A meio de uma visita ao Museu de Évora, resolve o seu director, Joaquim Caetano, parar e declamar um excerto de um poema de Diogo Bernardes (1520-1605):
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As estátuas do tempo são gastadas;
Também o foram já suas memórias,
Se não foram das Musas conservadas !
Mas não te cantariam mil vitórias
Dos nossos valorosos Lusitanos,
Porque eles mais não são de obras que de histórias.
Os celebrados Gregos, os Troianos,
Os famosos Romãos conquistadores
Não foram mais nas armas soberanos;
Mas se no mundo têm mores louvores,
A causa disso foi porque souberem
Granjear os prudentes escritores.
As honras e mercês que receberam
Opiano e Vergílio foram penas
Com que tão altas cousas escreveram.
Porque menos Coimbra que Atenas,
Porque mais fará Roma que Lisboa
Cantar ao som das armas as Camenas?
De engenhos a quem Febo encordoa
A doce e branda lira, com mão própria,
A quem de verde louro dá a coroa,
Quando entre nós houve maior cópia?
E porém de Mecenas tantos temos
Como de brancos tem a Etiópia...
...
É da Carta a Rui Gomes da Gram, depois de partido para a Índia, publicado nas "Flores do Lima".
. O Joaquim explicou depois que o desalento tinha a ver com a montagem da exposição fotográfica de António Carrapato. O dinheiro faltara e a fase final foi rodeada das peripécias que são habituais em circunstâncias que tais... Rimo-nos os dois parvamente. Hábito que conservamos desde há muito quando as coisas dão para o torto. Sobretudo quando constatamos que a falta de interesse pelas Artes não é fruto de governantes licenciados em sítios manhosos. É um problema estrutural da Pátria. Pois se já no século XVI assim era...
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No meio das desgraças, não deixem de ver os Nós, título da exposição de António Carrapato, um fotógrafo talentoso e de um enorme sentido de humor (fotográfico e pessoal). E as ilustrações de livros infantis, que dão outras tonalidades à exposição permanente.
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Mais informações na página web do Museu de Évora:
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