terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

NORTHWEST TERRITORIES & YUKON TERRITORY

Sempre achei alguma graça aquela funcionalidade do blogger que permite saber onde se é lido ou consultado.

Reparei, no outro dia, que ainda não cheguei ao Oceano Ártico. Faz sentido, isto é um blogue mais para climas quentes.





A LIÇÃO DAS BIBLIOTECAS

Numa altura em que tanto se fala no "interior", temos a rede nacional de bibliotecas públicas a contrariar a tendência e a demonstrar que, ao menos aí, a realidade é bem outra. 

Desde há muito que esta rede se instalou e faz a diferença. É decisivo o trabalho que estas bibliotecas têm vindo a fazer. E é crucial termos gente qualificada nos equipamentos. Porque ter equipamentos só por si pouco (nos) adianta.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

DUARTE DARMAS - HOJE, NO "PÚBLICO"

Duas páginas na edição de hoje do "Público", num belo e rigoroso trabalho de Lucinda Canelas, vêm, hoje, ampliar bastante a divulgação que tem sido feito deste projeto sobre os desenhos de Duarte Darmas na fronteira alentejana.

A caminhada prossegue. A exposição encerra amanhã em Serpa, para reabrir, logo de seguida, em Mértola. A vila do Guadiana é o sexto ponto de paragem.


domingo, 26 de fevereiro de 2023

UM ANO E DOIS DIAS

Já lá vão 367 dias. A invasão espoletou uma guerra.

Se a invasão é de condenar? Sim, completamente. Não a condenar, num enleio argumentativo (que não está incorreto, mas que foge ao essencial da questão), é um erro trágico.

Se tudo isto foi um acaso ou um capricho de um líder reacionário? Foi tudo menos isso.

Escreve Carlos Matos Gomes: "os atuais lideres europeus — continentais — preferiram ser serviçais numa colónia de um império que está em luta contra o resto do mundo". Pois...

Uma interessante análise no Guardian:

https://www.theguardian.com/commentisfree/2023/feb/24/vladimir-putin-invade-ukraine-2022-russia?CMP=share_btn_fb&fbclid=IwAR017YcabH4yFQgH94mT7DTdK6v5h1mkc1b9Li_Sd4uwdgSs1Tib0oGvNnk



LVI - CRÓNICAS OLISIPONENSES: LINGUAGEM ARTIFICIAL E NADA INTELIGENTE

Sinal de modernidade: alguns autocarros da CARRIS têm uns pequenos ecrãs, onde surge o nome da paragem. E há uma voz metálica que anuncia o que estamos a ler. No outro dia, de regresso ao local de trabalho no 28, ao chegar ao Terreiro do Paço, fui surpreendido com esta "leitura": PÊ CE CEDILHADO COMÉRCIO. A estúpida da máquina lê as coisas talqualmente. Pouco preciso, mas mais divertido.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

OBLÍQUA GEOMETRIA

Poema de geometria e de silêncio

Ângulos agudos e lisos

Entre duas linhas vive o branco.


O poema é de Sophia de Mello Breyner Andresen. Lembrei-me ao percorrer, há dias, a Obra poética, e ao rever as minhas folhas de contactos. Onde dei com esta imagem de um pavimento. Faial? São Miguel? Não tenho a certeza.



É ESTUDANTE?

Raramente vou à Biblioteca Mário Sottomayor Cardia. Ontem, precisei lá ir consultar / tirar uma dúvida em relação a um texto das atas de um congresso realizado há uns bons 25 anos.

A jovem funcionária que me atendeu perguntou se eu tinha cartão de leitor. Respondo que não. Segunda pergunta: "é estudante?". Achei a pergunta normal (há muitos trabalhadores estudantes) e, ao mesmo tempo, divertida.

1. Tenho, aparentemente, ar de quem se interessa por coisas. Daí poder ser estudante.

2. Não tenho ar de professor.

OK, em qualquer dos casos.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

MOURA - DEZ ANOS DEPOIS...

