À boleia do blogue de Francisco Seixas da Costa, que hoje reproduz algumas das frases mais célebres de um antigo Presidente da República. Figura decorativa do regime fascista, a dinâmica de Américo Tomás cingia-se às alterações de grafia do seu próprio nome, mistério nunca esclarecido: umas vezes era Thomaz, outras Tomaz, noutras ainda fica-se por um mais popular Tomás.
Os arquivos da RDP conservam a gravação de uma das suas intervenções públicas. O nível é evidente, e ser Chefe do Estado a mais não obrigava... Aqui a reproduzo, porque todos nós precisamos de uns momentos de descontração.
“O senhor almirante Sarmento Rodrigues quis que eu dissesse algumas palavras. Ei-las. Tenho quase todos os livros que ele escreveu, todos eles com amigas dedicatórias, também um pequeno folheto que ele publicou sobre o canário encarnado porque ele preocupou-se imenso em conseguir um canário que não fosse da cor habitual e de vez em quando lamentava-se de não conseguir obter aquele canário que ele tanto desejaria possuir. E agora mais um simples episódio para juntar àqueles que eu ouvi aqui citar. Ele era muito meu amigo. E uma vez resolveu dar, dar-me dois periquitos, os melhores periquitos que tinha na sua colecção. Cheguei a casa com eles muito contente, mas em casa não receberam bem os periquitos. Resultado: tive de dar que os dar. Um deles sei a quem o dei. Tá aqui presente a pessoa: o almirante Noronha Andrade. Mas não lhe disse nada que me tinha desfeito dos canários (uma voz: dos periquitos), dos periquitos digo. E mais tarde, uns anos depois ele diz-me assim: então o senhor deu os melhores periquitos que eu tinha e que eu lhe tinha dado com tanto gosto? É verdade, dei porque não os podia ter em casa, mas não lhe disse nada para não o desgostar. Afinal de contas houve alguém que deu com a língua nos dentes e você ficou zangado comigo. Zangado não fiquei porque sou muito seu amigo.”
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