sábado, 31 de agosto de 2024

ÉVORA, ANTES, DEPOIS E MUITO DEPOIS

A imagem de cima "apareceu-me", há dias, no facebook. Data, seguramente, da década de 40 ou do iníco da década de 50 do século XX. O edifício da imagem do meio foi inaugurado em 1955, com projeto do arq. António Reis Camelo.

Vemos um troço da Rua da República, em Évora, onde seria instalada, e ainda lá está a agência (outrora filial) da Caixa Geral de Depósitos. A imagem de baixo é do verão de 2020.

Recordando a lenta construção de um trabalho, que "durou", entre vários sobressaltos entre 2018 e 2023.


sexta-feira, 30 de agosto de 2024

DA PRÁTICA TÊM A TEORIA TODA...

“We had a good team on paper. Unfortunately, the game was played on grass.”









Dito por Brian Clough (1935-2004), que tinha a teoria e a prática...

Campeonato de Inglaterra: 3 vezes

Taça da Liga: 4 vezes

Taça dos Campeões Europeus: 2 vezes

Supertaça de Inglaterra: 1 vez

Supertaça Europeia: 1 vez

Isto trouxe-me à memória uma história passada há uns anos, numa autarquia do sul. Não interessam os partidos nem os protagonistas. O presidente tinha uma equipa fantástica para o novo mandato: um era bestial no urbanismo, outro nas obras, outro na cultura, outro nisto, outro naquilo. Enquanto isso, o candidato da oposição andava no terreno, entrava nas tascas e bebia copos e cantava o fado. Ganhou a câmara.

Não defendo estilos copofónicos, mas estou convicto da necessidade de atuações práticas e diretas, e da vantagem do conhecimento das pessoas e dos seus problemas.

Isto também vale para o Património, domínio em que não faltam "especialistas", daqueles que gostam de temas muito chiques e muito avant-garde e que nunca estiveram no terreno nem tiveram de lidar com as agruras do quotidiano. Como diz um colega de lides: da prática têm a teoria toda. Têm os papéis, mas nunca estiveram no terreno de jogo.

"MENINA, O SEU PAI TEM ESTERCO?" - UM MERCADONA MOURENSE NOS ANOS 50

A historieta terá cerca de 70 anos.

Um jovem do meu bairro, sem saber como meter conversa com a moça que tinha debaixo de olho, resolveu-se por uma abordagem radical. Foi a casa da moça. Bateu à porta. Quando ela apareceu ao postigo, encheu o peito de ar e deu início à conversa:

"Menina, o seu pai tem esterco?". Já vi abordagens melhores. Mais originais não.

Ano 70 A.M. (antes do Mercadona).


quinta-feira, 29 de agosto de 2024

LINHA VERDE

Daqui a menos de um ano começa a funcionar a Linha Verde circular. A obra deu origem a polémica, se devia ser assim ou assado, circular ou em laço, para a direita ou para a esquerda. Fico sempre com a séria desconfiança que quem decide não anda de metro. Não duvido, claro, que haja estudos mas, das duas, uma: ou melhoram a linha verde (que passa pelos sítios-chave da cidade) ou vamos ter o caos instalado.As avarias são recorrentes e a frequência do serviço (muito) menos que suficiente. Hoje de manhã, mais uma avaria, enquanto à hora de ponta, na linha azul, o tempo de espera era de 12 minutos. Nem no Metro do Cairo!

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

QUANDO O SOL ESTÁ "NO SÍTIO ERRADO"...

