terça-feira, 14 de abril de 2015

QUANDO DUARTE DARMAS PASSOU POR MOURA: 6/10 - TORRE TRECENTISTA

Nesta perspetiva do desenho de Duarte Darmas é possível puxar por um detalhe, no torreão virado a noroeste. O autor viu ali uma peça invulgar, à qual deu destaque. Como fazer a sua datação?

1) O início das obras ("refazimento do alcácer") é decidido por volta de 1320;
2) Quando Duarte Darmas passa por Moura, em 1510, a torre está terminada.

Dois séculos é um lapso enorme, em arqueologia medieval. Pedi ajudas várias. Segundo um especialista (cf. infra), o brasão poderá ser um pouco posterior a meados do século XIV. Há ainda aspetos  de organização planimétrica que aproximam a torre de Moura da de Beja, de finais do mesmo século. 

Segundo o meu colega Miguel Metelo de Seixas:
"A pedra em questão é, de facto, interessante. A sua datação em meados do século XIV bate certo com o que se conhece de outras manifestações heráldicas coevas, quer em relação ao formato do escudo, quer à figuração das quinas e dos castelos. (...) O número e a disposição dos castelos são invulgares para exemplares líticos, porém comuns quando comparados com a numária, e talvez por aí se consiga aventar uma datação mais precisa, ainda que baseada apenas em termos estilísticos (o que é sempre limitativo). O enquadramento das armas naquela moldura rectangular também me parece típica do mesmo período."

Parece, portanto, plausível que as obras tenham sido iniciadas antes de meados do século XIV e se tenham prolongado por algumas décadas. Admitir uma cronologia fernandina para o seu término não me parece disparatado. Tal como também não se pode excluir a possibilidade de uma obra concretizada em várias fases. Mas sempre segundo um mesmo plano, conforme o prova a coerência de talhe dos silhares.




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