sábado, 30 de abril de 2016

TEM A PALAVRA O SR. JOSÉ PRESCINDO

A reunião já ia longa e as intervenções, maioritariamente inúteis, sucediam-se. Um dia inteiro numa sala, ainda para mais com o mar à vista, era tortura violenta. Há quem ache aquelas coisas fundamentais. Deve escapar-me algo, escapa seguramente, mas tenho aquele tipo de encontros como o epítome do tédio. Há, contudo, momentos que me fazem hesitar em tão radical apreciação. Pelo motivo que se segue.

A dada altura, quem dirigia os trabalhos anunciou:
- Tem de seguida a palavra o sr. José Marreiros.
O visado disse, alto e bom som:
- Prescindo.
O speaker, amavelmente, corrigiu:
- Peço desculpa, tem a palavra o sr. José Prescindo.

O resto das palavras foi abafado pelas gargalhadas dos presentes. Ainda hoje me resta a dúvida se foi lapso mesmo ou um modo de animar a sala e abreviar a sessão.


sexta-feira, 29 de abril de 2016

NEM TÁXIS, NEM UBER...

... nem a magana da mana deles (como se diz aqui na margem esquerda). Tenho as PIORES recordações dos táxis do aeroporto de Lisboa. E muito más recordações, em termos gerais, do serviços de táxis em Lisboa. Má vontade (experimentem pedir para serem transportados a Alvalade...), maus modos e "filosofia" política de raíz salazarista (em 80% dos casos). É coisa que uso muito raramente. Em Lisboa prefiro, claramente, os transportes públicos coletivos. Sou cliente habitual do metro, dos autocarros, dos elétricos.

A "luta" de hoje passa-me ao lado. Fisicamente, porque não vivo em Lisboa. Politica e emocionalmente, pelo que escrevi mais acima.



VERDES SÃO OS CAMPOS (E AS ERVAS NA RIBEIRA)

Verdes são os campos

Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.

Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.

Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.




A lírica camoniana em começo de dia e em final de semana.  Este é um dos meus poemas preferidos. Lembrei-me dele ao fotografar, há semanas, no Ardila. 

Os computadores permitem hoje estas conversões: cor ou preto e branco? A imagem partiu de um erro de leitura meu. Esqueci-me, fotografando em manual, de ajustar a abertura: f/13 a 1/250 deu isto, uma imagem escura, quase impercetível. Optei por a manter. Ficou melhor do que se tivesse ficado bem...

quinta-feira, 28 de abril de 2016

DO BANCO DE TEMPO AO TEMPO QUE FOGE

Abriu em Moura, na passada segunda-feira, uma agência do Banco de Tempo. É provável que alguns achem o conceito algo abstrato, meio urbano e difícil de aplicar ao interior do Alentejo. O tempo (sim, o tempo) o dirá. Ficar parado de pouco vale. A iniciativa tem mérito e é inovadora. Temos de procurar, sempre, caminhos novos e diferentes. Enquanto é tempo.

Assombrado pelo tempo (se fosse filósofo era esse tema a que me dedicaria), vejo os dias passarem com rapidez, cada vez mais rápidos. E dou-me agora conta que o tempo não é imutável... Quando era criança, achava que tudo corria aborrecidamente devagar. Estou agora mais perto do ómega que do alfa. Foi isso que me levou à escultura romana. E ao crismon, omnipresente da arte paleocristã. E ao poema de Emily Dickinson. Look back on time with kindly eyes? Todos os dias isso fazemos. Todos nós.


Part Four: Time and Eternity

VIII

LOOK back on time with kindly eyes,    
He doubtless did his best;
How softly sinks his trembling sun      
In human nature’s west!

Emily Dickinson (1830–86)

Representação simbólica da Ressurreição (meados séc. IV)

quarta-feira, 27 de abril de 2016

AMADEO EM PARIS, OU A CAPACIDADE DE PROMOÇÃO QUE NOS FALTA

Os franceses, com regularidade, "descobrem" e promovem um pintor mais ou menos desconhecido, de preferência da viragem do século XIX para o século XX, que depois disso Paris foi chão que deu uvas e quem passou a mandar foram os americanos. Muitos deles são génios de terceira ordem. Mas vendem bem, há marketing e merchandising e assim. Que tenham agora "descoberto" a pintura de Amadeo de Souza-Cardoso é um quase milagre. O comissariado da exposição coube à historiadora Helena de Freitas. Um momento único, pela importância do sítio e, sobretudo pelo génio, precocemente desaparecido, do pintor nortenho.