Fazes 175 kms. para lá.
Mais 175 kms. para cá.
Fizeste as contas e achaste que o sol estaria no "sítio certo" às 13 horas. Afinal não, só muito mais tarde. Do mal o menos, o que querias fotografar está dentro da igreja e aí tanto faz que seja mais tarde ou mais cedo. Pelo sim, pelo não, esperas e aprontas-te. Agora sim, já rodou um pouco, mas estás em contra-luz. Para não teres luz na lente escondes-te na vegetação, assim à David Attenborough, mas com menos charme. Tens de usar as plantas para tapares viaturas estacionadas e o sol. Quando acabas olhas para a imagem e pensas "bela bodega! um enquadramento à S.N.I.".
Foram 120 imagens para uma edição do Panteão Nacional. Da qual não sou o autor.
Vou querer ser creditado como José Barronhos. Por nada, cá coisas minhas...

terça-feira, 27 de agosto de 2024

VINHO OU NÃO VINHO, EIS A QUESTÃO...

Ouço dizer isto há muito tempo.
Pode ser que um dia se saiba (toda) a verdade...
Pelo sim, pelo não, há marcas que () não compro.

Isto está no site da Rádio Campanário:

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

MARÉ ALTA

São estes os cinco cursos de História com notas de entrada mais altas. Bem sei que os tempos são outros e, "no meu tempo", a minha nota de candidatura não foi assim tão má quanto isso (14,85), mas hoje eu não entrava em nenhum destes cursos... Com a nota daquele tempo, repito.

Depois, coisa que me surpreendeu, fui francamente melhor aluno na Faculdade que no Liceu...

domingo, 25 de agosto de 2024

DIA DE PRAIA

Há praias inspiradoras, outras que nem tanto. Tenho três praias de que não me esqueço: a da Balaia, em 1974; a do Tarrafal, em 1989; a de Salines, em 1994. Claro que há outras melhores, com prémios e tudo, mas nunca fui de ir atrás de modas.

Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,

Aqui na orla da praia, mudo e contente do mar,

Sem nada já que me atraia, nem nada que desejar,

Farei um sonho, terei meu dia, fecharei a vida,

E nunca terei agonia, pois dormirei de seguida.

A vida é como uma sombra que passa por sobre um rio

Ou como um passo na alfombra de um quarto que jaz vazio;

O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é;

A glória concede e nega; não tem verdades a fé.

Por isso na orla morena da praia calada e só,

Tenho a alma feita pequena, livre de mágoa e de dó;

Sonho sem quase já ser, perco sem nunca ter tido,

E comecei a morrer muito antes de ter vivido.

Dêem-me, onde aqui jazo, só uma brisa que passe,

Não quero nada do acaso, senão a brisa na face;

Dêem-me um vago amor de quanto nunca terei,

Não quero gozo nem dor, não quero vida nem lei.

Só, no silêncio cercado pelo som brusco do mar,

Quero dormir sossegado, sem nada que desejar,

Quero dormir na distância de um ser que nunca foi seu,

Tocado do ar sem fragrância da brisa de qualquer céu.

10-8-1929

sábado, 24 de agosto de 2024

DIKR BILAD AL-ANDALUS, perto da última curva

Hoje não será, mas amanhã deve ficar muito, muito perto do fim um pequeno ensaio que se tornou bem mais complexo do que pensei no início. É sempre assim...

O fantástico Dikr bilad al-Andalus, na tradução de Luis Molina, veio dar uma decisiva ajuda. E vai-me também "refazer" uma proposta, ainda recente, que publiquei na revista "Hespéris-Tamuda".

Haverá livro no próximo Festival Islâmico de Mértola 😉.


sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O VATICINADOR

Os amigos... nenhum se afastou. Agora, é evidente que amigos são uma coisa, depois conhecidos, colaboradores e pessoas que trabalham comigo é diferente. É perfeitamente natural, se eu era o presidente deles, eles estavam comigo. Mal farejaram que podia haver uma mudança, passaram logo... Primeiro, puseram um pé de cada lado e, depois, passavam até informações e tudo o que queriam.

Lido há dias, numa entrevista a um homem que foi presidente.