23 de fevereiro de 2013. Faz hoje 10 anos.

Houve uma sessão na Sheherazade, na qual fui apresentado como candidato à Câmara de Moura. No início da sessão (acho que foi no início, mas não tenho a certeza) passou este vídeo, que era uma "amostra" do candidato. Por opção minha, ficaram de fora os registos familiares.

Vídeo em https://www.youtube.com/watch?v=MIWGyINEQ3M



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

A RAÍZ AFRICANA DO FUTEBOL EUROPEU

Marcaram-se 17 golos na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões. Noto que 14 desses golos (82%!) foram marcados por jogadores de origem africana. O dinheiro europeu e o do petróleo mandam.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

SOLO SE VIVE UNA VEZ

Foi o meu "momento Azucar Moreno" deste início de ano.

Si te importa el qué dirán, y te quieren controlar, recuérdalo bien.
Solo se vive una vez
Si te quieren amarrar con problemas y demás, no te dejes convencer,
Solo se vive una vez

Sim, foi mais ou menos isso.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

PRÉMIO VILALVA - ATÉ 31 DE MARÇO

Prazo de candidaturas ao Prémio Gulbenkian Património - Maria Tereza e Vasco Vilalva ampliado até dia 31 de março.

Ver regulamento em https://gulbenkian.pt/fundacao/premios/patrimonio-maria-teresa-vasco-vilalva/


domingo, 19 de fevereiro de 2023

FATH AL-ANDALUS

Ontem não consegui ver. Hoje sim. O meu colega e amigo Marco Santos dando cartas na RTP2, ainda por cima no melhor telejornal da televisão portuguesa.

Fath a-Andalus debruça-se, e bem, sobre um período crucial da nossa história medieval. Que continua a ser pouco estudado e sobre o qual este livro lança novas luzes. E agora? Agora é o doutoramento.

sábado, 18 de fevereiro de 2023

MEMÓRIA INSULAR

Agora que se aproxima do fim, a passo firme, um livro iniciado em 2018 (!), começo a deitar contas ao que "isto foi": 16.000 quilómetros (sem contar Lisboa-Madeira-Lisboa e Lisboa-Faial-São Miguel-Terceira-Lisboa, de esticão e, por junto, em 4 dias) e mais de 11.000 imagens recolhidas.

A imagem de cima data de 25 de setembro de 2020 - 14:35 (Funchal).

A imagem de baixo data de 2 de outubro de 2020 - 01:56 (Angra do Heroísmo).

O mar estava sempre lá ao fundo.

Muitas velas. Muitos remos.
Âncora é outro falar...
Tempo que navegaremos
não se pode calcular.

Vimos as Plêiades. Vemos
agora a Estrela Polar.
Muitas velas. Muitos remos.
Curta vida. Longo mar.

Por água brava ou serena
deixamos nosso cantar,
vendo a voz como é pequena
sobre o comprimento do ar.
Se alguém ouvir, temos pena:
só cantamos para o mar...

Nem tormenta, nem tormento
nos poderia parar.
(Muitas velas. Muitos remos.
Âncora é outro falar...)
Andamos entre água e vento
procurando o Rei do Mar.


Cecília Meireles





sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

MESQUITAS, DE NOVO

O recente caso da Sé de Lisboa tem bastante a ver com este colóquio internacional. Fui convidado a participar. Vou retomar Mértola (e Moura..., e alguns sítios mais). No caso de Mértola será uma "reconstrução" do percurso até aqui feito. A começar por um certo Duarte Darmas, prosseguindo por João de Almeida, depois por Christian Ewert, até se chegar aos decisivos contributos de Joaquim Boiça e de Maria de Fátima Barros.

Vai ser interessante.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

GUADIANA

A fotografia terá uns 25 anos, ou perto disso. Não me recordo se a cheguei a usar para o que estava pensado. Pouco importa, em todo o caso.

