Reunião de ativistas da CDU, ontem à tarde, em Moura. Balanço e perspetivas de futuro. Os mais de 50 de ontem serão, em breve, muitos mais. Importa preparar o trabalho que se avizinha. O trabalho autárquico consolidou-se, nestes 3 anos. Foram tempos de afirmação, num quadro de grandes dificuldades externas e internas. Nada que não tenha vindo a ser ultrapassado. Foi difícil selecionar as iniciativas, apresentadas num curto vídeo. Foram mais as que ficaram de fora do que as mostradas.
domingo, 30 de outubro de 2016
PORTUGAL E OS PORTUGUESES VISTOS POR DENTRO MAS DE FORA - VIII/X: PETER FINK
Uma mulher algures em Portugal, em 1955. Um trabalho de Peter Fink (1907-1984), que várias vezes passou pelo nosso País, retratando aspetos da nossa vida quotidiana. Gosto deste jogo de espelhos, entre várias realidades. Uma fotografia borgesiana, de beleza e intensidade indefiníveis. Ou Portugal como poucos portugueses nos terão visto.
sábado, 29 de outubro de 2016
CAVALOS DE FERRO
Dois Rumos
Mentir, eis o problema:
minto de vez em quando
ou sempre, por sistema?
Se mentir todo dia,
erguerei um castelo
em alta serrania
contra toda escalada,
e mais ninguém no mundo
me atira seta ervada?
Livre estarei, e dentro
de mim outra verdade
rebrilhará no centro?
Ou mentirei apenas
no varejo da vida,
sem alívio de penas,
sem suporte e armadura
ante o império dos grandes,
frágil, frágil criatura?
Pensarei ainda nisto.
Por enquanto não sei
se me exponho ou resisto,
se componho um casulo
e nele me agasalho,
tornando o resto nulo,
ou adiro à suposta
verdade contingente
que, de verdade, mente.
Carlos Drummond de Andrade, in "Boitempo"
minto de vez em quando
ou sempre, por sistema?
Se mentir todo dia,
erguerei um castelo
em alta serrania
contra toda escalada,
e mais ninguém no mundo
me atira seta ervada?
Livre estarei, e dentro
de mim outra verdade
rebrilhará no centro?
Ou mentirei apenas
no varejo da vida,
sem alívio de penas,
sem suporte e armadura
ante o império dos grandes,
frágil, frágil criatura?
Pensarei ainda nisto.
Por enquanto não sei
se me exponho ou resisto,
se componho um casulo
e nele me agasalho,
tornando o resto nulo,
ou adiro à suposta
verdade contingente
que, de verdade, mente.
Carlos Drummond de Andrade, in "Boitempo"
A velocidade de um cavalo parado, diria Rafael Alberti. O suporte, a fragilidade, o casulo, a armadura foram-me evocados pelo poema. Um trabalho interessantíssimo do escultor Renato Costa e Silva (n. 1956). Que dá expressão a uma peça do século XVIII. A prova provadíssima que presente e passado são conjugáveis.
BAILE DE MÁSCARAS
Paixão mesmo tenho pelos expressionistas. Max Beckmann já por aqui andou, na altura em que participei numa conferência, em Frankfurt. A "distorção" das perspetivas que é reflexo de uma realidade reiventada e fora das normas foi elemento de perturbação para académicos conservadores. Hoje lembrei-me desta obra de Beckmann, criada em 1922.
Muito mais para temer é o inimigo oculto e dissimulado, que descoberto. (Padre António Vieira)
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
ÁGUA TUAREGUE
Exposição sobre a água e o mundo tuaregue, quase até final do ano, em Moura. Sabedoria milenar de um povo, captado pela objetiva de Miguel Plácido.
Coisas que acontecem nesta nossa Moura. Até maio de 2017 haverá ainda mais duas exposições.
