O interior das casas era uma trip e as decorações seguiam o padrão Haight-Ashbury... Paredes brancas? Mas que grande aborrecimento! Cor e mais cor. E bom gosto em excesso. Em Queluz, em 1975 entrámos num delírio colorido. A entrada e a cozinha estavam pintadas em tom escarlate, a sala era azul ferrete, o quarto dos meus pais num adocicado verde água. Em meados da década de oitenta, o bom senso desceu à Terra e voltou a ser tudo branco.
domingo, 30 de setembro de 2018
sábado, 29 de setembro de 2018
MAPPLETHORPE - άλφα
Os bilhetes custam 10 euros. Com tanta publicidade (há dias, trabalhadores pediam esclarecimentos sobre a situação que se vive na instituição, seja lá isso da "situação que se vive" o que for...), a exposição de Robert Mapplethorpe vai ser dinheiro em caixa. Aguardemos os números finais.
Já agora, gostam das fotografias?
JUDEUS EM MOURA
Pormenor do fol. 388 v. do manuscrito da Bodleian Library (segundo estudo de Tiago Moita)
Que Moura tinha uma comuna de judeus é facto há muito conhecido. Até à data, contudo, não se conseguiu localizar, de forma inequívoca, o sítio da judiaria. Ou seja, do bairro onde morava a comunidade. Não temos, sequer, prova de que viveriam num sítio apartado, como os mouros. Os documentos que consultei, em tempos, na Torre do Tombo apontavam para uma “concentração” de comerciantes judeus no quarteirão onde mais tarde se instalou a Misericórdia. Não é de estranhar que assim fosse. Tratava-se de um grupo bem instalado na vila, com meios financeiros acima da média e com instrução e hábitos culturais que os destacava dos restantes moradores.
Dos judeus de Moura nada ficou. A razia que se seguiu à expulsão, em finais do século XV, foi quase total. Não temos uma única lápide funerária, um só indício quanto à localização da sinagoga ou qualquer evidência da presença da comunidade judaica na nossa terra. Não fossem os textos na Torre do Tombo e poderíamos dizer que nunca teriam existido.
Mas há mais e melhor que os pergaminhos das Chancelarias Régias. Fui, há tempos, contactado por um teólogo ribatejano, Tiago Moita. Veio, simpaticamente, dar-me conhecimento da existência de uma Bíblia Hebraica, feita em Moura. Data de 1470 e está hoje na Bodleian Library, em Oxford. Tem a cota MS Canon. Or. 42. Tiago Moita fez a sua investigação neste domínio, tendo-se doutorado com uma tese intitulada “O livro hebraico português na Idade Média: do Sefer He-Aruk de Seia (1284-85) aos manuscritos iluminados tardo-medievais da Escola de Lisboa e os primeiros incunábulos”. Coligiu cerca de 60 manuscritos hebraicos, produzidos entre os séculos XIII e XV. Ainda que Lisboa lidere, em termos de quantidade de documentação produzida, há manuscritos de localidades como Faro, Torres Vedras, Elvas, Évora, Guarda, Leiria, Loulé, Moura, Porto, Santiago do Cacém, Seia e Setúbal. Como se lê no resumo da tese “depois da expulsão dos judeus de Portugal em 1496/97, o principal destino destes livros foi a Península Itálica, além do Norte de África e do Império Otomano, como é patente na informação interna deixada pelos sucessivos proprietários dos volumes”. O que foi, para nós, uma terrível perda cultural tornou-se, para outros, motivo de enriquecimento. A produção de uma bíblia hebraica, ricamente decorada, na nossa terra é um dado a raiar o insólito. No texto “A Bíblia hebraica de Moura: um testemunho de arte mudéjar no Alentejo”, Tiago Moita explica o contexto preciso em que tal sucedeu. Foi copiada por Samuel ben Abraham Altires para Isaac Gabay, um rico mercador lisboeta, no ano de 1470.
Que as seis dezenas de manuscritos deste período estejam hoje, sem exceção, em bibliotecas estrangeiras (Estados Unidos, Rússia, Suiça, Reino Unido etc.) é uma perda para todos nós. E é motivo de vergonha. Que um deles, de rara beleza, tenha sido produzido por um conterrâneo nosso, desconhecido mas talentoso, deve orgulhar qualquer mourense.
Crónica em "A Planície"
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sexta-feira, 28 de setembro de 2018
TERTÚLIA NA MOURARIA
Mais uma iniciativa dos meus amigos Alice Reis e Jorge Liberato. Só prometi que não vou dar seca nos convivas. Vai ser uma conversa entre amigos. À volta da comida e da bebida na Idade Média. Um tema sempre atual, até porque nos permite constatar o que mudou em vários séculos de evolução humana.
