Por puro interesse pela política gaulesa segui, durante a noite de ontem, nas edições on-line do Le Figaro, do Le Monde, do Parisien e do Libération os resultados das eleições municipais de ontem. Os resultados à esquerda foram um desastre. Mas o facto que me causou maior perturbação foi a evolução que a França teve, do ponto de vista de orientação do voto no último meio século. Melhor dizendo, ou perguntando, onde é o que o Front National, ou os seus aliados, têm as suas melhores votações?
Beaucaire (Gard)
Cogolin (Var)
Fréjus (Var)
Hayange (Moselle)
Hénin-Beaumont (Pas de Calais)
Le Luc (Var)
Le Pontet (Vaucluse)
Mantes-la-Ville (Yvelines)
Marseille 7e secteur (Bouches du Rhône)
Villers-Cotterets (Aisne)
Béziers (Hérault)
Camaret-sur-Aigues (Vaucluse)
Orange (Vaucluse)
Destes 13 municípios, 9 situam-se no sul, bem perto do Mediterrâneo. O mais interessante é a constatação de como se votava, em tempos, nestes departamentos. Na eleição presidencial de 1969, Jacques Duclos deu ali cartas, conquistando votações entre os 25 e os 30%. Mesmo em 1981, Georges Marchais ainda atingia scores assinaláveis: 18% (Var), 19% (Vaucluse) 26% (Bouches du Rhône, sendo aí o candidato mais votado na primeira volta), 21% (Hérault), 25% (Gard) e 22% (Aisne). O PCF é, hoje, uma triste insignificância. Pior do que isso, o eleitorado passou da esquerda para a extrema-direita. Veja-se o caso de Hénin-Beaumont. Não porque os extremos se toquem, como já ouvi... Mas porque a falta de soluções leva direitinho aos cantos de sereia. Daí ao voto defensivo, anti-imigração, anti-qualquercoisa, vai um passinho de pulga. O voto no Front National é, recorde-se, um voto popular e operário. Tal como o foi o voto que levou Hitler ao poder.
Em Portugal temos Paulo Portas, que faz o pleno nessa área. Ainda temos de lhe "agradecer"...