segunda-feira, 2 de outubro de 2017

VIRAR DE PÁGINA

Tinha prometido ao José Manuel Albardeiro que a crónica não teria qualquer ligação com as eleições autárquicas do passado domingo. Achei depois que seria melhor deixar em letra de forma algumas coisas que me ocorrem, nesta segunda-feira de mudanças.

Virar de página num percurso político, a título pessoal. Depois de 24 anos ligado à vida autárquica mourense decidi, há meses, que este caminho estava terminado. Quatro anos na presidência da câmara, mais quatro na da assembleia, mais oito anos de vereação e ainda outros oito nas bancadas da assembleia municipal. É tempo mais que suficiente, em que muita coisa familiar ficou para trás. Arrependimento? Nenhum, do ponto de vista profissional. Foi uma perda de tempo? Nem por sombras, tendo em conta a oportunidade que tive de colaborar em tantos projetos que reputo de importantes. A leitura e a avaliação deste tempo  que passou far-se-á mais tarde, com calma e ponderação. Tenho a ligeira sensação que as palavras “arqueologia” e “museus” ainda me farão rir. Muito.

Virar de página na vida profissional. O projeto de escavações no Castelo de Moura continuará (ou não…). Ora deixa ver, Santiago Augusto, que tens pela frente? Uma exposição sobre os “cristos” de um pintor do século XX, a montar na Sé de Lisboa. Intenção formulada e várias vezes adiada, vai ser desta. Vai mesmo. Segue-se outra exposição, desta feita com fotografias da minha autoria, com curadoria de Jorge Calado. Sem data nem sítio definidos. As velhas Leica (a adorada M6 e a R7) voltam às lides. E há livros. Um sobre a Mouraria de Moura, outro sobre estes 24 anos de experiência na política local. Um para meados de 2018, outro lá mais para a frente. O regresso à docência está previsto. Um ensaio sobre cemitérios islâmicos será retomado. E outros trabalhos de investigação? Sim, decididamente. Tenho prazer em pensar nisso. O futuro profissional andará pela margem esquerda do Guadiana, mas não em Moura, obviamente. E há toda a família, que me espera, ao fim destes anos, de porrete na mão. Nada que eu não mereça. E os amigos. Alguns. Os autênticos.

Construí uma nova memória do sítio. Fiz novos conhecimentos, muitos dos quais agora se desvanecerão. Participei na construção do concelho. Tive, e tenho, profundo orgulho e enorme prazer nisso. Ficarei atento ao futuro. Nada mais que isso.


Vai ser isto. Vai ser assim.

Texto publicado na edição de 1.10.2017 de "A Planície"
Tela no naturalista Marques de Oliveira (Praia de banhos, Póvoa de Varzim),
hoje no M.N.A.C.
Não tem nada a ver com o texto. Gosto de pinturas naturalistas, só isso.

2 comentários:

jose campos disse...

Obrigado Santiago Macias Pela Excelência De Pessoa Que Demonstrou Ser. A Democracia Vai Ficar Mais Pobre Com A Sua Ausênsia. Um Bem Haja E Que A Vida Lhe Sorria Sempre ...

Lopes Guerreiro disse...

Será mais um recomeço... Bom trabalho! Abraço.