terça-feira, 25 de novembro de 2014

A TEMPO

Deitando contas ao tempo, num dia em que ele não abundou. E em que as horas correram, sem tino nem lógica. Um dia atonal. Que vou reescrever, numa noite que será longa.

A tempo entrei no tempo,
Sem tempo dele sairei:
Homem moderno,
Antigo serei.
Evito o inferno
Contra tempo, eterno
À paz que visei.
Com mais tempo
Terei tempo:
No fim dos tempos serei
Como quem se salva a tempo.
E, entretanto, durei.



Fotografia de Cristina García Rodero. Poema de Vitorino Nemésio. O tempo já passou de vez, decerto, para os retratados. A fotografia data de 1978, justamente o ano em que Nemésio partiu.

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