quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

AS UNIVERSIDADES NO SEU LABIRINTO


Segundo um estudo, citado na imprensa de hoje, Portugal, devia, ao nível do ensino superior, ter produzido três vezes mais com o mesmo dinheiro.
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Não vejo bem como, quando:
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As universidades têm corpos docentes cada vez mais reduzidos e (falsamente) pluridisciplinares;
É recorrente a contratação a docentes externos, que asseguram uma disciplina ou um seminário, mas que não têm qualquer ligação efectiva à Universidade;
As bibliotecas são, com frequência, insuficientes;
Os alunos chegam impreparadíssimos de um secundário cada vez mais facilitista;
As estruturas curriculares existentes não permitem, pura e simplesmente, um trabalho de continuidade;
A autononomia se converteu num hara-kiri para muitos estabelecimentos;
Estamos a meio caminho, ao nível do financiamento, entre uma tradição estatal, em vias de falência, e um modelo anglo-saxónico sem tradição culturral entre nós.
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Admito, até porque ainda não tive oportunidade de consultar o estudo, que haja muitas falhas de gestão. Tendo, contudo, feito o doutoramento numa universidade francesa (onde as condições de trabalho são de outra galáxia - e eles queixam-se...) pergunto-me, ao nível das Ciências Sociais e Humanas, que parâmetros terão sido utilizados. Com a sobrecarga de tarefas a que alguns docentes são obrigados considero um milagre dos céus que haja, ainda assim, tanta produção científica nos últimos anos. Já agora, descontem-se também aqueles que parasitam lugares e cuja contribuição é, do ponto de vista científico, menos que irrelevante.
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Aconselho a leitura de um artigo publicado na revista "Ocidente" em 1970: A situação da Faculdade de Letras de Lisboa : alguns aspectos, da autoria de António Oliveira Marques, António José Saraiva e Vitorino Magalhães Godinho. Compare-se com a situação dos dias de hoje. Tenha-se, sobretudo, em conta que omeletes sem ovos é coisa difícil de fazer...

3 comentários:

Alexandre disse...

e os cursos bolonheses, que são os cursos de outrora, com os mesmos docentes e as mesmas sebentas e os mesmos discursos ex-cathedra, mas que passam por coisa fina e moderna (e, claro, compactados para caber em três anos o que cabia antes em 4 ou 5)?

Santiago Macias disse...

Nem mais!

Maria Gustava Prazeres e Morais disse...

Isto é uma péssima notícia.
Significa que as políticas a adoptar serão para irem ao encontro dos valores que permitem "mudar" esta notícia.
Já vivemos esse exemplo no secundário, onde os números das estatísticas são soberanos e vamos pagá-lo muito caro.
Só há uma coisa que eu não entendo.
Quem define os parâmetros para estas estatísticas?
De todos os exemplos que conheço, de erasmus ou cursos tirados no exterior, a opinião é que são muito mais fáceis do que cá.
O problema só pode ser do método de "avaliação" das prestações do ensino, não vejo outra alternativa.