Uma coisa que me diverte é o absoluto fascínio que tudo o que diz respeito a França exerce sobre os norte-americanos. Refiro-me às pessoas com um mínimo de informação, a maioria das outras nem sabe onde a França fica.
Há uns anos, os colegas americanos que me tinham convidado a participar num congresso resolveram obsequiar-nos (ao Carlos Fabião e a mim) num dispendiosíssimo restaurante panorâmico de Dallas. O sítio era bonito mas a cozinha nada tinha de extraordinário. O jantar foi muito simpático, mas o que mais me impressionou foi a cara do John, que dizia, em tom de êxtase, "it's a french chef, you know...".
Vem isto a propósito de um episódio que me foi relatado, em tempos, pela minha amiga Fátima. Ao folhear a revista de bordo de uma companhia americana num voo para Nova Iorque deu com uma reportagem sobre um badaladíssimo restaurante de Manhattan. Especialidade: french cuisine. French cuisine?, estranhou a Fátima, quando começou a ler a ementa. Eram pratos portugueses com nomes traduzidos para francês. O cozinheiro era um português que, tendo percebido a importância do marketing, resolveu dois problemas de uma assentada. Recordo dela me ter falado num prato que estava a causar sensação: petits pieds de cochon à la coriandre. Pezinhos de coentrada? Isso mesmo. Digam lá que em francês não soa melhor.
7 comentários:
Triste é essa supervalorização do estrangeiro. Gosto mesmo é de ouvir, falar e ler em Português. Por falar nisso, eu achei na internete um texto seu,"Islamização no território de Beja — reflexões para um debate". Que leitura delliciosa!
Um Historiador (de) Arabe, que tem amigas chamadas Fatima, que faz conferências em Dallas* e que escreve sobre Pézinhos de Coentrada !?.....It's amazing !!!
As conferências em Dallas devem ser por causa do petróleo, nao ?
Umm !!!.. Dallas-Petroléo/Petroléo-Arabes...Ok esta tudo ligado : )))
PS Ka p'ra mim o azeite devia ser BIO e de Kaala Kbira :)))
Sempre se achou chique escrever os pratos em francês. Mais ainda agora, que o francês está semi-morto.
Não sou historiador de árabe...
A ida a Dallas não teve a ver com petróleo, embora me tenham tratado principiescamente.
"Islamização no território de Beja — reflexões para um debate" é um pequeno excerto da minha tese.
Eu sei. Gosto da forma como você escreve: claro, preciso e acessível.A propósito, estou lendo as crônicas do avenida.Maravilha!
... genial e criativo o comentário de babao ...
LT
Obrigado. As crónicas são publicadas, no dia 1 de cada mês, no quinzenário local "A Planície".
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