Fomos, há horas, surpreendidos pela notícia da morte de José Mariano Gago. O dirigente socialista Jorge Coelho definiu-o, justamente, como "um homem superior".
A sua passagem pelo Ministério da Ciência não foi consensual? Não foi. Estou, enquanto investigador, de acordo com as suas opções? Sim, mas nem sempre. José Mariano Gago era um visionário e tinha perspetivas de longo prazo? Sem dúvida. Disse-o em 2010, em 2012 e em 2014. Numa das idas do Prof. Mariano Gago a Mértola ouvi-o dizer, numa reunião com a nossa equipa, uma coisa extraordinária: "Sabem como é que recrutam professores para uma das melhores universidades americanas? Pedem três livros escritos por cada um dos candidatos e é com base nisso que fazem a seleção". Ou seja, nem peer reviews, nem dados coisométricos, nem citações, apenas a leitura e a análise de textos. Nesse descontraído almoço, José Mariano Gago parecia, de novo, o jovem extremista de outrora. Enquanto foi ministro, raramente apareceu nos media. Limitou-se a trabalhar e a construir uma realidade muitíssimo melhor do que aquela que herdou. São estas palavras de circunstância? Não são. Leiam-se os textos do meu blogue que acima citei. Portugal deve muito a este homem? Não deve muito, deve muitíssimo. Os detratores que façam, ou tentem fazer, melhor que ele.
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