quinta-feira, 23 de junho de 2011

BIBLIOTECA DE MOURA (24.6.1991) / BIBLIOTECA DE MÉRTOLA (24.6.2011)

Fui, entre setembro de 1986 e junho de 1992, funcionário da Câmara de Moura. Ninguém se banha duas vezes na água do mesmo rio e ninguém pode fazer duas vezes o mesmo percurso. Ao transferir-me para Mértola sabia que jamais voltaria ao quadro da autarquia da minha terra natal. Sem hesitações ou arrependimentos.

Desse percurso, curto e intenso, tenho boas e más recordações. A melhor de todas foi, sem dúvida, o processo de renovação da Biblioteca Municipal.

No dia em que assumi a chefia da divisão cultural da Câmara de Moura (25.9.1986) já tinha preparada uma ideia do que poderia ser a remodelação da Biblioteca Municipal. Passei dias a fio, nesses tempos bárbaros sem net nem telemóveis, até localizar a Dra. Maria José Moura, coordenadora do grupo de trabalho e então bibliotecária da reitoria da Universidade de Lisboa. Falar com ela foi o primeiro passo. Nos meses seguintes o programa de intervenção foi-se aprofundando, com a participação renitente do sr. João da Mouca, que preferia um programa mais discreto, e alicerçado no projeto de arquitetura de Maria Teresa Ribeiro. A nossa candidatura seria entregue em maio de 1987. Soubémos, algum tempo depois, que Moura integrava o primeiro grupo de sete municípios que, a sul, iria ter apoio. O contrato seria depois assinado e as obras iniciadas já em 1989.

A entrada em funções de um novo executivo camarário, no final desse ano, implicou mudanças substanciais de orientação na área da cultura. 1990 foi difícil e atribulado. À medida que o tempo avançava dei-me conta que a autarquia não se revia no projeto nem estava minimamente interessada no desenvolvimento das suas fases seguintes. A inauguração, ocorrida em 24 de Junho de 1991, foi o momento final da minha participação, nessa altura já só indireta, nesta história.



Vinte anos se passaram. A Biblioteca Municipal de Moura seguiu o seu percurso, cresceu e afirmou-se, com uma série de projetos de qualidade. O futuro está, agora, noutro edifício e em mais expetativas.

Percurso diferente teve a Biblioteca de Mértola. Inugurada no dia 24 de junho de 1992, teve depois um projeto de ampliação que conheceu um percurso conturbadíssimo. Vencidas algumas arqueológicas faltas de pragmatismo esta obra camarária está, finalmente, concluída. O edifício da antiga cadeia tem agora mais espaço, novo mobiliário e um estilo colorido. Não tenho dúvidas que o público, em especial o mais jovem, vai aderir.

O dia de amanhã será de festa para a cultura, na vila de Mértola. Razões suplementares para celebração terá a equipa residente da Biblioteca Municipal. São quatro: a Isabel, a Fernanda, o Marcos e a Manuela. Poucos mas bons.

4 comentários:

Fernando Pinto disse...

"A entrada em funções de um novo executivo camarário, no final desse ano, implicou mudanças substanciais de orientação na área da cultura. 1990 foi difícil e atribulado. À medida que o tempo avançava dei-me conta que a autarquia não se revia no projeto nem estava minimamente interessada no desenvolvimento das suas fases seguintes."
Pois è. È frustrante quando nos damos conta que as autarquias não se revêm nos projectos que achamos ...
Pelo contrario, tens-te satisfeito QB. Só espero que um dia, a minha autarquia se vire para a água.
Um abraço

Santiago Macias disse...

Meu caro Fernando
O teu comentário é pitoresco (não encontro melhor palavra).

"Pelo contrario, tens-te satisfeito QB." A frase é dúbia e deixa insinuações no ar. Nada a que não esteja habituado. Da tua parte é novidade.

Só espero que um dia te vires para projetos realistas. Cá estaremos para os apoiar.

Fernando Pinto disse...

"Só espero que um dia te vires para projetos realistas. Cá estaremos para os apoiar."

Será que um projecto em que desenvolva o cais do fragal (Barca) com um pequeno angar,e pouco mais em prol do desenvolvimento da canoagem, è um projecto irrealista?

Será que o investimento nos desportos náuticos por uma Autarquia num local que tem uma barragem como a de alqueva, são investimentos irrealistas?

Sem qualquer tipo de ofença, será que o pitoresco não és tu com a tua maneira de vestir??? (não tenho nada com isso)!

Não, a frase "tens-te satisfeito QB" não é dúbia e não deixa insinuações no ar pois todos sabemos que em Moura, tudo se passa em redor de Museus e afins.

Como democrata, tens que aprender a respeitar a opinião de outros.
O que para ti è importante, pode não ser para outros e assim não dizeres "nanhas" como "Só espero que um dia te vires para projetos realistas" (os teus).

A continuar assim, cá estarei para me opor.

Santiago Macias disse...

Publicado para "memória futura".