sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

PIET MONDRIAN

Piet Mondrian (1872-1944) nasceu no seio de uma família calvinista. O pai desaprovava claramente as tentações artísticas do jovem Pieter. Este só muito lentamente abraçou a carreira artística.
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Participou em diversos movimentos artísticos de vanguarda, em especial na década de 20, destacando-se na sua obra o geometrismo das composições e o uso insistente das cores primárias. Mondrian tornou-se uma figura de primeira linha das artes plásticas da primeira metade do século XX. Dir-se-ia, contudo, que a austeridade do calvinismo nunca foi inteiramente esquecida, pelo menos se tivermos em conta o rigor e o formalismo das suas telas. Imagens para serem vistas em dias de luz perfeita e exacta.
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Composição com Amarelo, Azul e Vermelho (1937-42), Tate Gallery, Londres
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Em Dias de Luz Perfeita e Exacta
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Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as cousas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Por que sequer atribuo eu
Beleza às cousas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer cousa que não existe
Que eu dou às cousas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então por que digo eu das cousas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as cousas,
Perante as cousas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ver senão o visível!
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Alberto Caeiro in "O Guardador de Rebanhos" (poema XXVI)

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei, particularmente, deste post e da articulação entre a obra de Mondrian e do poema de Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos. Não fosse este último “o tal” que me desarma quando insisto em pensar muito sobre as “cousas”… que são sempre, afinal, aquilo que são.
Deixo mais um, do mesmo que guardava pensamentos como quem guarda rebanhos. Não vale a pena tentar explicar a beleza que encontro nisto, porque como o próprio refere, a beleza está em todas as coisas que nos agradam. E é assim mesmo…

“Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De, que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...


BB