Não pretendo roubar espaço ao jornal, nem tempo a eventuais leitores. Mas
há uma coisa que não posso deixar passar em claro, pelas responsabilidades que
tive no Município de Moura. É a mentira continuada, que pode colar. Assim, e
muito sucintamente:
Foi/é motivo de orgulho ter estado ao serviço do meu
concelho, designadamente pela oportunidade de ter trabalhado em projetos que
considero cruciais. Em relação a um texto assinado no jornal “A Planície”, pelo
atual executivo, tenho a esclarecer o seguinte, por serem matérias que dizem
respeito ao meu mandato:
1.
Bairro do Carmo – segundo o atual executivo, “o
orçamento não contemplava um metro quadrado de reboco”. Isto não é verdade. O
projeto contemplava reboco nas novas construções, naturalmente. E a colocação
de reboco nas zonas onde houvesse intervenções que implicassem a sua reposição.
O reboco em bom estado não teria necessidade de ser substituído. Sendo uma obra
de custos controlados, o essencial era garantir condições de habitabilidade e
melhorar a qualidade das casas. Foi para isso que o projeto se fez. O único
erro grosseiro é a afirmação do Sr. Presidente Álvaro Azedo.
2.
Torre do Relógio (Amareleja) – “acrescentámos o
projeto de iluminação a esta obra”. Isto não é verdade. O projeto de iluminação
decorativa foi entregue à Câmara Municipal em 16 de novembro de 2016, pelo eng.
Vitor Vajão, e tem estimativa de custos. A sua adaptação à obra em curso era
mais que possível. A larguíssima experiência do autor tornaria isso numa tarefa
fácil. O Sr. Presidente Álvaro Azedo pode atirar dinheiro à rua, encomendando o
que já estava feito. Não pode é dizer que os projetos não existem.
3.
Centro Documental da Oliveira – “é um projeto
que valorizamos”, diz o texto do atual executivo. Mas a verdade é que não o vão
executar. A intervenção tinha um custo de 2.770.000 euros, dos quais a Câmara
Municipal iria pagar 15%. A obra comportaria a reabilitação total do antigo
edifício do grémio. Agora, a obra é só na fachada e no telhado O Sr. Presidente
Álvaro Azedo opta por deixar o projeto de lado e concretizar apenas uma pequena
parte. Não haverá Centro Documental nem nova Biblioteca. É uma opção de gestão.
Poucochinha e sem ambição. Que registo.
4.
Gare Rodoviária – “o projeto não contemplava a
zona de embarque e desembarque de passageiros e paragem de autocarros”, afirma
o atual executivo, liderado por Álvaro Azedo. O que quererá isto dizer? É que o
projeto comportava todos os aspetos necessários a um adequado
funcionamento. E foi resultado de uma ampla e complexa negociação com a Infraestruturas
de Portugal (empresa que herdou o património da CP). O concurso podia ter sido
lançado em final de 2017, como estava previsto. A menos que se ponham a fazer
bonitinhos e floreados nos projetos, implicando mais dispêndio.
5.
Dívida da água – “os executivos da CDU não
pagaram as faturas de fornecimento da água”, afirma o atual executivo,
liderado por Álvaro Azedo. Esta afirmação é uma mentira grosseira. O acordo de pagamento da
dívida da água com a ÁGUAS PÚBLICAS DO ALENTEJO foi aprovado pela Câmara
Municipal e pela Assembleia Municipal em 2014. O PS votou a favor desse acordo.
O qual foi posto em prática de imediato. E foi cumprido. Verbas pagas, tanto do
acordo, como da faturação corrente? 1.139.000 euros em 2015, 1.251.000 euros em 2016, 1 188.000 euros
em 2017. Começou o mandato do Sr. Presidente Álvaro Azedo. Valores pagos? 535.000
euros, nos primeiros dez meses de 2018. Que se passou? O novo executivo fez, em
final de 2017, um novo acordo de pagamento. Do qual pagou ZERO. Ou seja, os
535.000 euros dizem apenas respeito à faturação corrente. Se a dívida se
acumulou, a responsabilidade é do Sr. Presidente Álvaro Azedo. Que devia
assumir essa responsabilidade, e não atirá-la para cima de executivos
anteriores.
Outras questões da carta do executivo são opinativas e não me
merecem perda de tempo. Percebo, humanamente, a necessidade de tentar
apagar os projetos anteriores, fingindo que o que agora se apresenta é coisa
nova. Não é.
Ao executivo da
Câmara Municipal diria que é preciso mais e melhor trabalho, mais dedicação,
mais esforço, para dirigir os destinos de um concelho como o nosso. Continuar o
que já estava iniciado é-nos lisonjeiro, mas não chega.
A si, Sr. Presidente Álvaro Azedo, não lhe reconheço
conhecimentos, preparação, experiência ou currículo para me passar atestados de
incompetência. Como, de resto, a sua ação tem vindo a demonstrar.
Crónica publicada hoje, em "A Planície"