Voltarei ao tema.

Ver - http://www.grandpalais.fr/fr/evenement/amadeo-de-souza-cardoso



25 DE ABRIL, QUASE SEMPRE...

Quase sempre, porque se todos os dias tivesse esta agitação...

Depois da visita do Presidente da República, entrou-se no 25 de abril. Resumo telegráfico de três dias pelos cantos do concelho:

1. Apresentação da corrida de touros da feira de maio (23.4 - 12 h)
2. Almoço do Moto-Clube (23.4 - 14 h)
3. Espetáculo no Centro Cultural de Santo Amador (23.4 - 15 h)
4. Colóquio na Casa do Povo de Amareleja (23.4 - 16 h)
5. Festa de aniversário do Grupo Desportivo Amarelejense (23.4 - 23 h)
6. Espetáculo "Al Traste" (24.4 - 1 h)
7. Almoço no Centro Cultural de Santo Amador (24.4 - 13 h)
8. Visita às filmagens de "Seara de Vento" (24.4 - 17 h)
9. Espetáculo musical (24.4 - 22 h)
10. Içar da bandeira (25.4 - 9 h)
11. Entrega de material aos escuteiros - iniciativa BVM/CMM (25.4 - 9h 30)
12. Homenagem aos autarcas falecidos, em Santo Amador (25.4 - 12 h)
13. Jogo da malha (25.4 - 13 h)
14. Homenagem a Manuel Mestre, presidente da câmara entre 1991 e 1997 (25.4 - 15h)
15. Homenagem a Manuel Romana Ângelo, presidente da câmara entre 1979 e 1985 (25.4 - 15h 30)

Para ano, outro 25 de abril.

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segunda-feira, 25 de abril de 2016

AGORA QUE MALICK SIDIBÉ NOS DEIXOU...

O tempo passa e foi há cinco anos e meio que Malick Sidibé passou aqui pelo blogue. O grande artista maliano deixou-nos no dia 14 de abril.

Fotografia de estúdio (quase) pura e dura. Aquele (quase) hieratismo deixou marcas e, se não criou escola,  ensinou outros a criarem cenários. Um dos que segue o espírito de Malick Sidibé é o alemão Rainer Elstermann. Que, curiosamente, usa em muitas fotografias modelos negros. A melhor homenagem é a da continuidade, creio eu.

Todas estas fotografias, todas as de Malick Sidibé e quase todas de Rainer Elstermann me evocam Vou-me embora para Pasárgada. Vá lá saber-se porquê.

Site - http://www.rainerelstermann.de


sábado, 23 de abril de 2016

UMA SELFIE COM O PRESIDENTE!

Já a visita terminara quando, numa rua, sou sacudido pelos brados de três divertidos jovens mourenses, "vá uma selfie com o nosso presidente, que não é só o outro que tem direito". OK, assim se fez. Mónica, Pedro e Paula, ficam com um lugar especial aqui no coração do rapaz...


MARCELO REBELO DE SOUSA EM MOURA

No passado dia 9 de Março enviei um convite ao Presidente da República para visitar Moura. Demorou menos de um mês e meio que do convite se passasse à concretização. A passagem por Moura deveria demorar 45 minutos. Foram mais de duas horas e meia de passeio pela zona histórica e de confraternização com o povo de Moura.

A visita abrangeu dois tópicos: reabilitação patrimonial e intervenção social. No matadouro, o Presidente da República visitou a exposição Água - património de Moura e Gotas de água (esta  última com fotografias de José Manuel Rodrigues). Daí se passou à Mouraria (cujo recuperação teve o Prémio IHRU em 2014). Houve lugar a uma brilhante atuação do coro infantil dos meninos da Escola Básica do Sete e Meio. A visita terminou na Moura Salúquia - Associação de Mulheres do Concelho de Moura. Pelo meio, esteve a população de Moura ("esta gente é muita afetiva", disse-me, a dada altura, o Presidente da República). Se é, garanto eu. Selfies, copos de vinho, autógrafos, houve de tudo um pouco no périplo mourense.