Uma estreia: é a primeira vez que alguém de Moura me convida para uma iniciativa destas. As anteriores intervenções extra-política foram sempre resultado de convites de pessoas "de fora".
Gosto destes regressos, enquanto vou trauteando "Moura, das fontes a murmurar, quando a tarde vem descendo...".
Uma estreia: é a primeira vez que alguém de Moura me convida para uma iniciativa destas. As anteriores intervenções extra-política foram sempre resultado de convites de pessoas "de fora".
Gosto destes regressos, enquanto vou trauteando "Moura, das fontes a murmurar, quando a tarde vem descendo...".
quinta-feira, 27 de setembro de 2018
quarta-feira, 26 de setembro de 2018
O ÍCARO DE TANCOS
O texto de Valentina Marcelino, no DN, explica o caráter meio criptado do nome da operação que parece começar a desenlear a meada de Tancos. Cito:
"Orgulho ou autoconfiança excessiva: arrogância; insolência" é o significado. Para os gregos, húbris era uma conduta desmedida considerada um desafio aos deuses e que acarreta a ruína de quem assim age. O DN questionou a PJ e a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o porquê da escolha. "Foi o que se passou", é a tese da PJ e do Ministério Público, justificada por fonte diretamente envolvida na investigação. Tudo atribuído à PJ Militar.
É uma explicação envergonhada. Escolhem-se títulos assim porque isto é um raio de um País de Poetas. Nessa tradição (oxalá ainda esteja entre nós o Capitão Quesada) temos operações como "Natal Sobre Rodas" ou "Páscoa Feliz". Hubris é um nome mais sofisticado e remete para uma atitude de desmedida arrogância, antes da queda fatal. Aconteceu a Ícaro e, aparentemente, ao Ícaro de Tancos.
Para estar de acordo com o ambiente poético aqui fica o célebre poema de William Carlos Williams (1883-1963):
Landscape with the Fall of Icarus
According to Brueghel
when Icarus fell
it was spring
when Icarus fell
it was spring
a farmer was ploughing
his field
the whole pageantry
his field
the whole pageantry
of the year was
awake tingling
with itself
awake tingling
with itself
sweating in the sun
that melted
the wings' wax
that melted
the wings' wax
unsignificantly
off the coast
there was
off the coast
there was
a splash quite unnoticed
this was
Icarus drowning
this was
Icarus drowning
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terça-feira, 25 de setembro de 2018
BOMBAS NAS ASPIRINAS
Ler:
https://www.theguardian.com/world/2001/oct/02/afghanistan.terrorism3
segunda-feira, 24 de setembro de 2018
ELEMENTOS - FOGO 4
Quando a música é fogo. George Frederick Handel (1685-1759) compôs esta peça em 1749. Foi a forma encontrada pela coroa britânica para celebrar o fim da Guerra da Sucessão, na Áustria, e a assinatura do Tratado de Aix-la-Chapelle, que tivera lugar em 1748. Música de pompa, para celebrar grandes acontecimentos.
domingo, 23 de setembro de 2018
STARDUST MEMORIES Nº 22: UMA DECISÃO IRREVERSÍVEL
A cena passou-se há muitos anos, algures no distrito de Beja. Discutia-se a chegada da luz elétrica a uma determinada localidade. E o que era necessário fazer para ultrapassar problemas ainda por resolver. Numa reunião com os habitantes da pequena localidade, o técnico da autarquia alongava-se em explicações técnicas. A linguagem que usava era pouco menos que cifrada. A dada altura disse, enfático, "é que a decisão é irreversível!". Uma senhora levantou-se no público e proclamou "pois eu não estou acordo; eu vou-me decidir por um Philips, que a minha filha já me disse são muito bons!".
Histórias de um País que já não é este.
PÓVOA E ESTRELA, VEZES DOIS
Não era exatamente o que queria ter feito... Há desequilíbrios de contraste, as fotografias foram feitas com diferentes aparelhos etc. E, bem entendido, tive de recorrer ao "arquivo" pessoal. A 200 quilómetros era difícil ter feito de outro modo. Mas gostei deste regresso. Dentro de dias, o regresso será real.
Participei em trabalhos fotográficos sobre três terras do meu concelho: Amareleja (2017), Moura (2001) e Santo Aleixo (2010). Pode ser que, um dia, a saga tenha continuidade... Prosseguir com a Póvoa e com a Estrela, isso é que era.