(quase nunca estive de acordo com o que este homem disse; desta vez, achei uma certa graça)




Giorgio de Chirico, Il vaticinatore, 1915

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

COMEÇA O CAMPEONATO, COMEÇA A AVALANCHE

Subitamente, não há como escapar. Entrevistas e flash-entrevistas, piadas e contra-piadas na redes sociais, horas e horas de "debates" nos canais televisivos, notícias e artigos de opinião, claques agressivas e polícias plantados à espera do pior, e um circo à volta dos estádios. O que é um jogo muito bonito torna-se uma avalanche opressiva. Tomará já o verão.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

NA TRAVESSA DO MEIO

Almoço, com frequência, num pequeno restaurante na Rua do Paraíso. Fica a 150 metros de Panteão. O percurso é feito sempre pela Travessa do Meio. As casas são antigas, mas a vizinhança do bairro é cada vez em menor número, empurrada pelo "alojamento local". Tenho reparado que os estendais que resistem são, quase sempre, nos pisos superiores... Não será por muito tempo mais, suspeito. Em Alfama não há crianças e, em breve, não haverá velhos.

A fotografia foi feita às 13:30 de ontem. Há três anúncios de vendas de casas, num curtíssimo troço de rua. Segundo o site idealista há quase 12.000 casas à venda em Lisboa. Resta saber para quem...


terça-feira, 20 de agosto de 2024

FAUSTO GIACCONE: O POVO NO PANTEÃO, ÚLTIMOS DIAS

Quase a terminar, uma grande exposição de Fausto Giaccone.

Encerra dia 25.

Anuncia-se João Hogan, para o mês de setembro.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

TARDE NO MEDITERRÂNEO

Amareleja, 14.8.2024.

A tarde não foi fácil para os grupos de Moura e da Póvoa de São Miguel. Do ponto de vista pessoal, foi uma grande tarde/noite. Da corrida de touros à passagem (demasiado curta) pela Amareleja, vim de lá contente e apaziguado. Razões mais que suficientes para um regresso dentro de dias.

MÉRTOLA NA ARAMCO WORLD

O artigo chegou-me ontem, através do grupo de whatsapp do Campo Arqueológico de Mértola. É sobre a redescoberta das raízes islâmicas de Mértola. Está na Aramco World, uma revista paga com os dinheiros do petróleo saudita.

O artigo não é extraordinário e passa ao lado do tópico decisivo: a "orientalização" da sociedade como fator fundamental do processo de islamização. E, já agora, porquê Mértola e não qualquer outro sítio? E o que é que o Guadiana tem a ver com tudo isto?

Vale pela divulgação.

Ver:

https://www.aramcoworld.com/Articles/July-2024/Pieces-of-the-Past


sexta-feira, 16 de agosto de 2024

LITERACIAS???

Li num site de notícias:

Arranca no próximo ano letivo um projeto-piloto que vai testar a adoção de uma nova disciplina obrigatória no ensino secundário em sete escolas públicas, privadas e profissionais.

Chama-se Literacias e o programa vai focar-se em vários módulos, com destaque para a literacia financeira, política, democrática e análise de dados.

Até agora, este tema era abordado no currículo de Educação para a Cidadania, mas passa a ter mais peso na formação dos estudantes.


Aguardo, com impaciência, os resultados práticos desta nova fantasia. Alguma coisa se está a passar, mas a realidade objetiva é que chegam à Universidade, cada ano que passa, com pior preparação e com uma formação cultural menos que básica.


quinta-feira, 15 de agosto de 2024

DAS DUAS, UMA...

Ou a notícia não é verdadeira 

Ou há aqui uma algarvização intensiva de um território... E logo onde!



quarta-feira, 14 de agosto de 2024

DE PLUTARCO A MANUEL BANDEIRA

BARBA NON FACIT PHILOSOPHUMnem uma Leica M6 o fotógrafo. Mas este troço de via, que vai de Emerita Augusta a Caesar Augusta no interior do Museo Nacional de Arte Romano, é uma obsessão antiga.

