Enredado nos cinco-dias-cinco de borga da Festa de Moura nem abri os jornais. Só agora, ao chegar a Mértola, comecei a folhear a leitura por ler. Vai daí fui cair neste anúncio (página 9 do Público de sábado). Que me deixou estarrecido, embora não muito surpreendido.
Deu-me vontade de mandar um mail a responder: sim, sou do tempo das licenciaturas pré-Bolonha. 4 anos de licenciatura, mais 4 de mestrado. Estes últimos, na Universidade Nova de Lisboa, foram decisivos para o resto da vida. Os seminários, com professores como José Mattoso, Iria Gonçalves, Luís Krus ou Oliveira Marques eram tudo menos um passeio. Um trabalho escrito por seminário, a desenvolver ao longo de um ano de investigação.
Isso acabou e mestrados assim fazem parte do passado. A formação é cada vez mais pico-pico-sarapico, tocando muito coisa e não aprofundando nada. Já aqui o disse em tempos, mesmo arriscando a ser classificado como um troglodita de viseira.
O anúncio da Lusófona é uma clara visão do mundo universitário. Não resisto a transcrever o artº. 3 de um dos regulamentos:
Os diplomados que tenham terminado as suas licenciaturas ao abrigo do sistema de graus anterior ao "Processo de Bolonha" e que tenham mais de 5 anos de experiência profissional relevante, poderão obter o grau de Mestre, na especialidade [uf!, suspiro eu], solicitando para esse efeito a creditação da formação adquirida na licenciatura, num mínimo de 80 ECTS, relativos à parte curricular do 2º ciclo (mestrado), e apresentando, em alternativa à dissertação, um relatório detalhado sobre a sua actividade profissional que será objecto de prova pública e que incluirá a discussão das experiências e competências adquiridas em contexto profissional.
Gosto, em particular, da "alternativa à dissertação" e da "discussão das experiências". Ou seja, abriram os saldos no mundo dos mestrados. O descaramento é total. E quem disser o contrário, como o autor deste blogue, não passa de um troglodita de viseira.
A quem possa interessar:
http://acesso.grupolusofona.pt/index.php/component/content/article/78/610-regulamento-pre-bolonha
Deu-me vontade de mandar um mail a responder: sim, sou do tempo das licenciaturas pré-Bolonha. 4 anos de licenciatura, mais 4 de mestrado. Estes últimos, na Universidade Nova de Lisboa, foram decisivos para o resto da vida. Os seminários, com professores como José Mattoso, Iria Gonçalves, Luís Krus ou Oliveira Marques eram tudo menos um passeio. Um trabalho escrito por seminário, a desenvolver ao longo de um ano de investigação.
Isso acabou e mestrados assim fazem parte do passado. A formação é cada vez mais pico-pico-sarapico, tocando muito coisa e não aprofundando nada. Já aqui o disse em tempos, mesmo arriscando a ser classificado como um troglodita de viseira.
O anúncio da Lusófona é uma clara visão do mundo universitário. Não resisto a transcrever o artº. 3 de um dos regulamentos:
Os diplomados que tenham terminado as suas licenciaturas ao abrigo do sistema de graus anterior ao "Processo de Bolonha" e que tenham mais de 5 anos de experiência profissional relevante, poderão obter o grau de Mestre, na especialidade [uf!, suspiro eu], solicitando para esse efeito a creditação da formação adquirida na licenciatura, num mínimo de 80 ECTS, relativos à parte curricular do 2º ciclo (mestrado), e apresentando, em alternativa à dissertação, um relatório detalhado sobre a sua actividade profissional que será objecto de prova pública e que incluirá a discussão das experiências e competências adquiridas em contexto profissional.
Gosto, em particular, da "alternativa à dissertação" e da "discussão das experiências". Ou seja, abriram os saldos no mundo dos mestrados. O descaramento é total. E quem disser o contrário, como o autor deste blogue, não passa de um troglodita de viseira.
A quem possa interessar:
http://acesso.grupolusofona.pt/index.php/component/content/article/78/610-regulamento-pre-bolonha
1 comentário:
Decerto a armadura e o pano de fundo brasonado são indicativos do crédito em questão - que é, enfim, o do maço Bolonh€s. Há um par de anos (well, há já uma meia dúzia) só meia dúzia de "radicais" (1 em 1000) apontava o petardo declarado de Bolonha como o fim do esboço de escola pública de qualidade então em, queria-se crer, em curso. Então, tempos de recolecções policiais em solo académico, quão elucidativos quão vencidos (Coimbra, 2 mis) pela "festa". Um pouco por todo o lado, a alteração das regras (e ai de quem viu o tapete mudar de textura a meio do jogo) deu azo a surreais aritméticas curriculares e mesquinhos truques semânticos no alinhamento de departamentos e cadeiras. Com o engodo da mobilidade e do standard internacional, o nivelamento por baixo e o preço por cima. Com o estilhaçar dos mestrados, integrados em licenciaturas, o licenciado em modo pré-BullBolonha que não abicou desde logo um doutoramento vê-se atirado pela nova ordem europeia (Área Europeia de Ensino Superior) para um amestramento novo, caro mas não raro inconsequente.
(...)
P.S. - Still, aren't we supposed to prove otherwise?
P. S. 1 - More on this (& that!) numa 'dissertação' perto de si?!
AbraÇalam
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