quarta-feira, 30 de novembro de 2022

TEMPORADA PORTUGAL-FRANÇA 2022

Termina a Temporada Portugal-França 2022. Um acontecimento de grande importância e alcance. Três milhões de pessoas a participar numa programação destas não é coisa de somenos.

Uma das intervenções da Temporada teve lugar no Panteão Nacional: entre fevereiro e novembro apresentámos a exposição Panthéon & Panteão, numa visão cruzada dos monumentos lisboeta e parisiense. O catálogo saiu em junho.






terça-feira, 29 de novembro de 2022

FORCADOS DE MOURA NO MÉXICO!

Uma bela notícia que já corria há umas semanas. Isto também conta como internacionalização. Parabéns!




segunda-feira, 28 de novembro de 2022

PALAVRAS ASSIM TIPO FORA DE MODA COM QUE EMBIRRO TIPO MUITO

Nunca gostei muito de "palavras da moda" ou de "expressões da moda". É, seguramente, conservadorismo.

São palavras de trênsito mais ou menos rápido. Vão, e raramente regressam. Aparecem e desparecem. São usadas a toda a hora e depois desaparecem. Eis alguns exemplos:

Fatela

Foleiro

Altamente 

Cena - "meu, essa cena é altamente" (junção de TRÊS palavras a evitar...)

Camandro

Chavalo

Baril

Bejeca (odeio sumamente a palavra bejeca)

Fixe e, muito pior, super-fixe ou, mais dramático ainda, fixol

Bué e, muito pior, buéréré

E a expressão "à maneira" (arrghhhh).

E tipo.

Prontos, já disse.


domingo, 27 de novembro de 2022

DAS MARGENS DO DON ÀS MARGENS DO TEJO

Referi esta ópera aqui no blogue no dia 6.3.2014. Retomo-a agora porque há uma versão mais longa destas Danças Polovetsianas da ópera O príncipe Igor, de Alexander Borodin. Este final do primeiro ato, encenado por Dmitri Tcherniakov, é um momento de raro brilhantismo e felicidade.

Num domingo que começa cedo e vai ser marcado por uma longa jornada de trabalho, aqui fica a minha escolha do dia.


sábado, 26 de novembro de 2022

DE NAN GOLDIN ÀS 1001 NOITES...

Os banhos nas fotografias de Nan Goldin (n. 1953).

Um mundo intranquilo, a que o jornal "Público" deu, há dias, destaque.


Do terceiro volume das 1001 noites, e porque nem todos sabiam o que era um hammam...

[Abu Sir] went out into the street with the intention of taking a bath at the hammam to assuage his scars and wash away the taint of his long illness. He accosted a passer, saying: ‘My brother, what is the way to the hammam?’ ‘The hammam? What is a hammam?’ asked the man. Then said Abu Sir: ‘It is a place where one washes and removes the impurities and old skin of the body. It is the most delicious spot in all the world,’ ‘Go and bathe in the water of the sea,’ said the other, ‘that is where we take our baths.’ ‘It is a hammam bath that I wish,’ objected Abu Sir, and the man replied: ‘We do not know what you mean by a hammam. When we wish to take a bath, we go to the sea; even the King does so when he needs to wash.’

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

COLEÇÕES DE CROMOS

Voltaram a estar na moda os cromos da bola. Não faço coleção aí desde 1972 ou 1973. Já lá vão umas cinco décadas. Muitos se lembrarão das afanosas trocas de repetidos. Bem como da procura angustiada do cromo carimbado. Que era muito menos frequente de qualquer outro e se tornava objeto de procura persistente. Lembro-me que nesse ano o carimbado era José Maria (n. 1943), um jogador português de origem angolana. Tenho ideia, mas não posso jurar, que o número era este: 39.


quinta-feira, 24 de novembro de 2022

CAMARÕES - 1 / CAMARÕES - 0

Não vi o jogo Camarões-Suiça, mas tive curiosidade em ir ver o que se passou a seguir ao golo. É que o golo, único e que ditou a vitória helvética, foi marcado pelo jovem Breel Embolo, nascido em Yaoundé e naturalizado suiço.