Estrada

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho,
Interessa mais que uma avenida urbana.
Nas cidades todas as pessoas se parecem.
Todo o mundo é igual. todo o mundo é toda a gente.
Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma.
Cada criatura é única.
Até os cães.
Estes cães da roça parecem homens de negócios:
Andam sempre preocupados.
E quanta gente vem e vai!
E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar:
Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho
manhoso.
Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos,
Que a vida passa! que a vida passa!
E que a mocidade vai acabar.

Manuel Bandeira, in 'Bandeira de bolso: uma Antologia Poética'

terça-feira, 13 de agosto de 2024

GUILLEM ROSSELLÓ-BORDOY (1932-2024)

Acaba de me chegar a triste notícia do desaparecimento de Guillem Rosselló-Bordoy. Já são poucos os que ficam desta geração verdadeiramente extraordinária, depois de nos terem deixado Manuel Acién, Juan Zozaya, Pierre Guichard, Miquel Barceló, Graziella Berti, Gabrielle Démians d'Archimbaud, Riccardo Frankovich, Christophe Picard...

O Guillem, com quem me cruzei pela última vez há quatro anos, num encontro em Palmela - "y tú, que coño haces? por qué demonios hás dejado Mértola?", foram as perguntas iniciais, disparadas no seu inconfundível sotaque mallorquinho - era um caso à parte e um homem verdadeiramente de outra galáxia... Qualquer coisa que se pedisse de ajuda tinha sempre resposta. Na época das cartas, escrevi-lhe por causa de umas plaquinhas em osso do Castelo de Moura. Recebi a resposta, semanas volvidas, com detalhas instruções e a absoluta necessidade de consultar as obras de Ferrandis e o indispensável tratado de Blythe Cott, que eu não conhecia e de que não há exemplares em Portugal.

Licenciou-se em Filologia Semítica - lia e falava árabe fluentemente -, com uma tese sobre as Ilhas Baleares no período islâmico. Entrou, entretanto, ao serviço do Museu de Malhorca, onde trabalhou (e de que foi diretor) durante 40 anos. Doutorou-se em História Antiga em 1972 com a tese "La Cultura Talayótica en Mallorca. Bases para el estudio de sus fases iniciales”. O seu sempre presente interesse pela arqueologia islâmica teria como pedra de toque a obra Ensayo de sistematización de la cerámica árabe en Mallorca, publicada em 1978.

Regressaria ao tema puro e duro da filologia árabe ao doutorar-se, pela segunda vez!, aos 70 anos com uma tese que seria publicada com o título Mallorca musulmana.

Obrigado, Guillem!

Ver: https://www.academiadelpartal.org/files/n9_011_031.pdf

MUSEUS, MONUMENTOS E PALÁCIOS: DE 2022 PARA 2023

Saiu ontem a lista do número de visitantes nos Museus, Palácios e Monumentos referente a 2023. O comunicado pode ser consultado aqui - https://www.museusemonumentos.pt/pt/pagina/comunicados -, ainda o essencial possa ser visto no quadro que reproduzimos mais abaixo.

O local onde trabalho está em 11º. lugar, em termos de visitantes, entre 35 equipamentos do Ministério da Cultura. Qual é o top-5?

Mosteiro dos Jerónimos

Fortaleza de Sagres

Castelo de Guimarães

Paço dos Duques de Bragança

Mosteiro da Batalha

Sem surpresas.


segunda-feira, 12 de agosto de 2024

CARLOS LOPES - 1984

Tinha regressado na antevéspera de Montemor-o-Novo, onde tinha ido participar nas escavações arqueológicas. Daí a dias, partiria para Mértola. Estava prestes a iniciar o último ano da licenciatura, no meio de um mar de incertezas.

