segunda-feira, 4 de julho de 2011

CAMPO MAIOR: tic TAC toe

27 ou 28 anos se passaram. Não voltara a ver aquela colega dos tempos de liceu. Tinham-me dito que estava para os lados de Campo Maior. Acabei por revê-la, quase por acaso, numa curva da estrada. Em 3 ou 4 minutos não se revêem 27 ou 28 anos. Estas conversas começam pela inevitável e piedosa mentira "estás na mesma", claro que não estamos, estou velho e barrigudo e cheio de cabelos brancos. Continuamos a achar normal gostar dos Uriah Heep (que, segundo parece, ó meu Deus, ainda existem...) e isso é normal, mas damos um espetáculo estranho quando abanamos a cabeça nos concertos, convencidos que ainda temos 17 anos. Os 3 ou 4 minutos na curva da estrada foram uma compressão do tempo, tens filhos? e tu? ainda estás por Moura? ainda vais a Odemira? um interrogatório cerrado com mais perguntas que respostas. Estas passagens rápidas pelo passado acontecem, cada vez com mais frequência, cada vez com mais perguntas e cada vez com menos respostas, à medida que o tempo corre.

Un virage sur la route (1900/1906) - Paul Cézanne

2 comentários:

Anónimo disse...

Os anos que passaram,as verdades imutáveis,a realidade de cada um, outros lugares comuns,o que ficou por dizer e não passou do olhar, nada vence aqueles minutos, sob o sol azul como a lua de Pessoa.
Todas as respostas dadas, afinal "só me conhece quem me sentiu as mãos".

Adorei o Cézane.

Tua incondicional luz

Anónimo disse...

'A Lua (dizem os ingleses)
É azul de quando em quando.'
F.Pessoa

True. Once in a blue moon comes a person like Z

Heaven could have waited ...

Kisses. iz