Durante a estação seca, diz-se
que os animais selvagens
vão beber, todas as sextas-feiras,
a um charco secreto,
desconhecido dos homens.
O comércio da água
conduz à pobreza.
terça-feira, 25 de outubro de 2016
DIAS UM POUCO DIFERENTES: DA GESTÃO ESTRATÉGICA E POLÍTICAS PÚBLICAS AOS EFEITOS DA BAIXA DENSIDADE NO CONCELHO DE MÉRTOLA
De Moura para Lisboa para Moura para Mértola para Lisboa de novo...
Primeiro uma aula sobre a Câmara Municipal de Moura no seminário “Gestão Estratégica e Políticas Públicas” do Mestrado em Gestão e Políticas Públicas – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (Lisboa), a convite do Prof. Paulo Macedo. Depois uma intervenção sobre "Assimetrias nacionais e assimetrias locais - viver na raia", a convite do Dr. Jorge Rosa, Presidente da Câmara Municipal de Mértola. A partilha de experiências e a discussão de ideia e de soluções. Dias de reflexão, antes do intenso mês de novembro que aí vem.
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
DJENNE
A fotografia data da primavera de 2008. A luz estava bonita e fugidia, naquele sítio difícil de fotografar. A mulher, de ar pensativo e roupa branca, esteve imóvel poucos segundos. Os suficientes para três negativos. Faltou a luz, sobraram as sombras.
Sombras
A meio desta vida continua a ser
difícil, tão difícil
atravessar o medo, olhar de frente
a cegueira dos rostos debitando
palavras destinadas a morrer
no lume impaciente de outras bocas
anunciando o mel ou o vinho ou
o fel.
Calmamente sentado num sofá,
começas a entender, de vez em quando,
os condenados a prisão perpétua
entre as quatro paredes do espírito
e um esquife negro onde vão desfilando
imagens, só imagens
de canal em canal, sintonizadas
com toda a angústia e estupidez do mundo.
As pessoas - tu sabes - as pessoas são feitas
de vento
e deixam-se arrastar pela mais bela
respiração das sombras,
pela morte que repete os mesmos gestos
quando o crepúsculo fica a sós connosco
e a noite se redime com uma estrela
a prometer salvar-nos.
A meio desta vida os versos abrem
paisagens virtuais onde se perdem
as intenções que alguma vez tivemos,
o recorte obscuro de perfis
desenhados a fogo há muitos anos
numa alma forrada de espelhos
mas sempre tão vazia, sem abrigo
para corpo nenhum.
Fernando Pinto do Amaral in Pena Suspensa
difícil, tão difícil
atravessar o medo, olhar de frente
a cegueira dos rostos debitando
palavras destinadas a morrer
no lume impaciente de outras bocas
anunciando o mel ou o vinho ou
o fel.
Calmamente sentado num sofá,
começas a entender, de vez em quando,
os condenados a prisão perpétua
entre as quatro paredes do espírito
e um esquife negro onde vão desfilando
imagens, só imagens
de canal em canal, sintonizadas
com toda a angústia e estupidez do mundo.
As pessoas - tu sabes - as pessoas são feitas
de vento
e deixam-se arrastar pela mais bela
respiração das sombras,
pela morte que repete os mesmos gestos
quando o crepúsculo fica a sós connosco
e a noite se redime com uma estrela
a prometer salvar-nos.
A meio desta vida os versos abrem
paisagens virtuais onde se perdem
as intenções que alguma vez tivemos,
o recorte obscuro de perfis
desenhados a fogo há muitos anos
numa alma forrada de espelhos
mas sempre tão vazia, sem abrigo
para corpo nenhum.
Fernando Pinto do Amaral in Pena Suspensa
sábado, 22 de outubro de 2016
PEIXES
Evocação piscícola, no último dia do campeonato do mundo de pesca ao achigã, que está a ter lugar em Moura. O ambiente no Parque Municipal de Feiras e Exposições era, ontem à tarde, bem festivo. Pesagens, aplausos, fotografias, num ritmo certo e sério. Regressei ao local à noite, para registar o enorme aquário iluminado, que chamava a atenção à entrada de Moura.
