segunda-feira, 31 de maio de 2010
CARVALHO DA SILVA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
E POR FALAR EM PUBLICIDADE E EM COISAS QUE CAEM...
E POR FALAR EM PUBLICIDADE...
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PUBLICIDADE SALOIA
Fotografia do site da CGTP: www.cgtp.pt
sexta-feira, 28 de maio de 2010
É AMANHÃ!
É hora de protestar. Todos ao Marquês!
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quinta-feira, 27 de maio de 2010
GEOGRAFIA PRESIDENCIAL
MÁRIO SOARES POR JÚLIO POMAR
ENTRE AS 4:34 E AS 4:46
MANUEL TEIXEIRA GOMES
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RUSSEL EDSON
O espelho atormentado
quarta-feira, 26 de maio de 2010
COMANDANTE PEDRO PIRES
terça-feira, 25 de maio de 2010
JANELA INDISCRETA
segunda-feira, 24 de maio de 2010
FIM-DE-SEMANA MUSICAL - III: TROUBLE IN SÃO CARLOS
Dois em um: L'occasione fa il ladro, de Rossini, e Trouble in Tahiti, de Bernstein. O problema não esteve no díptico, à volta dos enganos e das angústias do amor, e ainda que pouco tivessem um a ver com o outro. Não esteve sequer no que aos espectadores foi oferecido. Depois das recentes pateadas, acabou por ser um momento de tranquilidade e, até, de qualidade. O problema não esteve, sequer, na clamorosa fífia de João Cipriano na ária D'ogni più sacro impegno, coisa que acontece aos melhores. O verdadeiro trouble esteve nos magotes de criancinhas que invadiram o São Carlos. Levado à ópera à força e sem o devido enquadramento por parte dos seus professores, deu o que deu: um permanente cochicho, entremeado pelo irritante som de garrafas de água a serem manuseadas. Aprende-se sempre qualquer coisa. Ópera aos domingos à tarde, nunca mais.
Oiça-se então o tenor rossiniano Rockwell Blake na ária acima citada:
FIM-DE-SEMANA MUSICAL - II: MAIS DO MESMO
FIM-DE-SEMANA MUSICAL - I: O ELIXIR DA JUVENTUDE
http://www.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=1078&e_id=&c_id=3&dif=radio
COYOTE (domingos - 21/23):
http://www.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=1694&e_id=&c_id=3&dif=radio
domingo, 23 de maio de 2010
REAL MADRID OU A MÁQUINA TRITURADORA
sábado, 22 de maio de 2010
SILÊNCIO
brota uma nota
que enquanto vibra cresce e se adelgaça
até que noutra música emudece,
brota do fundo do silêncio
outro silêncio, aguda torre, espada,
e sobe e cresce e nos suspende
e enquanto sobe caem
recordações, esperanças,
as pequenas mentiras e as grandes,
e queremos gritar e na garganta
o grito se desvanece:
desembocamos no silêncio
onde os silêncios emudecem.
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Octavio Paz in "Liberdade sob Palavra"
Tradução de Luis Pignatelli
sexta-feira, 21 de maio de 2010
O MESTRE E O SEU DISCÍPULO
7 campeonatos (Holanda, Espanha e Alemanha)
1993-94, 1994-95, 1995-96, 1997-98, 1998-99, 2008-09, 2009-2010
3 Taças (Holanda, Espanha e Alemanha)
1992-93, 1997-98, 2009-10
3 Super-Taças (Holanda)
1992-93, 1993-94, 1994-95
1 Liga dos Campeões
1994-95 (Ajax)
1 Taça da UEFA
1991-92 (Ajax)
2 Super-Taças da UEFA (Holanda e Espanha)
1995, 1997
1 Taça Intercontinental
1995(Ajax)
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José Mourinho
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6 campeonatos (Portugal, Inglaterra e Itália)
2002-03, 2003-04, 2004-05, 2005-06, 2008-09, 2009-10
3 Taças (Portugal, Inglaterra e Itália)
2002-03, 2006-07, 2009-10
2 Super-Taças (Portugal e Itália)
2003, 2008
2 Taças da Liga (Inglaterra)
2004-05, 2006-07
1 Liga dos Campeões
2003-04 (Porto)
1 Taça da UEFA
ALVÍSSARAS
quinta-feira, 20 de maio de 2010
NUMA TERRA UTÓPICA
terça-feira, 18 de maio de 2010
PECADO MORTAL
Fotografia: Manuel Ramos
Já em tempos tinha aludido a este tema. A triste notícia confirma-se agora.