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sábado, 22 de setembro de 2018
CACE
Em 2/3 do País isto é uma concha. No terço restante (o Alentejo) é um cace. Ainda ontem, ao almoço, ouvi dizer isso "um cozido de grão e nem um cace trouxeram...". O uso da palavra fora da nossa Pátria é motivo de gáudio. Tenho bem presente a hilaridade que provocava nos meus tempos de estudante que dizia cace e não concha. Palavra que, neste contexto, não uso. Em caso algum.
Tentem lá encontrar o étimo da palavra. Cace não existe, tal como não existe acarro. Em árabe cálice (no sentido de copo) é kas (v. grafia mais abaixo), soando exatamente como nós dizemos. Creio ser essa a origem da palavra que nós usamos. A menos que haja outra explicação devidamente "certificada", que desconheço.
Incluo aqui uma imagem do conhecido "Qissat Bayad wa Riyad", uma história de amor de finais do século XII/inícios do século XIII. A cena sugere vagamente uma qualquer vernissage, mas é na realidade uma situação habitual na vida da corte: um grupo ouvindo música, de kas na mão. O manuscrito está na Biblioteca do Vaticano.
quinta-feira, 20 de setembro de 2018
ENSINO INFERIOR
Virei a esquina da Av. D. Carlos I para a Rua dos Industriais. Dali até ao Palácio do Machadinho são menos de 300 metros. De dentro do ISEG vinham uivos. Pelo passeio espalhavam-se, de litrona na mão, os veteranos. Estavam a praxar. Ou, melhor dizendo, estavam a cretinizar. Tenho ódio profundo às praxes. Nos últimos dias, tem sido um fartote. As cenas são as habituais e não vale a pena perder tempo com descrições. Quando virei para a Rua do Quelhas, os guinchos prosseguiam. Os cretinizadores, de capa escura a fingir Academia, continuavam por ali. Acabou? Não acabou nada... À tarde, na estação de metro do Rato, um grupo de tontos - que no próximo ano também cretinizarão - subia as escadas ladrando, vigiado por um mais um par de veteranos.
A cretinização é a palavra de ordem em Lisboa, nas próximas semanas.
A cretinização é a palavra de ordem em Lisboa, nas próximas semanas.
quarta-feira, 19 de setembro de 2018
MAPPLETHORPE NO PORTO
Conheci a obra de Robert Mapplethorpe através do Black book. Polémicas à parte, é um livro extraordinário. Os nus masculinos são peças de referência na fotografia do século XX, tal como o são muitas outras obras dele, as de inspiração clássica, as naturezas-mortas, os retratos...
De amanhã até janeiro, já com visita marcada.
De amanhã até janeiro, já com visita marcada.
terça-feira, 18 de setembro de 2018
COISAS DO DIA: DRESS CODE E LIVROS ESCOLARES
1. Sim, há ocasiões que requerem alguma formalidade. Não é necessário fazer de umas calças de ganga e de uma camisa desabotoada um casus belli, mas há coisas que não são necessárias. Andar em atos oficiais num estilo casual não dá um ar jovem ou descontraído, põe-nos fora de tom e desfocados. Foi erro que já cometi e a que, salvo distração, não tornarei.
2. Não estou de acordo com a gratuitidade de fichas e manuais escolares para todos. É uma falsa justiça e uma falsa democracia. Pretende-se uma igualdade que, na verdade, não existe. Porque, no bloco de partida, uns saem mais à frente, outros mais atrás... Pior ainda são as cenas de distribuição dos livrinhos por parte de responsáveis políticos, que se repetem por todo o País.
2. Não estou de acordo com a gratuitidade de fichas e manuais escolares para todos. É uma falsa justiça e uma falsa democracia. Pretende-se uma igualdade que, na verdade, não existe. Porque, no bloco de partida, uns saem mais à frente, outros mais atrás... Pior ainda são as cenas de distribuição dos livrinhos por parte de responsáveis políticos, que se repetem por todo o País.
segunda-feira, 17 de setembro de 2018
ALQUEVA E MOURA - 2014/2023: CRONOLOGIA RECENTE E FUTURA DO REGADIO
Teve lugar em Moura uma sessão de apresentação do do Bloco de Rega de Moura, Póvoa e Amareleja. O anúncio tem sido saudado com agrado, como seria de esperar. E como se justifica. Não se trata, contudo, de uma novidade.
Final de junho de 2014 - Elaboração dos termos de referência para os concursos dos projetos de execução da zona de Reguengos e Póvoa-Amareleja.
3.11.2015 - José Pedro Salema, presidente da EDIA, anuncia que está em estudo aumentar 27% e beneficiar mais 45 mil hectares, ou seja, passar dos 120 mil hectares, previstos no projecto inicial, para 165 mil hectares. Havia uma estimativa do investimento necessário, que era de 150 milhões de euros para os 45 mil hectares, mas não havia garantia de financiamento.