É um momento extraodinário. Embolo mal celebra o golo. Levanta os braços, quase em jeito de desculpa, depois baixa-os e leva as mãos ao rosto. Não pude deixar de me interrogar "o que lhe passará pela cabeça, neste momento?".


MAIS DOIS DIAS

Dia 26 encerra a exposição coletiva, no Ateneu Mourense, na qual tive o prazer de participar.

Gostei particularmente de ter estado na abertura da exposição. E do acolhimento que o Mário Faria, presidente do AM, nos deu.

E gosto do cartaz, com o meu primo Aquilino em grande destaque.


quarta-feira, 23 de novembro de 2022

MAX BRAUMANN

Igreja de Santa Engrácia (Museu de Lisboa/EGEAC)

 

Max Braumann (1880-1969) era designado, num entusiasmado artigo da revista “Ilustração”, de 1935, como “o pintor encantado de Lisboa”. Há registo da sua atividade como pintor, ao longo das décadas de 30, 40 e 50. Esteve ativo até uma data muito próxima ao do seu falecimento, ocorrido em Lisboa. Colaborou, na década de 40, com o Instituto de Restauro adjacente ao Museu Nacional de Arte Antiga. Teve exposições organizadas pela Secretariado da Propaganda Nacional.

 

Esta vista de Santa Engrácia, datada de 1938, foi provavelmente obtida a partir das traseiras da igreja São Vicente de Fora. De grande fiabilidade e rigor – sabe-se que Max Braumann usava a fotografia como método auxiliar para as suas composições –, esta aguarela tem a particularidade de nos mostrar o Panteão Nacional ainda sem cúpula, e com a improvisada cobertura metálica que teve durante muitos anos.




WWW.DUARTEDARMAS.COM - site concluído

Capítulo (quase final) de um projeto.

Está terminado o carregamento de informação no site.

Podem ser consultados, sem custos, os seguintes conteúdos:

Livro

Filme

Exposição

A exposição tem datas marcadas de itinerância até dia 9 de abril:

Castelo de Vide

Lisboa

Moura

Serpa

Mértola

Elvas

Depois se verá.








terça-feira, 22 de novembro de 2022

PAVILHÃO DAS CANCELINHAS: SETE ANOS

Sete anos se passaram e o pavilhão continua a ser utilizado...

Um caminho longo e difícil. Alguns nos quiseram fazer desistir. Que havia alternativas. Que era possível arranjar uma solução melhor. Quer era possível isto e aquilo.

O Pavilhão das Cancelinhas foi inaugurado no dia 22 de novembro de 2015. Teve um financiamento de 85% de fundos comunitários. Custou ao Município cerca de 100.000 euros.

As alternativas ainda estão por surgir. Tal como as tais soluções que eram melhores.

Se voltaria a promover aquele pavilhão? Sim.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

DO ANÚNCIO DOS PESKITOS AOS BOLSONARISTAS

Há muitos anos, quando lançaram os primeiros ultra-congelados, aparecia um homem vestido de foca, fazendo "oink! oink!", enquanto pedia "peskitos". Eu andava na faculdade e só me recordo do meu pai comentar sardonicamente "filho, isto está muito difícil... arranja maneira de ganhares a vida...".

Pensava eu, na altura, que o limite do ridículo era um homem vestido de foca fazendo "oink! oink!". mas a realidade é sempre melhor... Depois de uma humorista fazer, há dias, troça dos apoiantes de Bolsonaro, garantindo que os extra-terrestres iriam resolver o problema eis que...


Das duas, uma: ou isto é uma farsa genial ou então isto está mesmo mau...

MUNICÍPIOS E PATRIMÓNIO CULTURAL

Em 2021, os municípios portugueses investiram 125 milhões de euros em Património Cultural. O total de despesa das Câmaras Municipais na Cultura foi, nesse ano, de 490 milhões de euros.