Naquela noite, decidi-me a ficar a ver a maratona, prova derradeira dos Jogos Olímpicos. Carlos Lopes não era o grande favorito. Esse lugar estava reservado ao australiano Robert de Castella e ao norte-americano Alberto Salazar. Que eram filmados uma vez e outra durante o aquecimento, porque a transmissão televisiva era uma coisa mais simples e menos "apresentação do concurso das misses" dos tempos recentes. Bom, lá mostraram Carlos Lopes uma vez, fugidiamente.

Eu também não acreditava que Carlos Lopes fosse ganhar e pensei "fico a ver enquanto ele aguentar; quando descolar, desligo a televisão e vou para a cama". Começa a prova, passam os quilómetros, 5, 10, 20, 25 e Lopes sempre no pelotão da frente. "Entre os 30 e os 35 é que vai ser a grande prova". E nada. Lopes continuava, e à frente havia cada vez menos. E, de repente, a pouco mais de uma légua da meta, aí vai ele. Começo num nervoso miudinho que nunca antes tinha sentido. Só me lembro dele cruzar a meta e eu desatar ao saltos na sala. Bom, aquilo era um terceiro andar e o quarto do vizinho ficava por baixo. Eu parecia o Nijinski (salvo seja) dando saltos. Ficava "suspenso" no ar, para cair de mansinho...

Acredito firmemente que Carlos Lopes potenciou os sucessos que vieram a seguir. Não só pelos sucessos em si, como pelo facto de ter "arrumado" (terem, que Rosa Mota também foi aí crucial) aquela ideia do portuguesito desgraçadinho e inferior e fadado à derrota.

Viva Carlos Lopes, 40 anos volvidos. Continua, ainda hoje, a ser o mais velho vencedor de uma maratona olímpica, tinha 37 anos e meio.


MÉRIDA, 22 ANOS SE PASSARAM

A primeira ida a Mérida foi na primavera de 2002, em plena crise de produção de um trabalho académico. No hotel onde fiquei estava anunciado o programa do Festival de Teatro Clássico. Havia um nome sonante: Peter Stein, a dirigir Pentesilea. Pensei "e porque não?". Fomos a Mérida nesse ano e em quase todos os anos até hoje. Lembro de ver Luís Miguel Cintra a assistir a essa representação.
O momento de maior impacto? Una odisea antillana, no final de julho de 2005, com Lucia Bosè e direção do autor da peça, Derek Walcott. Homero nas Caraíbas, ao ritmo do calypso. Inesquecível e sem forma de prolongar essa memória, uma vez que não há rasto dessa representação na net...
Voltámos, uma vez mais, neste sábado. O texto de José María del Castillo não é extraordinário, e começa a faltar-me a paciência para tanta contextualização-politicamente-correta... O melhor? Victoria Abril. Há momentos a que vale a pena assistir. Foi o caso.

E TAMBÉM DIANA TAURASI

É certo que a modalidade é coletiva, mas não deixa de ser menos relevante que a norte-americana Diana Taurasi tenha conquistas a medalha de ouro em seis Olímpiadas sucessivas (2004, 2008, 2012, 2016, 2020 e 2024). Só de olhar para o currículo ficamos cansados...

domingo, 11 de agosto de 2024

CUCHARETO, O TOURO QUE MATOU JOSÉ FALCÃO...

São 18.50 do dia 11 de agosto de 1974. Cuchareto acaba de ferir de morte José Falcão. Lembro-me de ter lido a notícia, no dia seguinte, no "Diário Popular". Mas não ideia se houve ou não muitos comentários na imprensa da época.