14.1.2016 - Sessão, em Moura, de apresentação de arranque do projeto.
8.3.2016 - Sessão sobre o futuro do regadio no concelho de Moura: encontro com agricultores (na Junta de Freguesia da Póvoa de S. Miguel
6.7.2016 - Afirmava o Ministro da Agricultura que sem o financiamento do BEI [Banco Europeu de Investimento] não era possível concluir o Alqueva.
14.11.2017 - O Banco Europeu de Investimento aprovou um empréstimo de 260 milhões de euros para Portugal; a maior parte do dinheiro é para aumentar a área de regadio do Alqueva.
17.11.2017 - Anúncio, pelo Ministério da Agricultura, que irão ser, até 2022, criados mais 49.427 hectares de regadio, distribuídos por 13 novos blocos de rega
1.2.2018 - O anúncio volta a ser repetido. Moura/Póvoa: 10.000 hectares previstos.
12.5.2018 - Jornal "Público": Preço da energia em Alqueva é um buraco financeiro para a EDIA. Interesse público “não foi devidamente salvaguardado” nas concessões das centrais hidro-eléctricas de Alqueva e do Pedrogão à EDP e a EDIA tem de se virar para o fotovoltaico.
Agora, o anúncio voltou a ser repetido. Prazo de conclusão das obras? 2021/2022/2023. Curiosamente, os comunicados que vão saindo não permitem apontar, com rigor, uma data.
Novidades, não há. Expetativas, sim.
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domingo, 16 de setembro de 2018
PARAÍSOS ORIENTAIS - (re)discoverislamicart
O acesso intimida. Há a escadaria principal, depois o controle policial, depois outra escadaria. Mas valeu a pena. A exposição era pequena, mas tinha peças extraordinárias. É o outro Islão, o do mundo oriental. Antes de lá chegarmos passamos pelos Passos Perdidos. E, no final, pelo jardim. Fechou anteontem. Se aqui registo uma coisa que já foi, é porque os próximos dias andarão à volta dos paraísos orientais. E do (meu) retorno à arte islâmica.
Do site da Assembleia da República:
Do site da Assembleia da República:
Exposição “Ideais de Liderança:
obras-primas das coleções do Museu Aga Khan”
A exposição “Ideais de Liderança: obras-primas das
coleções do Museu Aga Khan” apresenta uma seleção de pinturas islâmicas em
miniatura e artefactos emprestados pelo Museu Aga Khan de Toronto.
As histórias ilustradas nas imagens e transmitidas
pelos objetos fazem referência a alguns dos mais importantes e intemporais
ideais de liderança, aos quais os governantes aspiraram ao longo dos tempos.
sexta-feira, 14 de setembro de 2018
APESAR DE VOCÊ...
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Num interrogatório quiseram saber de Chico quem era o VOCÊ. "É uma mulher muito mandona, muito autoritária", respondeu.
"Você" era Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), presidente brasileiro durante os anos mais violentos da ditadura. Um facínora, condecorado pelo Estado Português. É uma canção que fica bem a todos os pidezecos, aos bufos, aos tiranetes de todos os tamanhos e feitios.
Chico Buarque explica as coisas.
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Num interrogatório quiseram saber de Chico quem era o VOCÊ. "É uma mulher muito mandona, muito autoritária", respondeu.
"Você" era Emílio Garrastazu Médici (1905-1985), presidente brasileiro durante os anos mais violentos da ditadura. Um facínora, condecorado pelo Estado Português. É uma canção que fica bem a todos os pidezecos, aos bufos, aos tiranetes de todos os tamanhos e feitios.
Chico Buarque explica as coisas.
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Falou, tá falado
Não tem discussão, não
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
VICE-PRESIDENTE DO SPORTING É DA SALÚQUIA
A Salúquia é um bairro de Moura. Para alguns de nós, é O bairro de Moura. Está, desde há dias, representado nos corpos sociais do Sporting. Através da Vice-Presidente Maria Serrano Sancho. O que pode um benfiquista convicto desejar nestas alturas? Desejar sorte à minha vizinha e amiga! Um bom e tranquilo mandato, que o desporto não é só futebol.
quinta-feira, 13 de setembro de 2018
A DATA DA FEIRA DE SETEMBRO E A FESTA DO “AVANTE!”
Com
regularidade, com mais regularidade do que imaginaria, fui ouvindo ao longo dos
anos a pergunta “então, a feira de setembro este ano mudou de data por causa da
Festa do “Avante!”? Lá explicava, com mais ou menos detalhe a existência de um
regulamento municipal, que a data não tinha a ver com a festa do jornal etc.
etc. Não tenho a certeza de ter sido bem sucedido em todas as minhas
explicações. Deixo aqui algumas perguntas e respostas, que creio poderão
esclarecer quem ainda tiver dúvidas:
1. Desde quando é que a feira de
setembro tem esta data, ou seja, abrindo oficialmente na segunda sexta-feira de
setembro?