Entendamo-nos quanto a um ponto: sem as autarquias, a vida cultural do nosso País seria imensamente mais pobre.

domingo, 20 de novembro de 2022

NÃO!

Não! Mas NÃO mesmo!

Este Mundial é um escândalo e não podemos deixar para depois.

Pela primeira vez desde 1978 (foi o primeiro Mundial que segui a sério) esta competição não marcará nem determinará os meus dias.


sábado, 19 de novembro de 2022

SOPHIA = POESIA

A exposição que, no Panteão Nacional, tem como mote a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen (as palavras estão nas paredes da exposição) inclui outras iniciativas. A primeira vai ter lugar amanhã, às 18 horas. Uma sessão de poesia por Cristina Paiva.


sexta-feira, 18 de novembro de 2022

HOJE, A HOMENAGEM A CLÁUDIO TORRES (EM MÉRTOLA)

Homenagem do ICOM-Portugal a Cláudio Torres. Hoje, em Mértola.

Fiz a intervenção em nome do ICOM - está no vídeo (2:43:00 a 3:05:30). Tive o enorme prazer de, ao longo de 22 minutos e em regime informal, dizer o que me vai na alma quanto a este projeto.





quinta-feira, 17 de novembro de 2022

EM HOMENAGEM AO CINE-TEATRO LIDO...

 ... memória de um filme visto lá, em 1976.

É difícil encontrar um ator mais tonto que Louis de Funès (1914-1983). Este filme, As aventuras de Rabi Jacob, de Gérard Oury (1919-2006), fez-me rir desalmadamente. Hoje quase me custa a perceber porquê... 

STARDUST MEMORIES Nº. 30a: LIDO (FINIS)

Li, hoje pela manhã, no grupo do facebook Cidade de Queluz (Gália velha guarda) - do qual faço parte por ter sido aluno do Liceu Nacional de Queluz - que o Lido está a ser demolido. A ruína era visível, há anos.

Repito um texto de setembro de 2019:

Uma senhora da geração da minha mãe dizia LIDÔ. Dava um som mais chique. Mas o Cine-Teatro LIDO ficava num sítio sem pretensões. O Bairro Janeiro, no limite ocidental da Amadora, era o típico subúrbio dos anos 60 e 70. Na altura ia-se ao cinema, e justificava-se um Cine-Teatro com 1137 lugares (!). Ninguém com menos de 45/50 anos sabe o que era um cinema de reprise, mas era isso que o lugar era. Havia sessões todos os dias, às 15.30 e às 21.30.

O Lido, a menos de 600 metros de casa, foi um dos lugares onde mais vezes escondi a minha solidão de adolescente. Ia sempre para a plateia (12$50 - 0,06235 €), que o balcão (20$00 - 0,09976 €) e a tribuna (25$00 - 0,12470 €) eram devaneios para ricos. Vi lá muitos filmes, do péssimo ao bom. Nem um só me deixou especiais recordações. Os muito bons vi-os na Cinemateca, no Londres, no Quarteto... Na altura a Comissão de Classificação de Espetáculos punha um carimbo de "filme de qualidade" nos que o mereciam. De forma nem sempre consensual.

Os cinemas decaíram. A dada altura, houve uma adaptação do Lido a centro comercial, depois passou a danceteria. Depois houve um incêndio e hoje é uma ruína...

O Cine-Teatro Lido foi inaugurado em 1962, com projeto do arq. Carlos Antero Ferreira (1932–2017). Ainda o tive como professor numa pós-graduação nas Belas-Artes.

O meu texto de 2019 tem imprecisões. Recordo um "Francisca", de Manoel de Oliveira, bem como "O táxi cor de malva", de Yves Boisset, e ainda "As aventuras de Rabi Jacob", de Gérard Oury. Já agora, também lá vi o "Bobby", numa tarde de aborrecimento. E, para rematar, havia o Cine-Teatro e o Cine-Estúdio, este a puxar assim um bocadinho mais para o intelectual...