Recordo o texto de Ángel González Abad, publicado há exatamente dez anos no ABC:

Hoy se cumplen cuarenta años de uno de los días más tristes que ha vivido la Monumental barcelonesa en su siglo de existencia. El 12 de agosto de 1974, las puertas del coso quedaron abiertas de par en par para que los aficionados despidieran al infortunado diestro José Falcón, mortalmente herido el día anterior sobre la arena de la plaza de la Ciudad Condal. El intenso dolor de la capilla ardiente quedó reflejado también en la emocionante vuelta al ruedo del féretro que contenía los restos mortales del valiente torero portugués.
Se cerró aquel día la historia de un matador de toros forjada ante las ganaderías más duras y que tuvo precisamente en Barcelona uno de sus puntos de mayor felicidad. Hacía unos meses que Falcón, nacido en Vila Franca de Xira treinta años atrás, había contraído matrimonio con Rosa Gil, la hija del propietario del popular y taurinísimo restaurante Casa Leopoldo, en pleno Raval. Unos meses después de su muerte nació su hija Carla, que hoy junto a su madre sigue regentando el negocio familiar.
Volvamos a la tarde del 11 de agosto. Hicieron el paseíllo Manolo Cortés, Falcón y Paco Bautista con el rejoneador Alvaro Domecq por delante, para lidiar una seria corrida de Hoyo de la Gitana. Al tercero, de nombre “Cuchareto”, lo citó José para torearlo al natural, pero a mitad del viaje, el toro lanzó un seco derrote y alcanzó de lleno al torero por la ingle izquierda. La sangre brotó a borbotones, la femoral rota, el angustioso traslado a la enfermería quedó marcado por un reguero rojo, casi negro, que hacia presagiar lo peor.
Cuando llegó a las manos del doctor Olivé, cuentan que aún tuvo hilo de voz -“doctor duérmame”-, y ya no despertó. Tres horas después, sobre las diez de la noche, su corazón se apagó para siempre.
José Falcón fue protagonista de una de las páginas más duras de la historia del toreo en Cataluña, su esposa Rosa Gil, que sufrió con dolor descarnado la cara más dura de la Fiesta, ha demostrado generosidad sin límites al mantener viva su afición. Un ejemplo.


sexta-feira, 9 de agosto de 2024

O MUSEU DAS DESCOBERTAS, DE NOVO

Há temas que são algo semelhante a uma "assombração". Trabalhei neste projeto entre abril de 2018 e o final desse ano. Não deu em nada. Nunca falei sobre este processo. Faço-o agora, a convite do espaço cultural que o El Corte Inglés dinamiza. Fico com alguma curiosidade com "o que isto vai dar"...

https://catalogos.elcorteingles.pt/ElCorteIngles/ambito-cultural/2024/magazine-setembro-dezembro/?fbclid=IwY2xjawEiKCZleHRuA2FlbQIxMQABHSxDw3n5VlEHXuQ_zCsol7t-PkSBXj-IZTOv6P6K5wtLTkbbS7ICOkZgBw_aem__KHqE_g1Nm5vStggvhm2Aw


quinta-feira, 8 de agosto de 2024

DOCE BAIRRO

Não sei porquê, mas apareceu-me, há dias, numa rede social, esta imagem festiva de um aniversário do Campo Arqueologico de Mértola.

Tenho a certeza de ter participado nessa festa, mas não me recordava da decoração do bolo. Bem, faz agora extamente 20 (vinte!) anos, andava eu de escadote, com uma Leica M6 e com uma Leica R7, mais uma bateria de rolos Ilford FP4, um fotómetro Minolta IV F, mais um bloco de apontamentos e fitas métricas, fotografando e tomando notas sobre notas. Tive ajudas ocasionais nessa tarefa insana: o Manuel Macias, o Manuel Passinhas, o José Bento...

A equipa de desenho era luxuosa: o Carlos Rico, o Carlos Alves, a Vanessa Gaspar, a Luísa Almeida, a Marta Coelho, o José Manuel Pedreirinho, o Pedro Travanca.

O livro foi apresentado no dia 14 de fevereiro de 2006.

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

MIJAÍN LÓPEZ

É cubano e ganhou, pela quinta vez consecutiva, a medalha de ouro em luta greco-romana. O feito, único na história dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, mereceu uma discretíssima atenção dos órgãos de propaganda do capitalismo (aka comunicação social).

