A exposição encerrou há dias, e só a visitei no penúltimo dia. Não é, por isso, por maldade que aqui a recordo ou para fazer pirraça. É que a beleza do percurso pelo brilho das cidades ficará, durante muitos anos, na minha memória.
Festejem-se o azul, o azulejo e o brilho da luz.
É calmo como a água ao sol.
É assim, azul e calmo,
Porque não interroga nem se espanta ...
Se eu interrogasse e me espantasse
Não nasciam flores novas nos prados
Nem mudaria qualquer cousa no sol de modo a ele ficar mais belo...
(Mesmo se nascessem flores novas no prado
E se o sol mudasse para mais belo,
Eu sentiria menos flores no prado
E achava mais feio o sol ...
Porque tudo é como é e assim é que é,
E eu aceito, e nem agradeço,
Para não parecer que penso nisso...)
Alberto Caeiro (O Guardador de Rebanhos - Poema XXIII)