Olhando para esta vista lembrei-me de dois poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Quando eu morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto do mar


De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

O Guadiana, que é o meu mar, passa por Mértola. E passa por Moura.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

VIVÀ CUBA!

Já não acontecerá, mas um dos sonhos de sempre era visitar a América Latina de uma ponta à outra. Só essa.

Gosto muito desta música, e da letra:

Soy loco por ti, AméricaYo voy traer una mujer playeraQue su nombre sea MartiQue su nombre sea Marti
Loco por ti de amoresTenga como coloresLa espuma blanca de LatinoaméricaY el cielo como banderaY el cielo como bandera
etc.
Os autores são Gilberto Gil (n. 1942) e José carlos Capinan (n. 1941). O intérprete, inconfundivelmente, é Caetano Veloso (n. 1942). Ao ver, no outro dia, o vídeo deparei, ao minuto 03:15 com uma imagem de Cuba. Bueno, Cuba es Cuba, pero esta es la nuestra!

Agora é que podemos mesmo dizer: Vivà Cuba! (e o resto nã digo).




MORANGOS SILVESTRES

Não é uma obsessão, embora uma jovem amiga minha ache que sim. A longa digressão pelo tempo feita por Isak Borg é a de todos nós. O tempo passa e a minha admiração profunda por este filme já sexagenário (também eu, daqui a pouco) adensa-se.

Morangos silvestres tem a ver com a vida de todos nós e, um pouco estranhamente, com o sítio onde agora trabalho.

Na última cena do filme, Isak Borg emana paz. "A face de Victor Sjostrom brilhava”, diria Ingmar Bergman anos mais tarde.  Não é evidente que Borg, naquela paz tão perto da morte, tenha encontrado as respostas que queria. Há perguntas sem resposta evidente.

Siga-se o link no youtube:


terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

CHAT GPT

Acompanho com interesse a produção de opiniões e o debate em torno do ChatGPT. As primeiras tentativas que fiz, ao jeito de teste, deram resultados absolutamente pueris. Os dados que saem são piores que a informação da wikipedia.

Na minha área concreta de investigação, que recorre a muíssima informação que não foi carregada na net - muita dela talvez não o venha a  ser, por não ser "prioritária" - as coisas são menos complicadas. Noutras, vai-se instalar o caos, com um mais que certo desordenamento da informação. E aí, não há turnitin que nos valha. Um descanso para aqueles alunos universitários para quem as aulas são uma espécie de terapia ocupacional...

VAMOS LEGISLAR!

Tenho especial ternura por duas expressões muitos nossas:

há um vazio legal

e

vamos legislar

Ao ler, hoje de manhã cedo, a imprensa, constatei a espantosa semelhança entre a Turquia e Portugal...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

29,73% É BOM? EIS A PARTICIPAÇÃO LOCAL...

Um referendo, de interesse para a população de um bairro lisboeta, teve a participação de 30% dos eleitores da freguesia. Hossana nas alturas, grande participação, clamou-se aqui e além. Sem entrar na discussão que motivou o referendo - e já há dúvidas, muito nossas muito tugas, se aquilo é legítimo, patatipatatá -, até porque não conheço a matéria a fundo, acho 29,73% pouquíssimo. Uma ninharia para um tema que é relevante. Eu esperava uma taxa de participação aí pelos 50%...

A participação local é isto? O entusiasmo que assuntos locais motivam é este? Estamos bem amanhados...


domingo, 12 de fevereiro de 2023

SERPA, SEXTA AO FIM DA TARDE

Agora, é a vez de Serpa e da sala polivalente do castelo. Duarte Darmas estará por ali até dia 26 de fevereiro.

Passar pela vila forte foi por um bom motivo para rever amigos e falar um pouco deste projeto que vai no seu quarto ponto de paragem (depois de Castelo de Vide, Lisboa e Moura). Seguem-se Mértola e Elvas.