Em 2020, Mijaín López dedicou a sua vitória a Fidel Castro. Será essa a explicação?

terça-feira, 6 de agosto de 2024

UM EMPRESÁRIO DE MOURA NAS ASAS DA TAP

Vi a referência hoje, nas redes sociais, e fiquei supreso com a notícia e contente, ao mesmo tempo.

O meu amigo João Cortez conseguiu, com mérito e trabalho, chegar aos menus da classe executiva da TAP. Associou-se aos melhores chefs e ganhou uma maior dimensão. De certeza que não foi fácil e que implicou perseverança e capacidade para executar.

Uma visita à página do Grupo Cortez no facebook dá para perceber o que é ter inciativa: https://www.facebook.com/ServicosNauticosePescas

Boa sorte e (ainda) maiores sucessos no futuro.

O BLOGUE DA SEMANA, MAS HÁ UM ANO

Só agora, um ano volvido, me dei conta desta simpática referência ao "Avenida da Salúquia, 34" no blogue Delito de Opinião. Coisas que nos escapam e que depois, vindas não se sabe de onde, nos aparecem à frente.

Obrigado, mesmo tardiamente.


segunda-feira, 5 de agosto de 2024

O DESERTO, EM KERZAZ...

A "relação" com esta fotografia tem uma pequena "história". Vi-a à venda, no Instituto do Mundo Árabe, em Paris, em 1992. O poster era relativamente grande, o transporte ia ser chato e optei por deixar para depois. Não houve depois. Não voltei a ver o poster. A edição original está à venda no eBay: 125 euros! Um exagero. Mesmo tratando-se de uma das mais belas fotografias do mundo. É uma imagem do deserto argelino, perto de Kerzaz. Data de 1957 e é seu autor um nome maior da fotografia mundial: George Rodger (1908-1995).

Argel fica 910 quilómetros a nordeste.

Moura fica 1115 quilómetros a noroeste.

Kerzaz é daqueles sítios de que não me esqueço. Como Ghadames, Agadez ou Ghardaia. Talvez um dia...

Início do poema Le désert de Louise Colet (1810-1876):

Le désert ! le désert dans son immensité, 

Avec sa grande voix, sa sauvage beauté ; 

Ses pics touchant les deux, ses savanes, ses ondes, 

Cataractes roulant sous des forêts profondes ; 

Ses mille bruits, ses cris, ses sourds rugissements, 

Gigantesque concert de tous les éléments !


domingo, 4 de agosto de 2024

O REAL DE MOURA NAS COLOMBINAS

Numa frase curta: não é para qualquer um!

Estou demasiado longe, mas fica a "curiosidade" do confronto com os Amadores de Turlock, com um estilo completamente diferente daquele que nos é habital.



sábado, 3 de agosto de 2024

MÉRTOLA NO MÉDIO ORIENTE?

Há coisas inesperadas. Como receber um telefonema de Mértola para saber se eu tinha os originais da exposição "Mértola, o último porto do Mediterrâneo". A representação diplomática portuguesa na Palestina quer apresentar uma exposição sobre o património islâmico de Mértola. Sugeriu-se esta. Daí o contacto que me fizeram.

Os meus discos externos são uma torre de babel, pelo que optei por ligar para a TVM, empresa que tratou do desenho da exposição. Os PDF ainda existem, valha-nos isso... Foram remetidos hoje mesmo para o Campo Arqueológico de Mértola e daí para a representação portuguesa na Palestina. O que se segue, não sei...

A exposição teve estreia no Castelo de S. Jorge, em 14.2.2006. Por iniciativa do Pedro Moreira, que estava na altura (e regressaria, mais tarde e noutras funções) na EGEAC, que fez tudo para que Mértola estivesse no centro de Lisboa. A produção e a coordenação geral coube à TERRACULTA (Conceição Amaral e Francisco Motta Veiga). Foi o início de uma longa digressão. É agora a vez da Palestina?