Os peixes dão pano para mangas.
Começando por uma alocução de que gosto, desinit in piscem mulier formosa superne, escrevia Horácio. Ou seja, a mulher formosa termina numa cauda de peixe. Não me parece mal, essa ideia das sereias.
E terminando no texto CLXXXIII das Cantigas de Santa Maria, um poema do século XIII. Reproduzo o final da cantiga que evoca o desaparecimento e o reaparecimento dos peixes no mar de Faro, por intercessão de Nossa Senhora. O poema é absolutamente fantástico, tal como todos os outros das Cantigas. Versão integral em: https://pt.wikisource.org/wiki/Cantigas_de_Santa_Maria
Ca fez que niun pescado nunca poderon prender
enquant' aquela omagen no mar leixaron jazer.
Os mouros, pois viron esto, fórona dali erger
e posérona no muro ontr' as amas en az.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
Des i tan muito pescado ouveron des enton y,
que nunca tant' y ouveran, per com' a mouros oý
dizer e aos crischãos que o contaron a mi;
poren loemos a Virgen en que tanto de ben jaz.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
enquant' aquela omagen no mar leixaron jazer.
Os mouros, pois viron esto, fórona dali erger
e posérona no muro ontr' as amas en az.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
Des i tan muito pescado ouveron des enton y,
que nunca tant' y ouveran, per com' a mouros oý
dizer e aos crischãos que o contaron a mi;
poren loemos a Virgen en que tanto de ben jaz.
Pesar á Santa Maria de quen por desonrra faz...
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
SENHOR JESUS DOS QUARTÉIS
Eu sou o bom pastor.
O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas.
O mercenário, como não é pastor nem são suas as ovelhas,
logo que vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge,
enquanto o lobo as arrebata e dispersa.
O mercenário não se preocupa com as ovelhas.
Eu sou o bom pastor:
conheço as minhas ovelhas
e as minhas ovelhas conhecem-me,
do mesmo modo que o Pai me conhece
e eu conheço o Pai;
Eu dou a vida pelas minhas ovelhas.
Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil
e preciso de as reunir;
elas ouvirão a minha voz
e haverá um só rebanho e um só pastor.
Por isso o Pai me ama:
porque dou a minha vida, para poder retomá-la.
Ninguém ma tira, sou eu que a dou espontaneamente.
Tenho o poder de a dar e de a retomar:
foi este o mandamento que recebi de meu Pai.
O Evangelho segundo S. João está cheio de passagens poéticas. Como esta, que é uma das minhas favoritas. E que me veio ontem à memória, durante a reabertura ao público da Ermida dos Quartéis, em Moura. Luz intensa no exterior, um jogo de luzes e de reflexos no interior. A Paróquia recuperou este espaço, com a ajuda e a boa vontade de várias pessoas. Estive presente na cerimónia e felicitei o padre José Manuel. E informei-o dos vários projetos em curso neste domínio.
