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Claro que passam. Querem ver? A história foi-me contada pela Fátima, testemunha presencial dos acontecimentos e que se diverte, de tempos a tempos, a relatar-me as suas aventuras na Cidade-Luz. Esta parte gaga teve lugar no passado dia 17 de Fevereiro. A Ópera de Paris levava à cena Giulio Cesare, de Handel. A soprano Nathalie Dessay fora substituída, por ter ficado com a voz afetada por uma tremenda constipação. Para a qual terá contribuído, digo eu, aquela mise-en-scène com as mamas ao léu durante as várias horas que dura a representação. No seu lugar surgiria Jane Archibald, que contracenaria com Lawrence Zazzo. Surgiria e contracenaria, digo bem. Porque ambos se constiparam e ficaram afónicos. Ela talvez por andar de mamas ao léu, ele não sei bem porquê. A Ópera de Paris anulou a representação? Não anulou nada. Contratou mais duas cantoras, Sandrine Piau e Sonia Prina, que cantaram em pleno palco, enquanto as vedetas principais abriam e fechavam a boca, num insólito playback. Uns davam o corpo, outros a voz. E Sonia Prina, uma mulher, cantava o papel de Giulio Cesare. Pas mal...
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No final, a Fátima, que pagara 180 euros pelo bilhetinho, pateou e vaiou furiosamente a coisa. Se bem a conheço, a gritaria devia ouvir-se ao Boulevard des Capucines... Concluía ela depois: "como vês não é só aí, aqui também dão estas barracas". Não me serviu de muito a conclusão, mas sempre fiquei um pouco mais confortado.
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