Olympia, de Manet, é uma das obras mais glosadas da pintura moderna. O próprio Manet fora buscar inspiração, como se sabe, a duas Vénus: a Adormecida, de Giorgione, e de Urbino, de Ticiano.
O sítio onde esta Olympia jamaicana se reclina não é exatamente um sofá. Mas é um ponto de partida para um septeto de pinturas e fotografias sobre o tema do sofá, local onde, segundo um amigo meu, estacionam funcionários públicos/agitadores de sofá, aguardando o fim do mês. Posso, contudo, garantir que não há sofás assim nas repartições do Estado. Pelo menos que eu tenha visto.
Ora aqui vai:
O fogo que na branda cera ardia,
Vendo o rosto gentil que eu na alma vejo,
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dous ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve
A apagar seus ardores e tormentos
Na vista de que o mundo tremer deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela neve
Que queima corações e pensamentos.
Vendo o rosto gentil que eu na alma vejo,
Se acendeu de outro fogo do desejo,
Por alcançar a luz que vence o dia.
Como de dous ardores se incendia,
Da grande impaciência fez despejo,
E, remetendo com furor sobejo,
Vos foi beijar na parte onde se via.
Ditosa aquela flama, que se atreve
A apagar seus ardores e tormentos
Na vista de que o mundo tremer deve!
Namoram-se, Senhora, os Elementos
De vós, e queima o fogo aquela neve
Que queima corações e pensamentos.
Luís de Camões, claro. A fotografia é de Jan Banning, que já por aqui passou várias vezes.
2 comentários:
Esse 1/7 me fez lembrar de 1/10. Estamos em 4/10 aguardando o n°05.
O blogue tem uma programação feita que, excetuando os acontecimentos políticos, é feita com dois meses de antecedência.
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