segunda-feira, 31 de agosto de 2015

SPOLIA - DE JOSÉ PEDRO CROFT A PAROS E A PALMYRA

Agora que choramos a destruição na Síria, agora que a Grécia é sujeita a um permanente vexame, agora que Palmyra está nas mãos dos bárbaros, olhemos de novo o Oriente, fonte inesgotável da vida da nossa civilização.

Ao ver no facebook uma fotografia tirada em Paros por um velho colega e amigo dos tempos de faculdade, lembrei-me de uma das torres do templo de Bel, em Palmyra, onde as colunas romana forma recicladas como material de construção numa improvisada fortificação medieval. Como estas coisas não podem ser simples, dá-se-lhes o nome técnico de spolia...

A torre em Paros é quase um mikado, como as belas esculturas de José Pedro Croft (n. 1957). Parte da sua obra faz-se em torno do diálogo com a arquitetura e com modelos clássicos.

De uma entrevista ao escultor:
Uma parte da sua escultura é muito es­trutural, estabelecendo conexões com a arquitetura. Porque é que isso acontece?
É uma pergunta muito complexa. Tem a ver com o meu processo de trabalho, com a sua complexificação. Comecei o meu trabalho em mármore com uma modela­ção dos blocos, retirando o que estava a mais e trabalhando as questões de escala e proporção. Todas as relações estavam fechadas dentro daquele objeto. A pouco e pouco comecei a fazer sobreposições e colagens de blocos de mármore, ligações e justaposições, e o trabalho foi-se espa­cializando até que a arquitetura deixou só de ser um contentor e passou a ser im­portante nas relações espaciais. É como se pudéssemos complexificar as relações espaciais como na escultura urbana, em que ela não só tem que existir enquanto objeto mas tem que se relacionar com os prédios, com as árvores e toda a envol­vente. Procurei trazer essas questões da escultura urbana para dentro da sala de exposições.

Ver:
http://www.agendalx.pt/artigo/entrevista-jose-pedro-croft#.VeMOj-kTFIE
http://www.gfilomenasoares.com//pt/artists/view/jose-pedro-croft/




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