MÉRTOLA - REVISÃO DA MATÉRIA DADA

Trabalho em curso: escolher 24 fotografias para um livro que sairá no Festival Islâmico (tenho 32... e agora vai ser um trabalho de seleção, com algumas ajudas opinativas), rever o texto (que está terminado), e avançar.

Sem estes últimos 45 anos de arqueologia este livrinho não seria possível.


quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

CARNAVAL ROMANO

E agora que as festividades se aproximam é tempo de recordar esta peça de Hector Berlioz (Carnaval Romano), que tem 179 anos. A interpretação não é uma coisa qualquer: Herbert von Karajan dirigindo a Philharmonia Orchestra.

Post dedicado aos amigos a quem esta manhã enviei uma mensagem por whatsapp 😉.



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

PASSAR PELO NIKIAS NO CHIADO

A exposição tem uma enorme originalidade: mostra aquilo que o artista para si guardou. Claro que as inaugurações não são a melhor altura para ver as obras. Mas dão-nos um pretexto suplementar para regressar ao excelente Museu Nacional de Arte Contemporânea.

Um dos quadros/quartos de Nikias Skapinakis é dedicado a Kavafis. Recordemos justamente um dos seus poemas, na tradução de Nikos Pratsinis e de Joaquim Manuel Magalhães.


O Sol da Tarde (Konstandinos Kavafis)

 

Este quarto, como o conheço bem.
Agora alugam-se quer este quer o do lado
para escritórios comerciais. A casa toda tornou-se
escritórios de intermediários, e de comerciantes, e Sociedades.


Ah este quarto, não é nada estranho.


Perto da porta por aqui estava o sofá,
e diante dele um tapete turco;
ao pé a prateleira com duas jarras amarelas.
À direita; não, em frente, um armário com espelho.
Ao meio a sua mesa de escrever;
e três grandes cadeiras de vime.
Ao lado da janela estava a cama
onde nos amámos tantas vezes.


Estarão ainda os coitados nalgum lugar.


Ao lado da janela estava a cama;
o sol da tarde chegava-lhe até metade.


… De tarde quatro horas, tínhamo-nos separado
por uma semana só… Ai de mim,
aquela semana tornou-se para sempre.



terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

AGORA, SERPA

Prossegue a caminhada. O próximo ponto de paragem é Serpa. Uma coisa é certa: fala-se de Duarte Darmas e do seu trabalho. E esse era/é o grande objetivo de tudo isto. Popularizar a investigação e tornar o Património mais próximo e palpável.

Dia 10 lá estarei, para uma visita guiada. Regresso à margem esquerda, à minha "heimat".

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

CAFÉ CONCERTO - 42 ANOS JÁ?

Li algures, há dias, a notícia de que o programa "Café Concerto" teve a sua primeira emissão, na Rádio Comercial, no dia 5 de fevereiro de 1980. Nesse ano não devo ter ouvido muito. Nos anos seguintes, sim. O "Café Concerto", de Maria José Mauperrin e de Aníbal Cabrita, foi a minha companhia nas noites solitárias de leitura e de escrita, ao longo da faculdade. Era um programa verdadeiramente excecional, onde muito boa música se casava com grandes entrevistas. Um magazine cultural, que hoje em dia seria impossível. Devo muito ao "Café Concerto", para ser claro.

Um belo dia, Maria José Mauperrin levou para o programa um disco que lhe tinham oferecido no Natal. Ouvi uma longa seguidilla cantada em francês. Por mais que procure, não a consigo encontrar. Basta escrever no google "seguidille" e "français"  e onde vou parar? Ao "près des remparts de Séville", da "Carmen", pois claro. Só que não é essa...