Em remate, quando li a notícia, às 6:40, só pensei "raspartam". Foi isso mesmo, ou um pouco pior.


quarta-feira, 16 de novembro de 2022

HOJE...

... as notícias da atualidade pátria só me evocam este autorretrato de Robert Mapplethorpe. Melhores dias virão. Espero...

terça-feira, 15 de novembro de 2022

CLÁUDIO TORRES - MAIS UM RECONHECIMENTO

Mais uma homenagem. E nunca são demais.

Terei, nesta homenagem, um papel que me agrada bastante. O de poder dizer, de viva voz, certas e determinadas coisas sobre o percurso do Museu de Mértola. Que me tomou cerca de duas décadas da carreira profissional. Que coinheço muito bem. E que sem o Cláudio não existiria. Pelo menos desta forma.


BLITZ NA FACULDADE DE LETRAS

Já por várias vezes me têm tentado desviar do tema essencial. Ou seja, argumentam-me que são meninos mimados, que são radicais, que "isto assim não pode ser".

Ora bem, o ponto não é esse. Mas sim, e como bem sintetizou Carlos Fabião (professor na FLUL), A "Universidade é Liberdade, não é espaço de exercício prepotente de autoridade".

Chamar a polícia para expulsar estudantes da faculdade remete-nos para outros tempos. O que os estudantes dizem ou deixam de dizer não é matéria para a minha avaliação. A atitude da direção da faculdade (onde estudei entre 1981 e 1985 e onde fui dirignte associativo) é. E essa merece-me total discordância.

domingo, 13 de novembro de 2022

#AFESTASOMOSTODOS

Uma grande noite, a de ontem. Centenas de pessoas encheram o pavilhão grande do parque de feiras e exposições, em Moura. Um apoio inequívoco à Comissão de Festas de Nossa Senhora do Carmo e às Festas. A Festa somos todos, de facto.

Acompanho estes eventos há muitos anos. Entre 2005 e 2005 juntei o prazer ao dever. A partir de 2018 estar em Moura é prazer puro e sem mais.

Vi, ontem, um organização de grande qualidade e simpatia. Claro está que as expectativas para 2023 são, assim, as melhores.

Viva a nossa Comissão de Festas!

Vivam as Festas de Nossa Senhora do Carmo!


sábado, 12 de novembro de 2022

ONCE UPON A TIME, THE WESTERN IN SPAIN

Nem tudo é mau, nas redes sociais. Sigo, desde há umas semanas, uma página intitulada Once Upon a Time, the Western in Spain. É feito o contraste entre os cenários onde, há largas décadas se filmaram westerns e o estado em que estão hoje. Um jogo de espelhos. Uma temática que me é cara e que conduzido alguns dos meus próprios trabalhos.

Aqui se filmou, em Hoyo de Manzanares (Madrid) uma parte de "Por um punhado de dólares" (Sérgio Leone, 1964). Quem diria?

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

DE ONTEM PARA DOMINGO...

Arranca, no próximo domingo, o 2º. ciclo de concertos "Música no Panteão", que se irá prolongar até julho de 2023.

O ciclo é dirigido pelo Prof. Paulo Amorim. Os concertos têm o apoio da Antena 2.

Entretanto, e para não se perder velocidade, abriu ontem ao público a exposição "Thalassa! Thalassa! O mar e o Mediterrâneo na obra de Sophia de Mello Breyner Andresen". 30 obras da coleção da CULTURGEST e 27 poemas de Sophia. Até 30 de abril de 2023.

Ver - https://www.panteaonacional.gov.pt/



quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A ÁGUA NÃO DORME...

As recentes inundações ocorridas em Lisboa (em Alcântara - o sítio chama-se assim porque havia uma ponte sobre um ribeiro onde hoje estão a Avenida de Ceuta, a Rua João de Oliveira Miguens e a Rua de Cascais) levaram-me e uma memória ainda recente (2015) que ilustra bem o que se passa/passou. No caso de Lisboa, já não há ponte nem ribeiro. Mas a água passa, quando tem de passar. Seja por onde for.