A feira de setembro tem esta data desde
final dos anos 80, salvo erro desde 1988. Foi aprovado um regulamento municipal
determinando essa altura do mês. Durante trinta anos (e com três presidentes
CDU e dois PS), nunca esse princípio foi alterado. Nunca essa mudança foi
proposta.
2. Porque é que a data “cai” nesse fim
de semana e não noutro?
Há uma explicação concreta e que se
prende com o declínio por que a feira – com dias fixos (8, 9 e 10 de setembro)
– então passava. Que sucedia? Quando o dia 8 era numa segunda ou numa
terça-feira, só esse dia efetivamente era de feira. Quando se chegava ao dia
10, o recinto estava deserto. E recorde-se que nessa altura não havia pavilhões
nem infraestruturas como as que hoje existem. Urgia colocar a feira entre sexta
e domingo. Como fazer então? No primeiro fim de semana de setembro eram as
festas de Safara, no terceiro as do Sobral. Ficava “disponível” o segundo fim
de semana, durante o qual também não havia (razão adicional) outras feiras nas
imediações. Para evitar situações como a deste ano especificou-se no
regulamento municipal que a feira seria no “segundo fim de semana contado pela
segunda sexta-feira”. Nada mais claro, nada mais simples. E
se conheço com tanto detalhe esta matéria é porque em 1988 era Chefe da Divisão
Socio-Cultural da Câmara de Moura e participei ativamente neste processo.
3. O que é que a Feira de Moura tem a
ver com a Festa do “Avante!”?
A data da nossa feira nada tem a ver
com a Festa do “Avante!”, como é mais que evidente. Nunca se procurou qualquer
esquema para permitir aos mourenses estarem nas duas iniciativas. De resto, passaram
pela autarquia, entre 1989 e 1997, dois presidentes socialistas que nunca
questionaram a data da feira. É, pois, necessária muita imaginação para
engendrar como explicação para a data da feira o tempo de realização da Festa
do “Avante!”…
4. Porque é que a feira este ano
coincidiu com a primeira sexta-feira do mês?
A feira de setembro começou este ano,
oficialmente, no dia 7, porque a Câmara de Moura cometeu uma ilegalidade e
optou por não cumprir um dos seus regulamentos.
5. Pode mudar-se a data da feira?
A data da feira pode ser mudada. Basta
para tal que se cumpram os procedimentos (aprovação pela Câmara Municipal e
pela Assembleia Municipal). Ora isso não aconteceu.
Crónica publicada hoje, em "A Planície"
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O PERIGO DO AEROPORTO DE LISBOA - FALA QUEM SABE
Texto no facebook de José Correia Guedes, ex-comandante da TAP (dia 5.9.2018):
Hoje de manhã na Biblioteca Nacional fazendo pesquisa para a biografia do Carlos Bleck com o olho direito mas com o esquerdo atento à janela não fosse algum avião entrar por ali dentro sem ser convidado. Já imaginaram a notícia do Correio da Manhã no dia seguinte? Seria assim:
"Ex comandante da TAP morre atropelado por um Boeing 737 * enquanto trabalhava na biografia de um pioneiro da aviação". Com tantos ingredientes aeronáuticos o jornal ia atrair os entusiastas destas coisas e ganhar provavelmente uma segunda edição. Pela enésima vez falar-se-ia na mudança do aeroporto para outro lugar:
"Que acham do Montijo? E de Beja?"
"Ex comandante da TAP morre atropelado por um Boeing 737 * enquanto trabalhava na biografia de um pioneiro da aviação". Com tantos ingredientes aeronáuticos o jornal ia atrair os entusiastas destas coisas e ganhar provavelmente uma segunda edição. Pela enésima vez falar-se-ia na mudança do aeroporto para outro lugar:
"Que acham do Montijo? E de Beja?"
Nota - * Por favor; se tiver que acontecer que seja no mínimo um Airbus A340 ou um Boeing 777. Haja respeito.
ATENÇÃO - Até aqui estive a brincar mas o assunto é extremamente sério. Este aeroporto deve sair do lugar em que está o mais cedo possível antes que aconteça uma tragédia de proporções inimagináveis. Não basta falar no ruído e na poluição, é preciso dizer sem ambiguidades que existe perigo real e que só ainda não aconteceu uma catástrofe porque a Nossa Senhora estava atenta e a jogar a nosso favor. Mas Ela às vezes também dorme.