A cidade de Moura tem mais que prestígio suficiente para merecer a visita do Presidente da República Portuguesa. Que veio, hélas, conhecer arqueologia e museus...


sexta-feira, 22 de abril de 2016

TÓNICA CASTELLO

No final de um dia intenso e com nuvens, estive na sessão de apresentação da Castello - água tónica, no Mercado de Campo de Ourique. Ousadia e inovação saúdam-se. Tal como merece destaque a rotulagem com um toque retro. O design remete para as garrafas de outrora e tem um toque de classe. O piano e o contra-baixo que acompanhavam a cerimónia completavam o ambiente? Fly me to the moon, ouvi a dada altura. Um som apropriado.

O dr. Jorge Henriques, administrador da Mineraqua, teve a simpatia de me convidar a estar presente e a intervir durante a sessão. Isso deu-me a oportunidade de congratular a Água Castello por mais este passo. E permitiu-me também anunciar que a valsa mandada compor pela empresa no início do século XX será editada este ano. Uma peça de Alfredo Keil, interpretada pelo pianista Mauro Dilema.


quarta-feira, 20 de abril de 2016

ALÔ, KIGALI! ALÔ, ULAN BATOR!

Por qualquer misteriosa razão, o blogue "chegou" esta semana ao Ruanda e à Mongólia. Alô, Kigali! Alô Ulan Bator, aquele abraço!




MOVIMENTO ILUSÓRIO

Um escultor do movimento. Alexander Calder (1898-1976) tornou-se célebre pelos seus mobiles. Gosto muito deste Lobster trap and fish tail, datado de 1939 e que resultou de uma encomenda do Museum of Modern Art, de Nova Iorque. 


Movimiento

Si tú eres la yegua de ámbar
              yo soy el camino de sangre
Si tú eres la primer nevada
              yo soy el que enciende el brasero del alba
Si tú eres la torre de la noche
              yo soy el clavo ardiendo en tu frente
Si tú eres la marea matutina
              yo soy el grito del primer pájaro
Si tú eres la cesta de naranjas
              yo soy el cuchillo de sol
Si tú eres el altar de piedra
              yo soy la mano sacrílega
Si tú eres la tierra acostada
              yo soy la caña verde
Si tú eres el salto del viento
              yo soy el fuego enterrado
Si tú eres la boca del agua
              yo soy la boca del musgo
Si tú eres el bosque de las nubes
              yo soy el hacha que las parte
Si tú eres la ciudad profanada
              yo soy la lluvia de consagración
Si tú eres la montaña amarilla
              yo soy los brazos rojos del liquen
Si tú eres el sol que se levanta
              yo soy el camino de sangre
O poema é de Octavio Paz (1914-1998). O post de hoje é dedicado aos que, estando imóveis, julgam mover-se...

NOMENCLATURA

O Brasil intriga-me. Sinceramente. Uma parte da minha perplexidade está traduzida nesta fotografia... Nenhum dos protagonistas parece levar o seu papel demasiado a sério.

A nomenclatura tem o seu quê de clownesco. Talvez isso ajude a explicar o resto. Como a inacreditável sessão de domingo. Ou os nomes dos representantes da nação, onde alinham Tiririca, Beto Salame, Shéridan, Tampinha, Tia Eron ou Zeca do PT. Não sou muito de poses hieráticas, mas há limites para tudo.


terça-feira, 19 de abril de 2016

JAVIER SOLÍS - 50 ANOS DEPOIS

Faz hoje 50 anos que Javier Solís morreu, com apenas 34 anos. Foi o último dos tres gallos mexicanos a desaparecer, depois de Jorge Negrete (1911-1953) e de Pedro Infante (1917-1957). Todos eles faleceram muito jovens, e de modo mais ou menos inesperado.

Aqui fica a minha homenagem a Javier Solís, grande intérprete de boleros e de canciones rancheras. Os boleros descobri-os há muito anos, através das gravações de António Machín. As cancioes rancheras e de mariachis pela voz de Linda Rondstadt (!), num disco de 1987.