domingo, 5 de fevereiro de 2023

O CALIFA AFICIONADO

Reli, há dias, excertos do Roudh el-Kartas (O jardim das folhas), escrito em Fez, por volta de 1325, por Abou Mohammed Salah ben Abd el-Halim. Pensava que este episódio estava apenas narrado na Histoire des Almohades de El-Merrakechi, mas não. Na página 346 do Roudh el-Kartas leio isto: "Em 620 (= 1224 d.C.) o emir dos muçulmanos, Youssef, morreu em Marrocos acidentalmente; foi atingido pelos cornos de uma vaca e morreu subitamente; era um grande amante de touros e de cavalos, e mandava vir touros da Andaluzia para os soltar na sua herdade, em Marrocos. Uma noite, ao sair para os ver, estava a cavalo no meio deles, quando uma vaca furiosa rompeu pelo meio, vindo-o atingir mortalmente. Isto teve lugar no sábado 12 do mês de Dhu al-Hijja, ano de 620 ( 6 de janeiro de 1224)".

Não sei de quando é esta ficha. Talvez de 1999 ou de 2000. A edição (rara) é a de Auguste Beaumier e consultei-a no Instituto do Mundo Árabe. Anotei a cota N594, o que quer dizer que o livro pertence ao Fonds Ninard, importante doação do Dr. Bernard Ninard, biólogo que viveu em Marrocos.



Representação do massacre dos franciscanos em Marrocos, ocorrido em 1220. Esta peça está em exposição no Palácio Nacional de Mafra. De pé, com coroa, está o califa al-Mustansir, que passou para a nossa tradição como o Miramolim.

sábado, 4 de fevereiro de 2023

NAUGHTY MAUGHAM

Numa recente releitura de Somerset Maugham dou com esta passagem deliciosa:

You take it as matter of course when a lonely hacienda is pointed out to you in Andalucia and you are told that there has dwelt for many years an English lady of a certain age. She is usually a devout Catholic and sometimes lives in sin with her coachman.

Prefiro não comentar.















Fotografia do célebre Yousuf Karsh (1908–2002), que deu vida a tantas e tantas estrelas.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

NO QUADRO DE HONRA, COISA INÉDITA

Nunca na vida estive no quadro de honra. Não havia tal no liceu, nem na faculdade. No liceu, não tinha nota para tal, na faculdade sim, mas em Letras não tínhamos dessas coisas "burguesas e elitistas".

O "Diário do Alentejo" coloca-me hoje no quadro de honra, muito por mérito do sr. Duarte Darmas. Uma entrevista inédita pelo José Serrano, que chegou a ser meu "camarada de armas", na minha já longínqua colaboração com o jornal. Um abraço para o José e para o "D.A.".

NÃO É ROMANA, MAS ISSO É UM PORMENOR

Surgiram recentemente, nas redes sociais, fotografias (autor: Daniel Jorge) chamando a atenção para o estado desgraçado em que está a Ponte Romana do Brenhas.

Não é romana? Não é, de facto. As razões são várias: 1) uma ponte daquele tipo só seria necessária para vencer cursos de água largos, o que não é o caso; 2) a tipologia construtiva não é, ao nível dos materiais, a do período romano; 3) não há, que eu conheça..., pontes romanas com aquele perfil.

A sua classificação tem a ver com questões "ideológico-pessoais" do Dr. José Fragoso de Lima, que não vêm ao caso.

É uma estrutura importante? É. E está na lista do património classificado desde 1944.

Qual a data de construção da ponte? Segunda metade do século XVII, seguramente.

E qual a razão da sua construção? O transporte de peças de artilharia, no contexto da Guerra da Restauração.

Como digo no início, isso é um pormenor. O que é escandaloso é que a Câmara Municipal de Moura deixe o nosso Património às leis do acaso. Antes era "arqueologia e museus", diziam alguns mentecaptos. E agora é o quê?


quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

NA RUA ISSAM SARTAWI

A minha casa fica exatamente a 300 metros de Lisboa. Passo pela rua que liga os concelhos da Amadora e de Lisboa duas vezes por dia. Quase sempre pela Rua Issam Sartawi. Que faz de ponte entre duas cidades. Eram pontes o que o palestiniano Issam Sartawi (1935-1983) procurava, até ser assassinado por militantes radicais, no Hotel Montechoro.