Veja-se o exemplo de Albufeira:

O nome atual é Albufeira. A raíz está na língua árabe. A palavra que lhe deu origem é buhayra (lagoa, charco, açude ou, mais poeticamente, pequeno mar ou marzinho). O étimo é bahr = mar. A que propósito vem o arrazoado? É que, em tempos, o cerro do castelo de Albufeira estava rodeado por água, como se vê no desenho de Alexandre Massai. O mar não se detinha na Praia dos Pescadores, estendendo-se pela zona que hoje conhecemos como Av. 25 de abril. E pelas áreas circundantes, bem entendido. A lagoa que deu o nome à cidade deixou, há muito, de existir. No seu lugar há agora casas e ruas. Onde navegavam barquinhos estacionam hoje automóveis.

O mau tempo deste dia 1 de novembro [2015] veio, uma vez mais, explicar a razão de ser do nome do sítio. E a lógica topográfica da cidade. A inundação que aconteceu hoje irá, por isso, repetir-se no futuro.


quarta-feira, 9 de novembro de 2022

GAL COSTA (1945-2022)

Nunca a ouvi ao vivo e tenho pena. Era A Voz do lado de baixo do Equador. Um adeus inesperado. Aqui fica, em jeito de homenagem, o meu royal flush de Gal Costa.






O FIM DA LINHA

Tenho, ainda, a remota esperança que isto não seja a sério. Se for, "é o acabou-se".

terça-feira, 8 de novembro de 2022

JERÓNIMO DE SOUSA

Jerónimo de Sousa vai deixar a liderança do PCP. Fico sempre comovido quando vejo estes dilúvis de "lágrimas de crocodilo" ante a saída do secretário-geral. E com as condenações a quem vai entrar. Não gostam de Paulo Raimundo. Já? Era de esperar... Rebobinando o filme, vale a pena ler/recordar o que se disse e se escreveu quando Jerónimo de Sousa foi escolhido para liderar o partido.

Obrigado, Jerónimo, é o que me ocorre dizer.

Julgo que Jerónimo sai no momento certo. E também tenho a convicção que oa Partido lhe deve muito. Tal como o País lhe deve muito. E não é a simpatia e a cordialidade que estão em causa. Muito mais do que isso: a ponderação, a inteligência e o patriotismo. O sentido do dever, a capacidade política e uma incansável ação de mobilização.

Ponto.

(junto, a título pessoal, uma imagem do comício que teve lugar em Moura em 21.6.2013; durante a pré-campanha para as autárquicas)

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

ENRICO FERMI, A FISSÃO NUCLEAR E OS MOSQUITOS

Conta-se que em dada altura da montagem do primeiro reator nuclear, na Universidade de Chicago, o célebre Enrico Fermi (1901-1954) sugeriu que se chamasse a imprensa para se relatar o que se estava a passar. O fotógrafo destacado para o evento ficou um pouco hesitante, mas ao ouvir falar da cisão do átomo teve uma ideia luminosa: "vamos fazer três fotografias; na primeira vocês metem o átomo na máquina, na segunda fotografo a máquina partindo o átomo, na terceira, vocês ficam a olhar os fragmentos do átomo depois de sair da máquina". Lembrei-me disto ao ver as fotografias e a nota de imprensa da Câmara de Moura sobre mosquitos que um amigo me fez chegar, logo pela manhã. Há que melhore os nossos dias. Obrigado, pá!

domingo, 6 de novembro de 2022

SOBRAL DA ADIÇA: 1997/2016 (19 anos, 1 mês, 13 dias)

Vergonha foi o que mais senti ao longo de 11 anos, de cada vez que ía ao Sobral. Vergonha, angústia e raiva.

