Os dados são mais que conhecidos: o muro de Berlim foi construído na madrugada de 13 de Agosto de 1961. Tinha uma extensão de 66,5 km de gradeamento metálico e compreendia ainda 302 torres de observação, 127 redes metálicas electrificadas. Dezenas de pessoas morreram tentando cruzar o muro de Berlim para chegar ao sector ocidental da cidade. Nenhuma foi morta ou capturada na direcção inversa.
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O muro foi abaixo, faz hoje vinte anos. O assunto tem, ao longo do dia, suscitado várias reflexões interessantes, como a da Francisco Seixas da Costa. A queda do muro não foi a causa do que viria a suceder nos anos seguintes, mas sim a consequência de décadas de governação dominada por uma elite que se tinha, podemos dizê-lo sem hesitações, acomodado e aburguesado. E corrompido moralmente. Na realidade, a derrota do bloco de leste começa na década de 50 e não trinta anos depois. A derrocada desenha-se com o derrube, processo sumário e vegonhosa execução de Imre Nagy. Repetindo o que ontem escrevi num comentário, no blogue A cinco tons: pensava-se que com o socialismo nasceria o Homem Novo. Bastaria o desejo de transformar a sociedade e sua transformação aconteceria. Não bastou e não aconteceu. E a absoluta estatização da vida levaria - e levou - ao tédio, ao desinteresse e à burocratização do sistema. A absoluta estatização matou também as ambições individuais, esse sal necessário à diferenciação e ao desejo de fazer mais e melhor. A completa burocracia da criação matou as vanguardas, controlou o pensamento e deu corpo a polícias políticas.
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Onde esteve então a vantagem do socialismo e quais as diferenças em relação ao nazismo? A primeira parte da questão liga-se com a segunda. Sem o socialismo de leste teria tardado muito mais a libertação do Terceiro Mundo. Sem a difusão do ideário marxista, a tomada de consciência dos povos colonizados não teria tido a pujança que teve e o sopro libertador que varreu África nos anos 50 e 60 do século XX seria muito mais lento e feito de acordo com o tempo das antigas potências. Estas acabaram, décadas mais tarde, por recuperar o terreno perdido, mas isso é já outra história… E a dinâmica libertadora que, à sombra inspiradora do socialismo, varreu o mundo do pós-guerra não tem paralelo de qualquer tipo nos regimes nazi-fascistas, aos quais a palavra SOLIDARIEDADE foi sempre repulsiva. Dizer e, pior, tentar provar o contrário é uma obscena mentira e uma falácia sem classificação. E nunca será de mais sublinhar que é nas forças de esquerda, com os comunistas à cabeça, que reside a esperança de libertação de vastos sectores do planeta. O laboratório político da América do Sul tem, nesse aspecto particular, ainda muito a dizer.
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Porque sou, no meio de todas as contradições, militante do Partido Comunista Português? Por algumas das razões que me levariam a não o ser num país de leste nos anos 50, 60 ou 70. Antes de mais pela necessidade que há hoje em combater o "establishment". Porque há uma proximidade em relação aos mais desfavorecidos que não vejo noutros partidos. Porque gosto de estar junto do povo, no seio do qual nasci. E porque reconheço no PCP uma ética de actuação e uma modéstia nas atitudes que não vejo também noutros. Estarei sempre deste lado da estrada. Até ao dia da tomada do poder ou até ao momento em que a tentação do pensamento único quiser prevalecer.
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De outros muros, bem menos populares junto da dócil comunicação social que temos, apresentarei alguns dados amanhã.
11 comentários:
Que grande confusão vai nessa cabecinha loira...
Reflecte bem e chega a uma conclusão.
Depois... é só decidir o caminho a percorrer.
Deves ser muito jovem, penso...
Um abraço fraterno
46 anos, 5 meses e 7 dias (já fui mais jovem).
Receber "um abraço fraterno" de um anónimo/a que nem faz ideia da minha idade, apesar dela estar publicada no blogue, faz-me lembrar aquele anúncio televisivo dos tempos de antanho: "e se um desconhecido de repente lhe oferecer flores isso é IMPULSE".
Caro Santiago
"Até ao dia da tomada do poder ou até..." Tomada do poder?? onde? por parte de quem? pelo PCP? Está longe e bem longe e tomada de poder, num regime democrático e pluralista como em Portugal, não contém em si esse significado e seria antagónico por ires sentir o totalitarismo, logo seria inevitável, (segundo a tua argumentação) a tua saida.
Não fui eu o anónimo de cima, mas compreendo, ao ler o teu post, que te tenhas baralhado. Abraço
Não estou nada baralhado. Mesmo nada.
A lógica é mais que clara. Sou a favor de movimentos libertadores. Até ao momento em que eles cristalizam. Aí é necessário procurar novas soluções.
Para quem me trata por tu conheces-me mal...
Não vou entrar na discussão sobre o muro de Berlim. Cada cabeça sua sentença e não se chegaria a conclusão nennhuma.
Prefiro alertar para outros "muros" que é necesário derrubar urgentemente: o muro do preconceito, o muro da intolerância, o muro da hipocrisia e tantos outros "muros"...
Há uma matéria em discussão, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, em que é necessário derrubar "muros" bem altos.
Gostria de ve-lo abordar esta temática e saber a sua opinião.
"O sonho comanda a vida"
e o "poder corrompe o Homem".
Inventemos novos Homens.
Caro Santiago
movimentos libertadores?? o PCP é actualmente algum movimento libertador? não há nada para libertar e o PCP cristalizou.Ou seja, se cristalizou, não devias ter entrado, pois já se encontrava cristalizado, quando da tua entrada. Não é questão de te conhecer bem ou mal é a tua linha de pensamento, aqui expressa, que é contraditória. Peço perdão de ter tratado por tu. Abraço
Vê lá se dás luta nas respostas. Abraço
Ontem quando li este texto achei que era dos melhores e mais claros que já li neste blog. E hoje noto alguma confusão nos seus leitores. Às vezes não faz falta procurar demasiado nas entrelinhas e dar muitas voltas às possíveis metáforas. E este é um desses casos. Para mim, o autor não está nada baralhado. A mensagem passou de forma muito evidente e está muito bem escrito. Qual é a dúvida? Uma coisa é não se concordar com o conteúdo, mas que se dê mil voltas quanto a possíveis confusões por parte quem o escreve...não me parece...
Respondendo por partes:
1. Em princípio não irei dedicar nenhum texto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não sou a FAVOR como não sou CONTRA os casamentos, sejam eles quais forem. Acho, pura e simplesmente, que quem quer casar deve poder fazê-lo. Sem quaisquer constrangimentos.
2. Podes tratar-me por tu à vontade, ora essa. Continuaremos, tu cá tu lá , discordar.
3. Não dou luta, nem deixo de dar. Tendo às respostas "soft".
4. Obrigado Rita.
5. Viva o PCP!
Venham lá os outros Muros. não só os da sociedade, mas os de Israel/Palestina e Marrocos/Shara,ou outros como USA/Mexico,ou Irlanda do Norte
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