Reparei anteontem que alguém derrubou a placa toponímica. Que só existe, curiosamente, do lado de Lisboa. Pode ter sido um acaso, mas cada vez acredito menos em acasos.

Segue daqui a pouco uma comunicação para a autarquia lisboeta. Com o pedido de reposição. E com um pedido de correção: é Issam e não Issan.


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

AS DATAS DAS FEIRAS, ENTRE A BALBÚRDIA E O AMADORISMO

Uma recente e precipitada alteração da data da feira de maio, “decretada” com os votos do PS e do CHEGA, acabou em balbúrdia. A CDU votou contra a alteração, ao contrário do que alguns quiseram depois fazer crer).

Volto ao tema, depois de ter escrito em “A Planície” uma crónica sobre as datas das feiras, em setembro de 2018. Ali se explicava que a data da feira nunca tinha mudado por causa da Festa do “Avante!” ou por qualquer outro motivo. Há coisas que são tão simples, que só a mais completa incompetência leva a que possam correr mal. As datas das feiras de maio e de setembro são definidas num regulamento municipal. Que existe há várias décadas. É possível saber, por exemplo, que a feira de maio de 2026 será nos dias 7 a 10. Desde que se aplique o regulamento, e caso este se mantenha.

Entre 1997 e 2017 não houve um único incumprimento, a este nível. O trabalho era preparado com antecedência e as decisões eram tomadas de forma ponderada. Recomenda o mais elementar bom senso que se consulte o calendário e se verifique que as iniciativas camarárias não se sobrepõem a programas das juntas ou das comissões de festas. Não fazer esse trabalho de preparação dá sempre mau resultado. A recente proposta de alteração de data, subscrita pelo presidente da câmara, fez com que a feira coincidisse com a Festa de Santo António, em Santo Aleixo. Pois é, amam-se as aldeias, mas só teoricamente... E, bem entendido, nas campanhas eleitorais.

Depois de feita a asneira, e ante os protestos, voltou-se atrás. Foi hoje (25 de janeiro) votada na Câmara Municipal nova mudança de data. A feira “passa” para dias 11 a 14. O Congresso do Azeite será na semana anterior. A CDU votou a favor da proposta, em coerência com a posição inicial. Ou seja, é importante que se cumpram os regulamentos, que haja feira e que se respeitem as festas das freguesias. Tudo isso deveria ser fácil. Infelizmente, não é assim. 

Já nem falo da decadência das feiras, transformadas em tempos recentes, num desfilar de grupos musicais, num estoirar de dinheiro sem tino nem lógica. Aquilo que, por norma, acompanhava as feiras, ou seja, os encontros, os colóquios, as exposições, a presença de expositores, foi reduzido ao mínimo indispensável. O que é pena.

Causou mal-estar a afirmação que fiz, em tempos, sobre a impreparação do executivo camarário. Com pena a repito, porque gostaria de não ter razão. À impreparação juntou-se a falta de vontade em aprender, associada a uma escassa tendência para o trabalho. A vereação e, mais ainda a presidência, obrigam a longas horas de trabalho. Com frequência, a uma penosa solidão no gabinete, fora de horas. Isso não é compatível com horários das 9 às 5 ou com almoços animadamente prolongados.

Haverá feira de maio, valha-nos isso. Muitos mourenses se/me perguntam, nesta altura, como é possível tanto improviso e tanto amadorismo. Mais que nunca, vale a pena recordar uma afirmação atribuída a Lincoln: “podem enganar-se algumas pessoas o tempo todo; podem enganar-se todas as pessoas durante algum tempo; mas não é possível enganar todas as pessoas durante todo o tempo”. No nosso concelho, a cada dia que passa isso se torna mais evidente.


Crónica em "A Planície"