A obra de regularização da Ribeira da Perna Seca tinha um valor muito elevado. Depois daquela noite de novembro de 1997 não era possível deixar as coisas como antes. E a Câmara Municipal teve de avançar, entre um mar de obstáculos e de dificuldades. Levamos nisto 19 anos, 1 mês e 13 dias. No momento de iniciar um emocionado discurso, só me lembrei do título da biografia de Luís Pacheco, escrita por João Pedro George. Não pude citar o livro, mas lembrei-me dele.

Uma lei de 1999 sacudia a água do capote e empurrava a resolução destes problemas para as autarquias. Querem soluções? Amanhem-se, foi a resposta.

Uma pequena câmara municipal (a de Moura) foi deixada à sua sorte para resolver este problema. Recordo cada uma das reuniões que tive, recordo o nome de cada interlocutor e a forma como, enquanto vereador e enquanto presidente, fui "despachado". Recordo o apoio e incentivo que o José Maria Pós-de-Mina me deu para que fosse avançando.

Se há sítio onde me sinto em paz é no Sobral da Adiça. Em paz comigo e com os habitantes.


5.11.1997 - A NOITE DE ONTEM, HÁ 25 ANOS

A minha recordação mais marcante da noite de dia 5 é a do som do vento. Sim, em Mértola choveu muito, mas nada que fizesse prever o que se me deparou na manhã seguinte.

Ainda me telefonaram, nessa noite do "Diário do Alentejo" (a fotografia é justamente desse jornal) perguntando como estavam as coisas em Mértola. E eu que não não tinha ouvido nada de especial. Em rigor, os problemas ocorreram em Além-Rio, de onde a imagem é tirada. E em Garvão, na Funcheira e no Sobral da Adiça.

No dia seguinte, um jornal de Lisboa noticiava, timidamente, que o Guadiana tinha subido 5 metros. Foram 25 metros! Foi a última grande cheia do rio. Com a Barragem de Alqueva isso acabou.

Em 1999, o Governo publicou uma lei cobarde, atirando exclusivamente para cima das autarquias a resolução destes problemas.


sábado, 5 de novembro de 2022

ENTRETANTO, NA ESTRELA E EM MOURA...

... teve lugar, no meu concelho, uma ação de solidariedade com Cuba. O país das Caraíbas é, desde há 60 anos, alvo do mais abjeto e ilegal ato de banditismo internacional. Promovido pelos da dimócraci e dos iuman rraites.

A iniciativa não caiu em saco roto. E teve mais gente que os frequentadores da Estação Náutica.





TARDE DE ÓPERA

Era esse o nome do programa da televisão dos tempos de outrora. Hoje lambem será assim, mas em écran gigante. A produção de Michael Mayer, que tem 4 anos (e é a desta tarde), foi trucidada. Sem ser um conhecedor, do meu ponto de escuta amadorístico prefiro claramente a de Willy Decker (Salzburo- 2005), a mais convincente da meia dúzia que até hoje vi.

Viva La Traviata!



sexta-feira, 4 de novembro de 2022

HOTÉIS E ARQUEOLOGIA

É possível desenvolver projetos turísticos e arqueologia?

É.

É possível construir hotéis em sítios arqueológicos?

Sim.

Basta que se saiba o que se está a fazer. Na Turquia, na Holanda, em Portugal (em Lisboa e em Mértola) valorizou-se o Património e fizeram-se hotéis. É tudo, repito, uma questão de conhecimento e de planeamento. Fazer as coisas de qualquer maneira nunca dá bom resultado.





quinta-feira, 3 de novembro de 2022

NÃO, NÃO SÃO ATIVISTAS!

Certamente por equívoco, tem-se classificado esta gente como "ativistas". Não são tal. Nem ativistas, nem ambientalistas. Apenas vândalos, cuja inconsequente "ação política" causa danos ao ativismo e ao combate políticos.


quarta-feira, 2 de novembro de 2022

OS CAMINHOS DO OCIDENTE NA "HESPERIS-TAMUDA"

Recentes releituras das fontes escritas árabes levaram-me a propostas "disruptivas" (adoro estas palavras da moda): a correspondência entre Halq az-Zawiya e a Arrifana (e não Lagos) e entre Kanisat al-Gurab e a Ermida da Senhra da Rocha (e não o Cabo de S. Vicente).