SEM SOMBRA DE PECADO
Guilhotinas, pelouros e castelos
Resvalam longamente em procissão;
Volteiam-me crepúsculos amarelos,
Mordidos, doentios de roxidão.
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Batem asas de auréola aos meus ouvidos,
Grifam-me sons de cor e de perfumes,
Ferem-me os olhos turbilhões de gumes,
Descem-me na alma, sangram-me os sentidos.
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Respiro-me no ar que ao longe vem,
Da luz que me ilumina participo;
Quero reunir-me, e todo me dissipo -
Luto, estrebucho...Em vão! Silvo pra além...
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Corro em volta de mim sem me encontrar...
Tudo oscila e se abate como espuma...
Um disco de oiro surge a voltear...
Fecho os meus olhos com pavor da bruma...
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Que droga foi a que me inoculei?
Ópio de inferno em vez de paraíso?...
Que sortilégio a mim próprio lancei?
Como é que em dor genial eu me eternizo?
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Nem ópio nem morfina. O que me ardeu,
Foi álcool mais raro e penetrante:
É só de mim que ando delirante -
Manhã tão forte que me anoiteceu.
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O beijo (1892), de Toulouse-Lautrec (1864-1901), e Álcool (1913), de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916), vão dirigidos, em jeito de dedicatória, a todos os beatos falsos, e aos da política em primeiro lugar.
OLIVOMOURA - III: NÚMEROS
Nº de stands – 149
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Tasquinhas – 16
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Animais:
Nº de bovinos de raça mertolenga – 77
Nº de éguas cruzadas e PSL – 16
Nº de poldros - 8
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Feira Anual de Maio:
Stands de automóveis – 8
Feirantes – 51
Restaurantes (comissões de festas) – 5
Bares e farturas – 8
Divertimentos – 7
MARIJUANA
Fumei [um] charro. Mas devo dizer que não senti nada de especial… – António José Seguro
Das duas, duas: mentirosos e incompetentes.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
POBRECITO...
LEITÃO DE BARROS
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De Leitão de Barros talvez escolhesse Maria do Mar (1930). Quanto a Manoel de Oliveira não tenho dúvidas: A caça (1964) e Francisca (1981),
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domingo, 16 de maio de 2010
A CROÁCIA, LÁ LONGE
O anúncio andou muito tempo pela CNN. É um brilhante exemplo do que quer dizer concisão e capacidade de transmitir uma mensagem. A publicidade e a imagem serão sempre o meu violon d'Ingres... Junte-se a este aspecto confessional o desejo de conhecer a Croácia. Por causa do seu vínculo ao mundo bizantino, por causa do prof. Baltazar e apesar da sombra dos ustachis (sim, as assombrações pesam-me). Com a crise instalada, ainda não vai ser desta.
A música deste spot é de Djelo Jusic (n. 1939), um dos mais populares músicos croatas.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
OLIVOMOURA - I: MÉRITO ACADÉMICO
OLIVOMOURA - II: PRÉMIO NACIONAL DE AZEITE
quinta-feira, 13 de maio de 2010
MOURA-BISSAU
As cidades são um palimpsesto. As cidades escrevem-se no tempo e são a escrita do tempo. As cidades escrevem-se devagar, ao longo de séculos ou de milénios. Os séculos mudam-nas, apagam e reescrevem as suas páginas. Que são refeitas vezes sem conta. De dia e de noite, porque as cidades são, como as consoantes do alifato, solares e lunares. Os dias de Bissau e as noites de Moura fazem parte dessa escrita, que nem sempre é linear. E que nunca é silenciosa.
Os sítios não são um acaso da sorte ou do destino. Os primeiros a chegar foram, ao mesmo tempo, geólogos e geógrafos e arquitectos e urbanistas. Não sabiam que o eram, mas esse é o detalhe menos importante da história. Preferiram pontos altos e a proximidade dos rios, para se protegerem das ameaças que conheciam e, sobretudo, das que não conheciam.