A gravação é, tanto quanto consegui apurar, de 1963.

segunda-feira, 18 de abril de 2016

VIVA VERDI!

Não é bem o que se possa designar por ópera, tendo em conta o nível dos intérpretes. Mas Verdi aparece várias vezes na série Amici miei. Esta cena é, salvo erro, do segundo filme, realizado por Mario Monicelli em 1982. Não é aquilo que se possa dizer uma grande interpretação do conhecido quarteto do 3º ato do Rigoletto... Em todo o caso,

Viva Monicelli!

Viva Verdi!

Aqui vai, na escolha cinéfila da semana, bella figlia dell'amore:


domingo, 17 de abril de 2016

MÉRTOLA, 1996 - MOURA, 2016

Na passada sexta-feira foi inaugurada em Moura a exposição "Gotas de água". São duas dezenas de dezenas de fotografias de José M. Rodrigues (n. 1951), artista consagrado e Prémio Pessoa 1999.

Há exatamente 20 anos estava eu embrenhado na produção do livro "Mértola por José Manuel Rodrigues, Luís Pavão, António Cunha e Mariano Piçarra". Retomava então um projeto que tinha querido concretizar em Moura e que não conseguira levar a cabo. Acabei, de certo modo, por o fazer, em 2001, com "Moura - crónica da festa".

O "livro branco" de Mértola - com uma capa genial desenhada por Luís Moreira - permitiu reunir quatro amigos ligados ao projeto patrimonial da vila-museu. É uma edição da qual gosto muito, embora seja uma obra pouco amada... E que tem um punhado de obras-primas fotográficas. Como o cipreste que rasga a paisagem (fotografia de José M. Rodrigues).

Vinte anos depois, o meu amigo José está em Moura. Duplamente. Tem a exposição "Gotas de água" e prepara(mos) o álbum "Amareleja".


sábado, 16 de abril de 2016

COISAS POR RESOLVER

Há sempre, haverá sempre, coisas por resolver. Isso mesmo referi no passado dia 9, durante a apresentação do livro “Castelo de Moura – escavações arqueológicas”. Recordei, de forma breve, as intervenções realizadas em anos recentes (de 2008 a 2015, em especial) e que resultaram num número substancial de trabalhos de reabilitação. A cidade ganhou e ficou diferente? Decerto que sim.

O Centro de Joalharia Alberto Gordilho, a renovação da Mouraria, a igreja do Espírito Santo, o novo Posto de Turismo, o Pátio dos Rolins, a igreja de S. Francisco, os Quartéis, o antigo Matadouro, a sala de exposições na Torre de Menagem fizeram e fazem parte de uma plano de intervenção, levado a cabo de forma convicta. Se o presente nos dá razão quanto a estas matérias, o futuro mais razão nos dará.

Que intervenções de fundo temos, na cidade, por resolver? Duas, neste domínio: os conventos do Carmo e do Castelo. Retomo, quase “ipsis verbis”, um texto publicado há meses e que continua, infelizmente, bem atual.

Porque não avança o Convento do Carmo? Porque não se conseguiu ainda arranjar a parceria para o fazer. E porque os valores envolvidos – a reconversão em unidade hoteleira, por exemplo, não é possível por menos de 5/6 milhões de euros – são significativos. Numa altura de retração do investimento, mais difícil a tarefa se torna.

O Convento do Carmo vai ser um hotel? Pode ser uma das possibilidades, mas não a única. Depois de cometida a inacreditável estupidez de se ter de lá tirado o centro de saúde, é preciso adequar o espaço a novas funções. Por favor, poupem-me a modelos de gestão do género “centro cultural”, “universidade”, “museu”, etc.. Façam-se contas, veja-se o País em que vivemos e calculem-se custos de manutenção antes de se fazerem propostas disparatadas.

Reabilitar o Convento do Castelo  é uma necessidade? É verdade. Então porque não se reabilita? Primeiro, porque o trabalho de reforço das estruturas foi feito há cerca de seis anos e orçou em quase 500.000 euros (financiamento governamental: zero); depois, porque é necessário desenvolver um projeto para o imóvel, encontrando-lhe um uso adequado e financiando as suas obras. Com tantas obras a decorrer e com a especificidade desta intervenção, isso não seria possível. Os valores não serão inferiores a 3 milhões de euros. E recordemos que antes disto está a recuperação do antigo Grémio da Lavoura, que defendo como a próxima grande intervenção (com financiamento previsto numa “coisa” chamada PEDU).

