Fecha o mês e o lema da inovação está presente. Agora é a vez de se apresentar uma "newsletter". Com isso, esperamos continuar a difundir, de forma cada vez mais sistemática, o Panteão Nacional.
O mês de maio trará, lá para a frente, mais novidades.
Fecha o mês e o lema da inovação está presente. Agora é a vez de se apresentar uma "newsletter". Com isso, esperamos continuar a difundir, de forma cada vez mais sistemática, o Panteão Nacional.
O mês de maio trará, lá para a frente, mais novidades.
Num fim de semana de pouca pausa, razoável desassossego e algum cinema, dei comigo a recordar este notável filme de Pasolini. Talvez que, aqui e além, Pasolini tenha cedido à tentação do "exotismo", mas os cenários onde o filme se desenrola são de invulgar beleza. E Pasolini conseguiu passar para a tela a poesia dos textos.
O filme foi rodado no Irão, no Yemen, na Etiópia... Só isso...
O licenciamento zero foi anunciado no verão de 2012. A ideia acabou por borregar.
Hoje, foi anunciado novo pacote. Leio coisas como:
"O Governo aprovou na quinta-feira, em Conselho de Ministros, a terceira parte do pacote de medidas "Mais Habitação" que permite a simplificação do licenciamento urbanístico, o último ponto que ainda estava em consulta pública. Os solos rústicos podem ser reclassificados para urbanos, consoante as necessidades das autarquias.
De acordo com o Governo, os terrenos de outras finalidades podem ser reclassificados para a construção de habitações, uma medida que, para a ministra Marina Gonçalves, é "essencial para o cumprimento das próprias estratégias locais" dos municípios".
E ainda:
"Mário Campolargo anunciou ainda que será criada uma plataforma online que, "além de simplificar e de concentrar num único sítio a apresentação dos pedidos", vai permitir aos cidadãos consultar o estado dos processos e os prazos e receber notificações de avisos eletrónicos ou obter certidões de isenção de procedimentos urbanísticos.
"Além destes avanços, e focando mais na área da digitalização, um dos grandes avanços que irá ocorrer será a utilização do BIM, uma sigla inglesa para Building Information Modeling, uma metodologia, se assim posso dizer, de trabalho que utiliza o modelo 3D para representar e gerir informações sobre um edifício ou uma infraestrutura", que será implementada de forma faseada, acrescentou".
Depois de ler isto, só me resta rezar. Porque isto que acabo de ler revela um profundo desconhecimento do País Real. Oxalá me engane. Quanto ao licenciamento zero não me enganei, felizmente.
Sempre recordando John Berger.
PANORÂMICA DO MUSEU MILITAR E DO PANTEÃO NACIONAL
Luís Pavão (n. 1954)
A imagem recolhida por Luís Pavão, há pouco mais de duas décadas [em 22.4.2000], é duplamente invulgar. Em primeiro lugar pela perspetiva que escolheu, e que hoje seria impossível, por já não existirem as gruas de onde foi feita. Depois, pelo suporte analógico (um diapositivo a cores de médio formato), hoje substituído pelo uso do digital.
As casas, os edifícios públicos e os monumentos não sofreram grandes alterações. Imutável é também a luz de Lisboa. Tinha chovido pouco antes da fotografia ser feita, o que serviu para sublinhar o azul do céu e a limpidez do ar.
“Panorâmica do Museu Militar e do Panteão Nacional” data de 2000 e é um documento importante que regista, com rigor e beleza, uma vista da nossa cidade. O original pertence ao Arquivo Municipal de Lisboa.
Será amanhã, às 17:30, em Santarém, com transmissão direta nas redes sociais da Caixa Geral de Depósitos:
Linkedin https://www.linkedin.com/company/caixageraldedepositos/
Facebook https://www.facebook.com/caixageraldedepositos
A conversa não tem agenda prévia. Mas Moura autárquica, o Panteão, a arqueologia islâmica, o Património estarão, seguramente, em pano de fundo.
Mais uma questão toponímica a partir de uma fonte do século XII. Neste caso, o Kitab Nuzhat al-mushtaq fi' khtiraq al-afaq de al-Idrisi. Não sei quantas vezes li esta passagem... O texto diz: "[o Guadiana passa em] Mérida, depois em Badajoz, depois perto de Sharish, depois em Mértola, até se lançar no oceano".
Espantosamente, este Sharish شريشة tem sido sempre identificado com Jerez de los Caballeros, a 50 quilómetros do rio, e não com Monsaraz, que fica a menos de cinco. O único a autor a "balançar" entre os dois sítios é Christophe Picard, que atribui às duas localidades a mesma designação, sem adiantar explicação. Não sei se há outras publicações em torno disto.