Não se trata de uma "boca" qualquer, mas da opinião de alguém com milhares de horas de voo. Tirei esta imagem da net e assinalei o edifício da Biblioteca Nacional. A lógica do não-há-de-ser-nada-se-deus-quiser é a que manda. Nem quero pensar numa tragédia assim... Por todos os motivos.
quarta-feira, 12 de setembro de 2018
RACHID TAHA (1958/2018)
Nunca tinha ouvido falar em Rachid Taha, até ir a Argel. Foi o senhor Mustafá, o motorista da embaixada, quem nos iniciou nestas sonoridades. Mal entrávamos no carro e tínhamos direito ao Ya rayah... Que não era um original seu, mas sim de Dahmane El Harrachi. Em todo o caso, a sonoridade vibrante de Rachi Taha conquistou-me. A canção anda em volta de um exilado, de alguém que quer voltar a casa.
Ao saber, há pouco, do falecimento de Rachid Taha vieram-me à memória as palavras de Jacques Berque, no notável Mémoires des deux rives. Durante um regresso ao Cairo (e atrevo-me a traduzir) interroga-se "pergunto-me, para minha grande surpresa, se não seria aqui que eu me deveria radicar até ao fim dos meus dias...". Rachid Taha faleceu em Paris, longe da sua Sig natal. Escolher o sítio do exílio final foi fortuna que não teve.
Ao saber, há pouco, do falecimento de Rachid Taha vieram-me à memória as palavras de Jacques Berque, no notável Mémoires des deux rives. Durante um regresso ao Cairo (e atrevo-me a traduzir) interroga-se "pergunto-me, para minha grande surpresa, se não seria aqui que eu me deveria radicar até ao fim dos meus dias...". Rachid Taha faleceu em Paris, longe da sua Sig natal. Escolher o sítio do exílio final foi fortuna que não teve.
TRIBUNAL DE MOURA - QUEM FOI O AUTOR DO PROJETO?
O dado não é novo e está publicado no livro "Moura - culturas e mentalidades", de José António Correia. Por acaso, e quando recolhia informação para um estudo em curso, voltei a encontrar, no meio de muitas informações sobres obras do Estado Novo, o nome do arq. Francisco Augusto Baptista. Um bracarense formado no Porto. E que, na nossa região, assinou o desenho da filial da Caixa Geral de Depósitos em Beja (a segunda, que a primeira teve projeto do futuramente célebre Porfírio Pardal Monteiro). Foi o autor do Tribunal de Moura, inaugurado no dia 8 de junho de 1969.
Nota - Para além do livro de José António Correia, a referência a Francisco Augusto Baptista está na tese de mestrado (datada de 2009) do eng. Joaquim José Antunes Ferreira, Reabilitação de coberturas em tribunais.
terça-feira, 11 de setembro de 2018
segunda-feira, 10 de setembro de 2018
DECÁLOGO MEDITERRÂNICO: ROSMANINHO
Acaba este decálogo com o perfume do rosmaninho. Ainda o verão não acabou e já há saudades da primavera, a mais extraordinária das estações, no nosso mediterrâneo.
O rosmaninho é do povo, tal como esta quadra ao gosto popular, de Fernando Pessoa.
Acaba o decálogo, mas segue o blogue. Que está quase a cumprir uma década ininterrupta.
O rosmaninho é do povo, tal como esta quadra ao gosto popular, de Fernando Pessoa.
Acaba o decálogo, mas segue o blogue. Que está quase a cumprir uma década ininterrupta.
Rosmaninho que me deram,
Rosmaninho que me deram,
Rosmaninho que me deram,
Rosmaninho que darei,
Todo o mal que me fizeram
Será o bem que eu farei.
DIEGO VENTURA EM MOURA
Foi a segunda vez. E não inferior à primeira passagem pela nossa terra. A praça cheia foi a resposta dos aficionados a um cartel de qualidade. Grandes lides, um belo curro e uma atuação esforçada e corajosa do nosso grupo. As pegas não foram fáceis, mas a entrega foi total.
Claro que o que Diego Ventura fez não está ao alcance de todos. E a emoção e a entrega com que cita e a arte de cada ferro transmite-se ao público. Sentiu-se isso muito bem na passada sexta-feira. É que tal como no toureio a pé há José Tomás e Roca Rey e depois os outros, na lide a cavalo passa-se o mesmo com Diego Ventura.
Não houve porta grande. Mas podia bem ter havido.
Claro que o que Diego Ventura fez não está ao alcance de todos. E a emoção e a entrega com que cita e a arte de cada ferro transmite-se ao público. Sentiu-se isso muito bem na passada sexta-feira. É que tal como no toureio a pé há José Tomás e Roca Rey e depois os outros, na lide a cavalo passa-se o mesmo com Diego Ventura.