As ruas das cidades contam-nos a história das cidades, e a vida de quem lá viveu. Os séculos sobrepõem-se e anulam-se, como na face de um velho palimpsesto. Cada troço de rua, cada esquina, cada porta nos conta uma história ou parte de uma história. Dentro de uma cidade esconde-se sempre outra, com o que ficou de tempos idos a ler-se, por vezes com dificuldade, por entre o que foi cortado e acrescentado ao longo dos séculos. Onde havia uma pequena rua exige-se agora uma passagem larga para circularem automóveis, onde estava o regato fez-se uma via rápida, onde havia um pequeno cais há agora um aterro e o porto novo, para navios grandes, fez-se mais além, mais perto do mar. Essas alterações pressentem-se, mas nem sempre são claras, na luz baça e quente das manhãs de Bissau ou na escuridão recortada e fria das madrugadas de Moura.
As cidades coloniais são obra de militares, traçadas com a régua do poder. As plantas dessas cidade, vistas só em planta, são um enredo de ruas, direitas e com rigidez castrense. Aí fica Bissau velho, mas a nós há-de parecer-nos quase novo, com linhas direitas e precisas e sem muita gente à vista. Onde o braço do poder não chegou uma lassidão curvilínea apoderou-se do desenho das ruas. Surgem nomes de sons estranhos a ouvidos europeus: Missirá e Bandim, para oeste, Pefiné e Amedalai, para noroeste. Vivem nesses bairros pessoas que nos chamam à passagem. Uma vez e outra.
Bissau é cidade recente. Há uns séculos atrás ninguém passeava ao longo da corrente rápida do Geba porque a cidade ainda não existia. Os primeiros que chegaram, há muitos anos, encostaram-se ao litoral, e nele copiaram tudo o que sabiam da maneira de fazer fortificações, de desenhar ruas e de construir cidades. Por aí ficaram. Terra dentro e rio acima era o desconhecido. Aí ficava o coração das trevas.
Agora é Inverno em Bissau, aceitemos que 35º possam ser Inverno, e por isso o tempo é muito seco. O calor ainda vem longe e mais longe ainda está a chuva. Tenho dificuldade em imaginar como serão os dias de Verão, com a chuva que não pára, os mosquitos e um calor terrível, que só conhecemos dos compêndios de geografia.
O dia cansou-se e, mais a norte, vem a noite. Na noite cheia de luz do norte fica Moura. Em tempos, os viajantes reconheciam as cidades pelo perfil que se recortava no horizonte. A sombra escura do castelo que se desenhava ao longe era, muitas vezes, o único ponto de abrigo em território hostil. O desenho das sombras da noite de Moura não mudou em muitos séculos. À noite, mais que nunca, é preciso olhar a luz para ver as sombras. O dédalo do norte é mais ordenado que o do sul. Ou parece sê-lo. As casas do norte também têm paredes em terra. Mas a cor da terra é aí coberta pelo véu da cal. E, assim, as paredes brancas contrastam mais com a pele escura da noite.
Quando nos afastamos para as ruas laterais, onde há sempre menos gente, as cidades parecem-nos mais velhas e gastas. Mas não é assim em todas as cidades e em todos os sítios, com os prédios antigos com rugas traçadas pelo ar salgado ou pela secura do interior? Não é assim em todos os sítios que foram uma coisa e deixaram de o ser? Há casas onde viveu gente e agora não mora ninguém, o que faz delas apenas um conjunto de muros abandonados e a memória de glórias usadas e esquecidas. As cidades são isso, também.
No outro dia, quando a noite já não era noite e o dia ainda só espreitava, as ruas estavam desertas e sem um som. Nos largos apenas se ouvia o rumor dos papéis que o vento levantava e depois íam pousar no mesmo sítio, exactamente no mesmo sítio. Alguns toldos balouçavam devagar com a primeira aragem da manhã, enquanto as luzes se iam apagando devagar e ficando sem préstimo. Moura parecia ter ficado deserta e sido varrida da face da Terra. Onde estão “os que há pouco dançavam, cantavam e riam ao pé das fogueiras acesas?”
Chove a norte e a sul. A água do norte lança brilho sobre o deserto das calçadas. A sul chovem, na perpendicular, raios de um sol impiedoso. Não pára de chover. Num sítio porque é um Inverno de sol, no outro porque o Inverno é frio e de chuva.
Um dia, vão ficar para trás as sombras e o frio. Nesse dia quando voltarmos a encontrar o caminho do sul, iremos em direcção a um inverno de sol. Onde haverá acácias e bonitas mulheres, cujas pulseiras rivalizam com a curva do Geba, antes deste se perder no coração das trevas.