O texto de al-Idrisi é claro e a localidade alentejana tem dois argumentos fortes a seu favor: o micro-topónimo Xerez e a referência, na "Crónica de D. João I", à porta da çolorquia (Salúquia ou Celoquia), uma designação que ainda persistia no século XIV. Fica a ideia, cada vez mais lógica, que o hisn era um ponto importante na ligação entre Badajoz e Évora.
A aldeia de Santo Amador votou de forma esmagadora a favor da reposição da freguesia. A Câmara Municipal de Moura tem feito todos os contorcionismos para bloquear este processo. Ou seja, há quem tenha da Democracia uma noção de geometria variável.
Este ano, o 25 de abril em Santo Amador fica-se por uma arruada da banda dos Leões. Estará a aldeia de castigo?
Este e muitos outros documentos estão depositados num arquivo da University of Wisconsin e podem ser consultados livremente: https://collections.lib.uwm.edu/digital/collection/catw/search/searchterm/Harrison%20Forman%20Collection/field/origin/mode/exact/conn/and
Há um conjunto bastante razoável de imagens de Angola. A fotografia que aqui se mostra data do verão de 1961. As tropas vindas da Metrópole acabavam de desembarcar em Luanda. Pergunto-me, sempre, ao ver estas imagens: quem serão? de onde terão vindo? quantos voltaram sem ferimentos físicos (os da alma são outra história)?
Mea culpa, mea maxima culpa, mas nunca tinha ouvido falar de Harrison Forman (1904-1978). Andou um pouco por todo o mundo. Esta fotografia é do Ramadão em Kano, na Nigéria. Data de 1961.
Havia lá em casa um postal que o João meteu nos correios do aeroporto de Kano, durante uma longa escala, na viagem para Angola, talvez no final do verão de 1962. Nessa altura, os Super-Constellation da TAP ainda podiam ali aterrar.
Voltarei a este fotógrafo, por motivos que nos dizem respeito.
Não há nada mais penoso, numa investigação, que o regime pára-arranca. É o caso deste trabalho, que agora se aproxima do final. Com a convicção que:
1. Os caminhos em época islâmica seguem os traçados aproximados da rede viária romana;
2. Que nem tudo está no Itinerário de Antonino e que há muita informação que só recolhemos, indiretamente, nas fontes islâmicas;
3. Que aqui o lamarquismo nos faz falta: ousar lutar, ousar (con)vencer.
No mapa, assinala-se, a vermelho, uma variante à proposta de Kramers e Wiet. Outras haverá, no ensaio. Isto não vai ser fácil 😊.
Faleceu ontem, a poucos dias de completar 74 anos, o Dr. João Serra.
O Dr. João Serra foi meu professor de História Económica e Social (séc. XV-XVIII) na Faculdade de Letras de Lisboa, em 1983/84. Foi um dos melhores professores que tive naquela casa e conseguiu que me interessasse por uma matéria que, à partida, me merecia o mais completo desinteresse. Rigor científico, capacidade de comunicação e espírito crítico eram imagens que lhe associávamos. A sua relação com os alunos era marcada pela cordialidade, à qual dava um toque de fleuma britânica.
Encontrei-o em diversas ocasiões ao longo dos anos: em lançamentos de livros, num encontro em Monsaraz e, anos depois, como Chefe da Casa Civil do Pres. Jorge Sampaio. Facto que me permitiu estabelecer os contactos iniciais para uma visita do Presidente a Moura, em Abril de 2004.
Já não o via há uns 7 ou 8 anos. E, não tenho outra forma de o dizer, vejo esta partida com profunda pena.
Primeiro vídeo de uma série de seis.
Cândiada Matos interpreta, num spinettino, um trecho de uma peça musical de Joan Dalza (??? - 1508). Uma forma diferente de promover o monumento.
O vídeo foi produzido pela videoteca da Câmara Municipal de Lisboa.
O discurso não foi "simpático". Não sei o que os muitos políticos presentes na sala - incluindo dois atuais ministros - pensaram, mas as palavras de João Luís Barreto Guimarães caíram no auditório da CULTURGEST como álcool em cima de uma ferida aberta. Assisti à cerimónia de entrega do Prémio Pessoa e aquilo que vem no Expresso on-line é apenas uma breve passagem do que o premiado disse. E disse bem, com convicção e sem peias.
