Uma das frases mais extraordinárias que li na imprensa nas últimas semanas estava numa reportagem sobre a vida dos nossos financeiros no estrangeiro. Um deles, Luís de Sousa Coutinho, afirmava, displicentemente, que "os bancos não são monstros". Não tenho o contacto do senhor e não lhe pude escrever. Tê-lo-ia feito para lhe contar duas ou três coisas interessantes. Como, por exemplo:
1. O número de vezes em que recebi telefonemas a oferecerem-me cartões de crédito, que não queria e que recusei;
2. As facilidades e a barateza que o uso dos ditos cartões implicavam;
3. O número de cartas que recebi, de diversos bancos, a oferecerem-me crédito para trocar de carro, para fazer obras em casa, para ir de férias para as Caraíbas etc.;
4. O número de vezes que fui assediado, em centros comerciais ou à saída de super-mercados para me enterrar um pouco mais em dívidas.
Monstruosas ou não, recusei todas as ofertas. Quando precisei de empréstimos pedi-os.
O crédito é necessário e quase todos recorremos a ele. Mas o dinheiro tem um preço. Não dar às pessoas o essencial da informação e convencê-las que as suas opções por mais um crédito e outro e outro não tem consequências é uma atitude de ganância. E, afinal, uma atitude monstruosa. As consequências estão à vista.
Money
Quarterly, is it, money reproaches me:
‘Why do you let me lie here wastefully?
I am all you never had of goods and sex.
You could get them still by writing a few cheques.’
So I look at others, what they do with theirs:
They certainly don’t keep it upstairs.
By now they’ve a second house and car and wife:
Clearly money has something to do with life
—In fact, they’ve a lot in common, if you enquire:
You can’t put off being young until you retire,
And however you bank your screw, the money you save
Won’t in the end buy you more than a shave.
I listen to money singing. It’s like looking down
From long french windows at a provincial town,
The slums, the canal, the churches ornate and mad
In the evening sun. It is intensely sad.
2 comentários:
E eu que pensei que estas coisas só aconteciam aqui!
Não são, claro. Nem o BPN comeu os três milhões e meio aos padres de Fátima - coitada da Igreja, também não é monstro nenhum a comer aos fieis - e agora paga o Estado à Igreja o dinheirinho desaparecido. Parece-me que quem o regurgita, através do Estado, sem o ter comido, somos nós.
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