Do baú de recordações: o telão que estava no exterior da sala ogival do Castelo.


sexta-feira, 2 de agosto de 2024

A PROPÓSITO DOS EMIGRANTES

Chama-se Ederzito António Macedo Lopes, nasceu em Bissau, e é filho de emigrantes. Na noite de 10 de julho de 2016 deu uma alegria maior a todos os portugueses. Aos que aqui estamos e aos que vivem fora de portas. Tenho a certeza de que essa alegria foi ainda maior para os nossos emigrantes.

Somos um País de gente que partiu. Em tempos idos, quase sempre por obrigação e pela necessidade de procurar um destino melhor. Nos tempos da escola primária, tinha vários colegas cujos pais estavam na Suiça. Cresceram na casa de generosos familiares. Com os pais que faltavam. Diria sobretudo com as mães que faltavam. O esforço dessas famílias para construir um futuro melhor – as casas que se construíam, os carros que se compravam, os negócios que, no regresso, se tentavam erguer – fazem parte de uma saga ainda por historiar e por homenagear devidamente. O respeito que tenho pelos emigrantes ultrapassa em muito o escasso talento que tenho para o explicar em palavras.

Ironias da vida, eu que nunca tive familiares próximos nessa emigração, vivo agora num bairro onde há muitos emigrantes. A estranheza com que muitos encaram isso não deve ser muito diferente daquela com noutros países se olhavam os nossos compatriotas. “Você mora onde?? Na Buraca?? Mas aquilo é só pretos”. O nome do bairro parece ser sinónimo de terror. Como se dissesse “vivo no South Bronx”. Ou “em LA South Central”. Ou “em Vaulx-en-Velin”.

A janela da cozinha fica virada para um local de passagem. E é uma janela sobre o mundo. Gente que vai para o trabalho ou do trabalho regressa. Emigrantes africanos ou cidadãos portugueses de origem africana passam a toda a hora. Há reformados, que o bairro tem cada vez mais reformados, e há ainda um certo ambiente de família. A praceta é um mix de alentejanos, de reformados e de população de origem africana. Afinal, foi o bairro que deu origem aos BURAKA SOM SISTEMA.

Ao fim do dia, quando a noite se fecha, são mulheres anafadas, na casa dos 50/60 anos, que regressam das empresas onde trabalham nas limpezas. Não é raro que tenham dois empregos: 14 horas de trabalho, mais duas em transportes vários, mais as compras, mais a família. Dessas vidas ninguém se lembra, e a elas não chegam as condecorações nem o elevador social. É neste ambiente que regresso muitas vezes a casa, no 50 ou no 54.

Os mais novos usam camisolas e vestidos com a bandeira de Cabo Verde. O azul e as ilhas. Falam cabo-verdiano e português. Têm uma forte relação afetiva com a terra de origem dos pais, tal como sucede com os nossos lusodescendentes. Contribuem para a riqueza do nosso País como os nossos emigrantes foram, e são, decisivos para a prosperidade dos países onde estão.

Quando percorro as ruas da Buraca dou comigo a pensar que esta é uma realidade em espelho. Muitos habitantes do bairro vieram para cá, como os nossos compatriotas foram para outras paragens. O mundo que aí vem pode causar-nos alguma “estranheza”, por ser uma realidade nova, num mundo que não voltará a ser o que era antes. Vai ser um mundo multicultural, diferente e, acredito eu, que nem sou grande otimista, vai ser um mundo melhor. Em grande parte, graças aos emigrantes. A todos os emigrantes.

Crónica em "A Planície"

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

PRECISAMENTE...

Ou há clarificação ou não há credibilidade.

PEQUENOS MISTÉRIOS DE UM BLOGUE...

Há pequenas coisas que me deixam contente... e me intrigam. Desde setembro de 2018 (já lá vão quase seis anos) que o Avenida da Salúquia não tinha tantas visualizações de página: mais de 24.000 neste julho que passou. Que se passará?