Vai daí, e por indicação da minha amiga Isabel Cristina Fernandes, recebi um convite do Patrice Cressier para escrever um texto para a revista marroquina Hesperis-Tamuda (uma estreia, em termos pessoais) sobre as vias no Gharb al-Andalus. Um bom desafio, que vai tomar forma.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

NEM BESTSELLER, NEM BLOCKBUSTER...

... mas é um bom resultado.

Este projeto está agora terminado. Dentro de um ano haverá a memória do filme e dos livros que ficaram. Sobretudo de grande esforço que tudo isto foi. Para já fica o registo:

O livro foi descarregado mais de 3750 vezes do site - www.duartedarmas.com

O filme já foi visto mais de 1000 vezes no youtube - https://www.youtube.com/watch?v=5OZoMTDVFUA



CAVEIRAS

Crónica para mourenses com mais de 50 anos.

Já só restam dois do grupo dos caveiras, “ativo” na vila e arredores entre as décadas de 60 e de 90 do século XX. Eram comerciantes e funcionários públicos. Jovens e inventivos, dados à farra e capazes das criações mais disparatadas. Quando me lembro deles, fico com a vaga sensação de estar ante a recordação de um filme italiano. Qualquer coisa de Mario Monicelli, Pietro Germi, Dino Risi… Filmes que eles, aliás, conheciam lindamente, das sessões do velho Cineteatro caridade.

O nome “caveiras” tinha raiz na localidade do concelho de Grândola. Com regularidade de metrónomo, o grupo por lá passava a caminho da Luz ou de Alvalade, ou em digressão borguística, sem fim definido. De Canal Caveira vinham com a recordação do bom vinho que por lá se bebia. O que era motivo mais que suficiente para atazanarem o juízo ao sr. João Filipe, proprietário do desaparecido Café Portugal.

O Café Portugal ficava na esquina da Rua dos Espingardeiros com a Rua da Assaboeira (onde agora está a esquina do “Clarabóia”). Tinha duas entradas, a principal pela Rua dos Espingardeiros, a lateral, que tinha dois degraus, pela outra rua. Detrás do balcão, o sr. João, que recordo como homem muito tranquilo, regia o sítio, com grande bonomia. As provocações com a qualidade do vinho servido no café eram constantes (que era uma zurrapa, que parecia pomada e mais isto e mais aquilo; vinho bom? só em Canal Caveira!). E tiveram um retorno. Cada vez que o grupo entrava (o “cada vez” era quotidianamente, esclareça-se), o sr. João Filipe disparava “atenção, que aí vêm os da caveira”. O nome pegou de estaca. Passaram a ser os Caveiras, com direito a número e tudo (o meu pai era o número 5).

As invenções eram múltiplas e não entrarei em detalhes. Recordei, há dias, no meu blogue, uma incursão a Huelva em que ocuparam o camarote VIP do estádio do Recreativo. Poderia explicar, entre muitas outras, como fizeram uma caçada noturna aos pássaros no forro da cadeia comarcã – provocando o pânico nos presos, que julgaram ter o edifício sido tomado por seres sobrenaturais – ou como se infiltraram num baile numa freguesia fazendo passar um deles pelo novo juiz de Moura. Ou como ajudaram um deles, num momento de aflição (“fulano de tal é belfo de tripa”, justificavam os outros), nas margens do Tejo. Um episódio escatológico, digno de Luigi Comencini. As histórias foram mais que muitas. Fizeram-me rir desalmadamente na minha juventude. Ainda hoje fazem.

Tenho saudades do Café Portugal, que deixou de existir quando comecei a ter idade para lá entrar sozinho. Tenho saudades do sr. João Filipe. E, bem entendido, tenho imensas saudades dos “caveiras”. Com quem comecei a aprender um certo sentido lúdico da vida.

Crónica publicada hoje, em "A Planície"