São tarefas fáceis? Não são. Por isso mesmo se tornam mais interessantes e o desafio é maior. Por isso mesmo nos empenhamos nestes projetos.

Há propostas concretas e fundamentadas (não me refiro a sugestões e hipóteses) para o Convento do Carmo ou para o Convento do Castelo? Venham de lá elas. Se forem viáveis não haverá um segundo de hesitação.

O interior do País foi deixado à sua sorte. Cabe-nos, por isso, lutar por soluções. De forma determinada e com conhecimento de causa. Entre outras coisas, porque estas tarefas não podem ficar à mercê de amadorismos e de especialistas de fim de semana.


Texto publicado hoje, em "A Planície". A tela de Leonardo Coccorante (1680-1750), hoje no Honolulu Museum of Art, mostra bem o conceito romântico da "ruína".

sexta-feira, 15 de abril de 2016

REAL DE MOURA - TRIUNFO NO CAMPO PEQUENO

Uma noite verdadeiramente excecional. Tive a felicidade de estar presente e de poder constatar que aquilo que o Real Grupo de Forcados Amadores de Moura fez está ao alcance de muito poucos. Três pegas à primeira, com um momento alto no quinto toiro da noite (um Veiga Teixeira com 608 kgs.). O cabo Valter Rico foi à cara e mostrou como se faz.

Havia uma pequena multidão de mourenses que, à saída, não disfarçava a satisfação. E era bem caso para isso.


quinta-feira, 14 de abril de 2016

ANTÓNIO GALVÃO - GRANDE EXPOSIÇÃO NA AMADORA

Foi inaugurada há uma semana e estará patente ao público até dia 8 de maio. A cerimónia de abertura, na qual estive presente, foi uma sessão emotiva e que contou com a presença de dezenas de amigos do nosso amigo António Galvão. Há o compromisso de montar a exposição em Moura. A Presidente da Câmara Municipal da Amadora virá à nossa terra nessa ocasião.

Texto no site da C.M.A.:

"Exposição de homenagem póstuma ao pintor e artista multifacetado António Galvão (1945-2015).

Com uma carreira artística de cinquenta anos, António Galvão distinguiu-se principalmente na pintura, cujos quadros de tons fortes e traço expressivo, dignificam honradamente o seu Alentejo natal, que nunca esqueceu, e com o qual mantinha uma ligação estreita, nomeadamente por via de colaborações com o jornal A Planície, através de ilustrações, contos e poemas.

Natural de Moura, cedo se fixou na Amadora e foi aqui que produziu grande parte da sua obra. Como funcionário da Câmara Municipal, foi, enquanto designer gráfico, responsável por muitos dos materiais promocionais da cidade, nos quais deixou bem impressa a sua marca estilística. Menos conhecidas, serão as suas incursões na heráldica e na medalhística, onde se destacou pela produção dos brasões das freguesias do concelho da Amadora e pela realização de medalhões comemorativos do aniversário deste Município.

Na exposição, e além das obras de pintura, será possível descobrir documentação original sua, objetos pessoais como telas, cavaletes, poemas, artigos de jornal e o seu amado capote alentejano. Será igualmente possível admirar alguns trabalhos que efetuou enquanto designer gráfico, como cartazes ou os vintes medalhões comemorativos do aniversário do Município da Amadora, que produziu entre 1990 e 2012.

Esta mostra é uma parceria com a Câmara Municipal de Moura, localidade para onde se deslocará a exposição, após o dia 8 de maio, e à qual a Câmara Municipal da Amadora agradece a cedência de algumas obras."

Ver: http://www.cm-amadora.pt/calendario/icalrepeat_detail/2631/-/exposicao-alma-alem-tejo-de-antonio-galvao



quarta-feira, 13 de abril de 2016

ALUMNA VII

Sétima sessão do Projeto Mouralumni. Desta vez com uma funcionária da Câmara Municipal de Moura (sim, isso é possível!), que em 2013 concorreu a uma das mais importantes bibliotecas do nosso País. Ficou em primeiro lugar no concurso, e passou a ocupar o posto de diretora da Biblioteca Pública de Évora. A BPE tem mais de dois séculos e um espólio de fazer inveja a muitas instituições por esse mundo fora. Numa das sessões de ontem, Zélia Parreira referiu o assombroso número de 1.000.000 de documentos.