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
MANDATO AUTÁRQUICO: DE 731 A 1095
Chegámos a 3/4 deste mandato autárquico. O terceiro ano teve mais momentos fortes:
* Obras de ligação definitiva do fornecimento de eletricidade ao Centro de Acolhimento a Microempresas de Moura;
* Cobertura de um troço da Ribeira de Vale de Juncos;
* Inauguração do Pavilhão das Cancelinhas;
* Conclusão da obra de requalificação do Pavilhão Gimnodesportivo;
* Conclusão do campo de jogos na EBI de
Amareleja;
* Pavimentação junto ao Loteamento
da Coutada, na entrada da Póvoa de S. Miguel;
* Abertura do Centro Náutico da Estrela;
* Atribuição dos nomes de Manuel Mestre e Manuel Romana Ângelo a equipamentos concelhios;
* Inauguração do Parque de Leilão de Gado;
* Atribuição de distinção da Associação Portuguesa de Museologia à exposição "Água - património de Moura";
* Novos passeios em Moura (junto ao antigo matadouro e no acesso ao Parque de Feiras;
* Realização da fase final das obras na Ribeira da Perna Seca e no Pátio dos Rolins;
* Continuação de iniciativas como MOURALUMNI, Câmara Aberta, Presidentes de Câmara do Distrito em Moura, Fórum 21 e Um dia na Presidência;
* Dinamização da Galeria do Espírito Santo;
* Apoio à reabilitação da igreja de Santo Amador;
* Substituição das cobertura de duas escolas;
* Obras de reabilitação do Cineteatro Caridade;
* Lançamento de livros e de dvd;
* Arranjo da rotunda da feira (com um trabalho escultórico da autoria de Francisco Hermenegildo);
* Continuação da reabilitação da habitações no âmbito do projeto ÁGORA SOCIAL;
* Preparação de obras a lançar: Igreja da Safara, Bairro do Carmo, Ponte do Coronheiro, Torre do Relógio, Caminho da Freixeira, Estrada Municipal Sobral-Santo Aleixo, etc.
* Conclusão de projetos:
- Projeto de picadeiro, na Póvoa de
S. Miguel;
- Revisão do PDM (fase
final);
- Projeto de retificação do pluvial
na Ponte das Sete Casas, em Moura;
- Projeto de reabilitação das
muralhas modernas de Moura;
- Projeto de iluminação exterior do
Pátio dos Rolins (em fase de conclusão);
- Projeto de reabilitação das
termas de Moura (em fase de conclusão);
* Está em curso um processo de revitalização do antigo Campo Maria Vitória, que será destinado a atividades económicas;
* A Câmara Municipal continuou a apostar na realização de feiras e na presença na Bolsa de Turismo de Lisboa;
* O movimento associativo viu consolidado o apoio concedido, com valores que rondam os 400.000 euros anuais;
* Destacamos ainda o Carnaval das Escolas, as comemorações do Dia da Mulher, a Feira do Livro e a Árvore da Partilha;
* Salientamos, na área da Educação, a atribuição do Prémio de Mérito Escolar, a criação de novas bolsas de estudo, em cooperação com empresas do concelho, as múltiplas iniciativas levadas nas/com as escolas e que envolveram a Ludoteca, a Biblioteca e o Museu.
* Deixamos aqui de lado tudo aquilo que diz respeito ao funcionamento dos equipamentos municipais (pavilhão, piscinas etc.), à atividade diária e às respostas a inúmeras solicitações, feitas a cada momento. Deixamos aqui também de lado as múltiplas ações levadas a cabo pelos trabalhadores da Câmara Municipal de Moura (a começar pela recolha do lixo e a terminar na manutenção de redes de água, de jardins, etc.), sem os quais tudo o que foi listado não teria sido possível. Adquiriram-se novos equipamentos para o setor operacional, alterou-se o mapa de pessoal e mantiveram-se os horários de 35 horas. Comprou-se um novo terreno para expansão do estaleiro municipal.
Foi assim, e assim continuará a ser.
Fotografia da equipa, na noite de dia 29 de setembro, três anos depois das eleições.
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
CAMPEONATO DO MUNDO - PESCA AO ACHIGÃ EM EMBARCAÇÃO
As provas a doer começam amanhã. Mas ontem houve um desfile de barcos e de equipas pelas ruas de Moura, criando um rush hour inabitual. Estive presente na sessão de abertura, onde tive a oportunidade de saudar as dez seleções presentes (África do Sul, Alemanha, Espanha, França, Itália, México, Portugal, Roménia, Suazilândia e Venezuela). Três continentes a marcar presença num evento importante para o nosso concelho.
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