É COM O LIVRO QUE A SOCIEDADE ACORDA E SE LIBERTA”
“Numa altura em que a política se encontra em declínio - sem rumo, sem esperança, sem pensamento”, João Luís Barreto Guimarães deixou também o apelo, não só a governantes (e evocando o mito de Sísifo), no sentido de voltar “a contemplar aquilo que raramente se vê, porque todos os dias se trabalha de costas voltadas para a vida - nas salas de aula, nos hospitais, nos departamentos dos serviços públicos”
“O futuro não passa somente pela tecnologia” e reside na “capacidade que nós, humanos, tivermos de encetar algo tão simples quanto conversar uns com os outros, nos misturarmos - nos bairros, na comunidade”, destacou ainda João Luís Barreto Guimarães, deixando claro que “o verdadeiro capital de um país é o capital humano, o que ama, o que resiste com dignidade, ano após ano, ao desnorte do poder, é a esse que urge devolver a palavra”.
Não se pode dissociar o nome deste fotógrafo da expressão "black is beautiful". Kwame Brathwaite celebrou a beleza feminina. A que escapava aos cânones impostos pela maioria branca na América dos anos 60. Isto dos cânones sempre me soou a falso e a gosto ditado.
Kwame Brathwaite faleceu no início do mês. Que tenha reparado, só o "Público" referiu o facto. Mas a expressão usada ("mostrou a beleza dos corpos negros") parece-me algo redutora.
A fábrica está abandonada. Ouve-se apenas o ladrar de um cão, algures dentro do recinto.
Lemos, na parede:
MUITOS HOMENS DEVEM
A GRANDEZA DA SUA VIDA
ÀS TREMENDAS DIFICULDADES
QUE TIVERAM DE VENCER
Um pequeno mistério urbano. A quem pertenceu aquele espaço (são mais de três hectares...)? De quem é agora? O que se fabricava ali? As fotografias do google, em 2009, já o mostravam em estado de abandono.
A trama é tipicamente greeniana, com uma troca de identidades que se revelará fatal para um homem ambicioso. Não sei porque me lembrei ontem deste filme, visto na casa dos meus tios, em Moura, no final de 1972 ou no início de 1973. Só me ficaram duas imagens: a do homem acossado e que ninguém aceita e da ponte onde a história tem o seu desenlace. Creio que, por causa disso, o filme tinha, em português, o título de "A ponte fatal" (o diretor era Ken Annakin). Mas teria mesmo?
Curiosidade adicional: apesar de ser uma história passada no México, a maior parte das cenas exteriores foram rodadas em Lora del Río, a cerca de 175 kms. de Moura.
(Re) visita ao Museu Nacional do Azulejo, que tem novos espaços e a exposição de António Vasconcelos Lapa. Com cor e fantasia. Muitos visitantes, numa manhã quente e luminosa. O museu merece bem ser visitado.
Voltarei às cerâmicas de Vasconcleos Lapa, com algumas peças a remeterem para a tradição popular portuguesa.
Presença mourense: Francisco Janeiro, no comissariado executivo da exposição de cerâmica, e um painel de Luís Camacho, com uma bela "guarda de honra": Júlio Pomar e Rogério Ribeiro.
Hoje à tarde, os Andante voltaram às palavras de Sophia. Foi a última de seis concorridas sessões.
No final, quem esteve presente, ainda teve direito a uma visita guiada à exposição. Não estava previsto, mas proporcionou-se e foi bom que tenha acontecido.
O anúncio foi feito há dias pelo Presidente da República. Avança agora a preparação da cerimónia, tarefa conduzida e concretizada pela Assembleia da República.
Lá estaremos para o que for necessário. A cerimónia de panteonização acontece num momento importante para a vida do monumento. Há o PRR, há exposições, há publicações, há uma programação adequada ao Panteão e há público.
Quase dois anos e meio separam estes dois registos. Hoje de manhã, depois de uma reunião na Assembleia da República, passei pelos correios. Não estava ninguém para ser atendido. Não se mandam cartas. No mundo digital, em breve as pessoas serão desnecessárias.
No carimbo, a estação ainda tem o nome de Cortes. Ou seja, o nome que tinha a Assembleia da República antes de ser da República. Veio 1910, chegou 1974 e nada. Cortes era e Cortes ficou. Um delicioso arcaísmo, que ninguém se lembrou de mudar. E ainda bem. Espero que assim se mantenha.
Faz lembrar Taos, na cor da terra e na falsidade de tudo o mais. Aït-Ben-Haddou é uma medina feita com adobes. Já quase não há ali gente. A cidade é um cenário para turistas, com lojas e lojinhas e coisas muito típicas aos montes. Estive lá há precisamente dez anos. Tirei meia dúzia de fotografias, usando e abusando da cenografia. Depois saí.
Aït-Ben-Haddou está espantosamente perto de nós. Fica 789 quilómetros a sudeste da casa da Salúquia. À mesma distância fica Bayonne...
