A jornada transmontana e duriense tem mais a ver com azeite que com vinho, mas a fotografia de Emílio Biel é sugestiva da beleza do território por onde passámos. Há contactos e intercâmbios a fazer e aproximações entre esta região e o Alentejo que é preciso concretizar.
A intemporalidade dos sítios passa pela paisagem e pela poesia de A.M. Pires Cabral (n. 1941).
VINHA MORTA
Aqui foi uma vinha.
Comi das suas uvas e bebi
do vinho que essas uvas deram
e temperei saladas
com o vinagre em que esse vinho
se tornou.
do vinho que essas uvas deram
e temperei saladas
com o vinagre em que esse vinho
se tornou.
Por isso – ainda que hoje as cepas tortuosas,
privadas de todo o verde,
que esbracejam como tendo naufragado
no pérfido mar ocre pálido
do voraz capim do Outono,
lembrem mais que nunca ossadas negras
que o tempo profanou e retorceu –
privadas de todo o verde,
que esbracejam como tendo naufragado
no pérfido mar ocre pálido
do voraz capim do Outono,
lembrem mais que nunca ossadas negras
que o tempo profanou e retorceu –
de algum modo
a vinha está morta e não está:
perdura viva em mim.
a vinha está morta e não está:
perdura viva em mim.
Isto, bem entendido, enquanto eu próprio
for algo em que algo possa perdurar.
for algo em que algo possa perdurar.
Depois disso, perdurará naquilo
em que eu mesmo perdure.
em que eu mesmo perdure.
2 comentários:
Gosto especialmente destes versos:
"Isto, bem entendido, enquanto eu próprio
for algo em que algo possa perdurar."
Por falar em paisagens, hoje (10/01), estava na praia, e pensei no quanto contrastam e são igualmente belas as nossas paisagens.Me lembrei de uma foto da sua cidade de madrugada, frio e com muita neblina.Hoje de madrugada, azul, calor, céu claro ,água morna, mar calmo.Nosso planeta é muito bonito.Precisamos só aprender mais sobre o Amor e a cuidarmos melhor uns dos outros.
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