Não houve porta grande. Mas podia bem ter havido.
OBJETOS E MUSEUS: UM PERCURSO SINUOSO
Começo a minha próxima semana nesta mesa redonda. Termino-a com outra, em Almodôvar. Dia 17 andarei pelas imediações da Sé. O Teatro Romano de Lisboa é um sítio à parte na minha geografia sentimental. Da desqualificação total passou, com esforço e talento, a ser um dos mais belos sítios da cidade antiga.
Lá estarei.
Lá estarei.
domingo, 9 de setembro de 2018
FÉ EM VALE FORMOSO
Ao princípio de uma tarde de luz, no passado sábado, foi formalmente inaugurado o lagar de Vale Formoso, no limite norte do concelho de Moura. Tiveram a simpatia de me convidar. Fui, claro.
São projetos que requerem fé, do princípio ao fim. A família Ostos tem essa fé, não só na capacidade empreendedora, como num sentido mais lato. A presença de um padre, a escultura em ferro representando a Cruz, a leitura de textos deram o mote. E marcaram a tarde.
O azeite é o símbolo maior da nossa região. A palavra evoca paisagem e economia. Mas também cultura e espírito de partilha. Vem a propósito recordar uma passagem do Deuteronómio (24:20):
Quando varejares as tuas oliveiras, não voltes a colher o resto que ficou nos ramos; deixa-o para o estrangeiro, o órfão e a viúva.
São projetos que requerem fé, do princípio ao fim. A família Ostos tem essa fé, não só na capacidade empreendedora, como num sentido mais lato. A presença de um padre, a escultura em ferro representando a Cruz, a leitura de textos deram o mote. E marcaram a tarde.
O azeite é o símbolo maior da nossa região. A palavra evoca paisagem e economia. Mas também cultura e espírito de partilha. Vem a propósito recordar uma passagem do Deuteronómio (24:20):
Quando varejares as tuas oliveiras, não voltes a colher o resto que ficou nos ramos; deixa-o para o estrangeiro, o órfão e a viúva.
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sábado, 8 de setembro de 2018
CRÓNICAS OLISIPONENSES - XVI
Ida e vinda de uma reunião no Turismo de Lisboa.
14:26 - Para lá. Não sei se é agradável trabalhar neste edifício da EDP (Rua D. Luís I). Mas que é chamativo, lá isso é.
16:08 - Para cá. Ao cruzar a Rua do Instituto Industrial reparo, pela primeira vez, nestas "palhotas". Há gente e há música. E praia, no sexto andar, também haverá?
14:26 - Para lá. Não sei se é agradável trabalhar neste edifício da EDP (Rua D. Luís I). Mas que é chamativo, lá isso é.
16:08 - Para cá. Ao cruzar a Rua do Instituto Industrial reparo, pela primeira vez, nestas "palhotas". Há gente e há música. E praia, no sexto andar, também haverá?
sexta-feira, 7 de setembro de 2018
BREVEMENTE: GRAUS ACADÉMICOS NOS BRINDES DA FARINHA AMPARO
Juro que não é embirração. Mas estes esquemas de facilitismo deixam-me furioso.
Só por brincadeira (se a brincadeira não for muito cara...) vou pedir equiparação da minha licenciatura em História da Arte - a nota nem foi má de todo - a mestrado. E se para ter mesmo o grau tiver só de apresentar uma dissertação, vou nessa.
Em linguagem direta: as licenciaturas pós-Bolonha são insuficientes. Andamos a preparar técnicos super-especializados, que ficam com um conhecimento muito limitado do que alheio à sua área específica de formação. Parece que o argumento é o mercado de trabalho. Tremam, filósofos e latinistas... À margem, e a peso de ouro, vão nascendo super-elites.
Posts anteriores sobre este tema:
18.2.2010
https://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2010/02/bolonha.html
18.7.2011
https://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2011/07/ainda-es-do-tempo-das-licenciaturas.html
Só por brincadeira (se a brincadeira não for muito cara...) vou pedir equiparação da minha licenciatura em História da Arte - a nota nem foi má de todo - a mestrado. E se para ter mesmo o grau tiver só de apresentar uma dissertação, vou nessa.
Em linguagem direta: as licenciaturas pós-Bolonha são insuficientes. Andamos a preparar técnicos super-especializados, que ficam com um conhecimento muito limitado do que alheio à sua área específica de formação. Parece que o argumento é o mercado de trabalho. Tremam, filósofos e latinistas... À margem, e a peso de ouro, vão nascendo super-elites.