Lembro-me de ter comprado o disco (álbum duplo) em Madrid, no final do verão de 1978. Falo nisto porque anda aí um grande entusiasmo com uma gravação inédita dos Beatles, da primavera de 1963. Não a ouvi, mas ainda não vi mencionado este registo ao vivo, no célebre Star-Club, em Hamburgo, uns meses antes. É um disco muito engraçado, que inclui um tema original da banda (I saw her standing there) e muitos covers. Os meus preferidos são Twist and shout e uma divertida versão de Besame mucho.
O disco está cá em casa, religiosamente conservado.
Uma inscrição de apoio à reposição da freguesia de Santo Amador foi vandalizada. Quem terá sido? é que toda a gente se pergunta.
A ideia poderia ter interesse, se tudo isto não fosse acabar, como vai, em estilo "concurso televisivo".
Vamos no 54º. ano de indecisões. E isto não tem fim à vista.
Ouvi, há dias, num sábado de manhã, esta canção. Nunca tinha ouvido falar no fadista e pensei, de imediato numa palavra de outra língua: crooner. A voz de António dos Santos é, de facto, impressionante. Nunca teve, segundo me parece, o destaque e as oportunidade de outros.
Este registo de 1964caracteriza e simboliza toda uma época.
Um fado em início de semana, porque o fado vai ser um dos tópicos profissionais da semana.
https://www.museudofado.pt/fado/personalidade/antonio-dos-santos
"Metropolis", de Frits Lang, termina assim. Há um aperto de mão, que simboliza a paz entre as diferentes classes sociais. O argumento do filme é de Thea von Harbou (1888-1954), uma militante nazi que aproveitou a oportunidade para ali deixar uma mensagem. Este tipo de paz social convinha ao regime e a ideia foi deidamente aproveitada.
Que um partido de extrema-direita a venha recuperar é duplamente significativo.
Faz hoje 79 anos que um grupo de 44 crianças judias foi presos em Izieu, perto de Lyon. Estavam ali refugiadas num orfanato e terão sido denunciadas por alguém, cuja identidade nunca foi descoberta. Klaus Barbie (1913-1991), o nazi que os americanos depois protegeram, encarregou-se de as enviar para Auschwitz, onde foram assassinadas. Só uma sobreviveu à guerra.
Atos de barbárie como esse devem ser recordados. Em especial em dias como este, em que a violência não cessa.
O Panteão Nacional é a minha casa profissional desde há dois anos. Depois de um arranque a frio - logo a seguir à pandemia - veio o cumprimento dos desafios:
1. Valorização do monumento (via PRR);
2. Investigação e edição
3. Programação e divulgação.
Uma aposta de fundo era a "nacionalização" do monumento. Ou seja, torná-lo mais próximo do público português.
Resenha do ano de 2022 e do arranque de 2023:
2022 foi, em termos absolutos, o terceiro melhor ano de sempre quanto a entradas registadas.
Nesta altura prepara-se o verão e, em particular, as celebrações de 2024 (Luís de Camões, Vasco da Gama e Teófilo Braga).
Os próximos meses trarão mais novidades. Continuaremos, empenhadamente, a divulgar o nosso Património.
Última adaptação: canções de "A Pequena Sereia" vão sofrer alterações para enfatizar o consentimento e empoderar as mulheres (título num site informativo). De "Os Lusíadas" não sobrará nada. Reparem no começo e sublinhem à vontade.
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Fuasto Giaccone esteve no Alentejo e no Ribatejo nos tempos mais intensos do PREC. Há um livro extraordinário - Uma história portuguesa - e muitas outras fotografias, não menos fantásticas. Estão disponíveis, para quem as quiser ver, na sua página no facebook.
Há uma grande diferença entre Cinema e Imagens projetadas num tela. Há salas vazias? Muitas. Mas não a da Cinemateca Portuguesa. Ontem à noite, lotação esgotada e muita gente à espera de desistências. Muita juventude no público. Muita mesmo, felizmente. Para ver um filme de 1927: Aurora, de F. W. Murnau. O único som era o do acompanhamento feito pelo pianista Filipe Raposo. Que teve, no final, direito a uma merecida ovação.
Aurora está em terceiro lugar nos meus "dez melhores".
Ao procurar fotografias dos anos 50, encontrei esta, de Carlos Saura (1932-2023). Desconhecia esta faceta da carreira do cineasta. Daí à poesia de García Lorca foi um salto curto. A Guerra Civil terminou há 84 anos. García Lorca foi assassinado há quase 87.
Imagino que a fotografia seja do Sacromonte, em Granada.