essas coisas; não devias um miúdo normal". Claro que era, também gostava de trepar às amoreiras, de me apropriar de laranjas no melhor pomar de Moura - é melhor não dizer qual era... - e de atirar pedras a um gato pelo qual nutria um ódio muito particular. E de ficar a ver filmes como aqueles.
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Não sei se foi por causa desse programa televisivo, mas o registo do quotidiano ficou-me gravado. Muitas tardes da adolescência e dos tempos de adulto foram passadas em solitárias incursões na Cinemateca e na Gulbenkian por causa dos benditos documentários. Um, em especial, me ficou gravado: Spanish Earth (1937), do holandês Joris Ivens (1898-1989). Não só pelo empenhamento político, mas também pela coragem pessoal de um cineasta que se compromete de forma directa na acção. Não há visões neutras nem distantes dos problemas e Joris Ivens mostra-nos isso, com aquele empenhamento e com aquela tenacidade tão típicas dos holandeses. Verei, no DOCLISBOA, dois filmes de Ivens. E irei à descoberta de Jørgen Leth (n. 1937), um dinamarquês que estará no centro das atenções, até pelo facto de orientar uma masterclass no próximo dia 18. Os filmes a ver estão escolhidos. Interessam-se os ambientes não europeus. Aqui fica, em jeito de introdução, o começo de um documentário de Joris Ivens, ... À Valparaiso, de 1963:
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Ver
http://www.doclisboa.org/ (os bilhetes custam 3,5 euros)
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http://www.ivens.nl/

1 comentário:

Anónimo disse...

Fiquei muito contente quando soube hoje, que a honra de abertura da edição deste ano coube ao meu colega e amigo Miguel Gonçalves Mendes, com o seu José&Pilar.

A meu ver perdeu-se um bom arqueólogo, mas ficámos a ganhar um excelente realizador!

José Gonçalo Valente