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Fui hoje chamado à secção de pessoal da Câmara de Mértola para assinar o meu novo contrato. Contrato por tempo indeterminado, assim reza o papelucho. 23 anos depois de ter entrado para a Função Pública, milhares de horas de trabalho mais tarde, um mestrado e um doutoramento feitos enquanto funcionário público, tenho "direito" a este contrato. Os que entram agora no "emprego público", nem isso. E Deo Gratias, que isto está mau. Burocratizou-se e criaram-se dificuldades. Sob a capa da transparência - nunca leram Eça que escreveu "sobre a nudez forte da verdade – o manto diáfano da fantasia" - tornaram as carreiras num labirinto à mercê das subserviências. A minha carreira tem 14 posições. Estou na 10ª. Se tiver sempre muito a classificação de "Muito Bom" chegarei ao topo aos 66 anos. Objectiva e sinceramente falando, nesta altura estou-me marimbando para o assunto.
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No meio de tudo isto, e enquanto os nossos supostos socialistas não derem cabo, de vez, com a Função Pública, fica-nos aquela relíquia da lei actual, chamada opção gestionária. O que é uma forma requintada e subtil de dizer que a nossa vida está nas mãos do chefe. Ou seja, o chefe escolhe, propõe e decide. Os subalternos que se cuidem...
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Comecei, a partir de hoje, a contar os dias para a partida. Não para a reforma, palavra que abomino, mas para a partida. Há muito que decidi que um dia assim será. Para sul ou para oriente, que tenho a bússola avariada.
10 comentários:
Acho que o autor/a desta ilustraçao também esta com a bussola completamente avariada...
Muito espirituosa, a menina Júlia...
Fantástico, fico muito feliz por Mértola, depois de muitos anos de cabeças ocas á sombra da bananeira parece que a coisa se vai compondo. Não se preocupem os mais inconformados, pois aqui faz sol, chuva e outro tipo de previsões. Muitas felicidades...
O autor desta ilustração é um Holandês maluco chamado M.C. Escher, faleceu em 1972 com 70 e poucos anos. A grande caracteristica dos trabalhos dele era sem duvida confundir ou exercitar a mente de quem os observa. Este chama-se "Relativity", foi criado em 1953e nem é dos mais complicados. Fica aqui uma pequena explicação para a Julia.
Obrigado Harley! Na altura em que coloquei a imagem não me preocupei em identificar o autor, cujo trbalho conheço. Deixas-me aqui a pista para regressar a este tema!
Caro Tambor de Domingo. Agradeço a simpatia, mas a frase é demasiado dura para com aqueles que, e têm sido muitos e de vários quadrantes, têm dado o seu melhor por Mértola. Dos que nada têm feito não rezará a História...
Em todo o caso, é um facto que dividirei os próximos tempos entre Moura, Mértola e Coimbra.
Obrigada Harley. Agora também ja estou um pouco mais orientada.
Esta é mais uma daquelas coisas fantásticas e decisivas para o desenvolvimento do país que podemos agradecer aos socialistas...
Também concordo!
O quê? O "Relativity"? Sim!O PS têm realmente em mim o mesmo efeito que a olhar para esta imagem. Fico como a Julia. Primeiro confusa, desorientada. Mas após uns quantos mandatos, verifico que exercitei a mente! Pelo menos!
Até compreenderia os argumentos a favor, se esse diploma eliminasse a questão das quotas para os “Muito Bons” e “Excelentes”! Eu não chamaria a estas avaliações um incentivo à melhoria dos serviços públicos mas antes, maior divisão e desconfiança entre os trabalhadores, desmotivação para os que trabalham e não conseguem ver esse esforço reconhecido, estimulo à proliferação dos chamados “lambe-botas”, mau ambiente de trabalho entre colegas, incapacidade de muitas chefias avaliarem de forma objectiva e imparcial, inclusive porque muitas, nem fazem a mínima ideia do trabalho que os seus subordinados desenvolvem…
Numa frase: Querem poupar, à custa do trabalho do elo mais fraco, pessoas que para "eles" não passam de números e mercadoria negociável; e assim se caminha… pouco a pouco, para a privatização daquilo que interessa (a alguns).
BB
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