Posts anteriores sobre este tema:
18.2.2010
https://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2010/02/bolonha.html
18.7.2011
https://avenidadasaluquia34.blogspot.com/2011/07/ainda-es-do-tempo-das-licenciaturas.html
quinta-feira, 6 de setembro de 2018
O KITSCH, PARA CÁ DOS URAIS
Trata-se, aparentemente, de uma cena de um filme soviético de final dos anos 60. A canção chama-se Hanina Ranina. Há ali qualquer coisa que equipara isto a um certo cinema português da mesma época: Sarilho de fraldas, Rapazes de táxis, por aí...
A coreografia, à gatitos de alvalade, não é nada má. Mas do que mais gosto é da mensagem subliminar dos calções-bandeira-americana.
A coreografia, à gatitos de alvalade, não é nada má. Mas do que mais gosto é da mensagem subliminar dos calções-bandeira-americana.
SLAPSTICK COMEDY
319 dias depois de ter deixado a presidência da Câmara de Moura ainda assino papéis nessa qualidade. Que se reportam ao passado, bem entendido. E que têm a ver com atrasos de não sei quê, de não sei qual departamento governamental, que é responsável pela situação. Assino, claro. Não vale a pena criar dificuldades.
Nestas alturas lembro-me sempre de um género que muitas vezes cito, a slapstick comedy. Quando era miúdo, espatifava-me a rir com as cenas dos bolos de creme. É o que me apetece fazer. Comprar um bolo de creme e pumba!
Nestas alturas lembro-me sempre de um género que muitas vezes cito, a slapstick comedy. Quando era miúdo, espatifava-me a rir com as cenas dos bolos de creme. É o que me apetece fazer. Comprar um bolo de creme e pumba!
quarta-feira, 5 de setembro de 2018
PENÉLOPE EM PATERNA
Mergulhado na cerâmica de Paterna (uma localidade que fica cinco quilómetros a noroeste de Valência e que foi um centro oleiro de extraordinária importância na Idade Média), vou avançando em leituras, paralelos e tipologias. Não é tanto este "regresso ao passado" que é a melhor parte da investigação, mas sim o facto de permitir (mais) uma releitura do estatuto social das minorias muçulmanas.
A tese inédita de Anna McSweeney apresenta uma extenso catálogo de materiais, quase todos recolhidos no Museo Nacional de Ceramica y de las Artes Suntuarias Gonzalez Marti, em Valência. Muitas das peças apresentam padrões gráficos, como se de tapetes se tratasse. Foram alguns desses desenhos que recolhi. Que fiz e refiz, ao jeito da manta de Penélope. Que é o tema de um bonito e sugestivo poema de David Mourão-Ferreira.
Site do Museu - http://www.mecd.gob.es/mnceramica/home.html
A tese inédita de Anna McSweeney apresenta uma extenso catálogo de materiais, quase todos recolhidos no Museo Nacional de Ceramica y de las Artes Suntuarias Gonzalez Marti, em Valência. Muitas das peças apresentam padrões gráficos, como se de tapetes se tratasse. Foram alguns desses desenhos que recolhi. Que fiz e refiz, ao jeito da manta de Penélope. Que é o tema de um bonito e sugestivo poema de David Mourão-Ferreira.
Site do Museu - http://www.mecd.gob.es/mnceramica/home.html
PENÉLOPE
Sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.
E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.
Mas nesse manto que desfias,
e que depois voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.
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terça-feira, 4 de setembro de 2018
TEXTO MAIS LIDO NO MÊS DE AGOSTO DE 2018: EM SAMORA CORREIA, COM OS SILVA HERCULANO
O texto mais visto no blogue em agosto (com 571 leituras) foi este. Consolido a ideia de que os que têm a simpatia de passar pelo blogue são pessoas com motivações muito diversificadas.
QUARTA-FEIRA, 22 DE AGOSTO DE 2018
EM SAMORA CORREIA, COM OS SILVA HERCULANO
A conversa tinha umas semanas. E tinha ficado acertado que nos encontraríamos em Samora Correia, na noite de dia 20. Silva Herculano é o nome da ganadaria e tem base na Amareleja. Henrique Herculano é o seu jovem proprietário. Num meio difícil tem vindo a construir um percurso firme. A noite da passada segunda-feira foi disso prova cabal. Touros bons para os cavaleiros e para os forcados. Com a exceção do terceiro, que se fechou em tábuas. Mas que não dificultou em demasia a pega. Antes do último da noite, o ganadeiro teve direito a uma merecida volta de honra.
Uma noite bem passada, com um grupo de bons amigos. Um abraço para si, Henrique!
Etiquetas: tauromaquia
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