O Projeto Mouralumni será retomado no próximo mês de outubro, depois do início das aulas.


Zélia Parreira é diretora da Biblioteca Pública de Évora desde 2014.
Licenciada em História pela Universidade de Évora e pós-graduada em Ciências Documentais pela Universidade de Lisboa, é doutoranda na Universidade de Évora, a terminar a tese com o tema “A regulamentação legal das bibliotecas públicas em Portugal”. Foi bibliotecária responsável pela Biblioteca Municipal de Moura entre 1994 e 2013.

terça-feira, 12 de abril de 2016

UMA CIDADE E O SEU MUSEU: 18/20 - MADRID

Talvez o meu primeiro museu tenha sido o Prado. Ficava a curta distância da casa da avó Luzia e era sítio de peregrinação regular. Confesso que achava aquilo uma estucha, mas quem tem cinco ou seis anos não tem direito a voto. Mal sabia eu o que o futuro me iria reservar...

Em todo o caso, o que me causou mais impacto foi, decididamente, o Museo Arqueológico Nacional, onde estive pela primeira vez em janeiro de 1987. Enquanto o meu amigo Juan Zozaya foi subdirector da instituição visitava-o com alguma regularidade, nos tempos em que a minha vida mertolense estava a começar. Recordo que o meu castelhano com forte sotaque (muito diferente do puro andaluz do meu pai) causava surpresa ao contínuo que me atendia. Fui brindado com a pergunta "es usted argentino?" (duas vezes) e "es usted paraguaio?" (uma vez). O senhor teria tão fraco ouvido como má memória...

Recordo a grande surpresa que tive com a rica e diversificada coleção do MAN. E retenho, com clareza, a confirmada paixão que senti pela arte islâmica e pelos ambientes paradisíacos que retratava. Como nos cofres em marfim, que nunca me cansarei de admirar.

Uma coisa eu sei, hoje. Madrid não seria a mesma cidade sem este belo e luminoso museu.

Site: http://www.man.es/man/home.html


De uma coisa tenho a certeza. Sem este envolvimento, nunca Ibn Hazm teria escrito o seu El collar de la paloma... Tenha-se em atenção o lirismo deste excerto:

Es una virgen a quien el Misericordioso hizo de luz,
y cuya belleza sobrepasa toda estimación.
Si el día del juicio y del sonar de la trompeta
mis hechos tuviesen tan bella figura,
sería el más feliz de todos los siervos de Dios
en el paraíso y en el trato de las vírgenes huríes.

(trad. Emilio García Gómez)

ORA DEIXA CÁ VER, SHAKHTAR É PRÁ DIREITA Ó PRÁ ESQUERDA?

O futebol é, sempre, um manancial. Há dias, um jogador de um certo clube português, diria que iriam tentar fazer melhor quando fossem jogar a Shakhtar. Lembrei-me daquele jogador brasileiro que foi contratado para o Botafogo. Quando lhe perguntaram se conhecia as cores do equipamento do seu novo clube, respondeu prontamente "alvinegro e branco".

segunda-feira, 11 de abril de 2016

FOI ASSIM

Lançamento do livro "Castelo de Moura - Escavações Arqueológicas". Deve ter sido o livro mais anunciado da arqueologia alentejana... Umas dez vezes, no mínimo. "É agora", "está quase", "é no próximo mês", e depois nunca mais era.

Sábado passado, foi de vez. Dois volumes impressos (mais um CD), cerca de 500 páginas ao todo.

Foram cerca de 100 os que tiveram a infinita paciência de assistir à apresentação do livro. As intervenções estiveram a cargo de Ana Paula Amendoeira (Diretora Regional de Cultura do Alentejo) e de Isabel Cristina Ferreira Fernandes (Gabinete de Estudos da Ordem de Santiago/Câmara Municipal de Palmela).

Correu bem. Depois da sessão destressei bastante...