Da Chilehaus, em Hamburgo (Fritz Höger - 1924) ao Ray and Maria Stata Center, no M.I.T. (Frank Gehry - 2004), passando pelo Crédito Agrícola, em Ponte de Sor. Desconstruindo a realidade, as linhas e as formas. Dei com o edifício do C.A. por acaso, no meio de uma investigação sobre outra coisa. Mas achei graça à sua rudeza quase expressionista.
sábado, 30 de junho de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
PÁS NA TERRA
Não é Lucas 2:14 que aqui cito ou insinuo. Embora seja esse versículo que nos vem à memória. Segunda-feira, 2 de julho, recomeçam as escavações arqueológicas no Castelo de Moura.
Anos deste percurso?
1989
1990
2003
2004
2005
2007
2008
2010
2011
2012
2013
2017, num total de cerca de 400 dias de trabalho.
Está tudo resumido em dois volumes, editados em 2013 e em 2016. As questões de urbanismo merecerão tratamento num outro livro, que depende do afinar de muitas coisas em curso. Não há tempo de edição, nem pressa. Para já, prossegue a grande incógnita sobre a ocupação medieval nos terrenos a nordeste do convento. Faremos uma campanha mais curta, de registo e de reflexão. Haverá decisões, com reflexo nos anos seguintes.
É o momento Jeremy Boob: "Ad hoc ad loc and quid pro quo, so little time, so much to know!".
Anos deste percurso?
1989
1990
2003
2004
2005
2007
2008
2010
2011
2012
2013
2017, num total de cerca de 400 dias de trabalho.
Está tudo resumido em dois volumes, editados em 2013 e em 2016. As questões de urbanismo merecerão tratamento num outro livro, que depende do afinar de muitas coisas em curso. Não há tempo de edição, nem pressa. Para já, prossegue a grande incógnita sobre a ocupação medieval nos terrenos a nordeste do convento. Faremos uma campanha mais curta, de registo e de reflexão. Haverá decisões, com reflexo nos anos seguintes.
É o momento Jeremy Boob: "Ad hoc ad loc and quid pro quo, so little time, so much to know!".
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quinta-feira, 28 de junho de 2018
VITORINO MAGALHÃES GODINHO E A BIBLIOTECA MUNICIPAL DE MOURA
Isto é um país meio esquisito. Para não dizer pior. A memória parece não funcionar.
Primeiro, foi o centenário de Vitorino Magalhães Godinho (nasceu em 9 de junho de 1918), que passou ao lado de tudo e de todos. Nem a sua Universidade Nova parece ter assinalado a data.
Ontem, no blogue de Zélia Parreira (Açúcar Amarelo) referia-se a passagem do cinquentenário da Biblioteca Pública de Moura, que a Câmara Municipal silenciou. O tema passou à margem de tudo e de todos, aparentemente.
Uma biblioteca é um sítio demasiado importante para ser esquecido. No caso de Moura, é doloroso ver que o financiamento de reabilitação total do antigo Grémio (e a sua adaptação a centro documental e biblioteca) vai ser atirado ao lixo, em nome da maquilhagem da fachada do imóvel...
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quarta-feira, 27 de junho de 2018
LIBER SCRIPTVS EST
Finis. Está terminada a primeira redação do livro sobre a experiência autárquica mourense (2005-2017). 227 crónicas, intervenções públicas, entrevistas etc. Cerca de 450 páginas A4 (palatino, corpo 12, a espaço e meio). A escrita tenta ser informal e informativa. O estilo procura ser crítico e auto-crítico. E agora? Agora fica de pousio até final deste ano. Retomo-o em janeiro de 2019, para junção de mais dados, aditamentos, releitura e revisão profundas. Tenho 17 cadernos de apontamentos e mais um par (dois pares, na verdade) de dossiês com notas. A versão final andará pelas 500 páginas, mais coisa menos coisa... A distância ajuda e um livro assim precisa de maturação. Edição? Início de 2020.
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terça-feira, 26 de junho de 2018
FICHAS MODELO 2 - O FIM DE UMA ERA
Há pouco mais de três anos e meio dediquei um textinho às fichas, em cartolina, que me servem de base para tomar notas sobre livros ou documentos que vou consultando. São umas folhas pautadas, em formato A5. Uso-as há 37 anos. Há uns milhares lá em casa.
Precisei hoje de comprar 300, para um trabalho e curso. Quando mostrei um exemplar do que pretendia, o senhor da papelaria da Faculdade de Letras de Lisboa olhou para mim como se eu tivesse saído do Paleolítico Superior. Estas fichas já não se fazem há uns anos.
Deixei a faculdade vexado e silencioso. Vou amanhã a uma daquelas tipografias de vão de escada que há na Baixa pedir orçamento para umas 1000...
Precisei hoje de comprar 300, para um trabalho e curso. Quando mostrei um exemplar do que pretendia, o senhor da papelaria da Faculdade de Letras de Lisboa olhou para mim como se eu tivesse saído do Paleolítico Superior. Estas fichas já não se fazem há uns anos.
Deixei a faculdade vexado e silencioso. Vou amanhã a uma daquelas tipografias de vão de escada que há na Baixa pedir orçamento para umas 1000...
segunda-feira, 25 de junho de 2018
CRÓNICAS OLISIPONENSES - X
Foi há pouco, na Rua da Ribeira Nova, perto do cruzamento com a Trav. de S. Paulo. Estavam dois estrangeiros olhando uma ementa no exterior de um restaurante, com aquele ar atarantado que sempre pomos quando olhamos para ementas de culinárias que desconhecemos. Sai o dono do restaurante. Um deles pergunta "aleira? what is aleira?". De bigode largo, e ar pressuroso e profissional, o senhor esclareceu alheira is a sausage from northern Portugal. Os estrangeiros, de ar delicodoce e copinho-de-leite, pareceram-me convencidos com a explicação. Uma salsicha é uma coisa internacional... Entraram. Continuei a caminho da Madragoa pensando "vão chover os kompensans, esta tarde...".
LÁ LONGE, A ARRÁBIDA
Esta tela de Carlos Calvet da Costa (1928-2014) intitulada Vista sobre Lisboa tornou-se-me familiar, depois de tantas idas aos Paços do Concelho. É uma perspetiva inabitual, com os tons nacarados das nuvens a levarem para lá o olhar. Ao fundo, está o perfil azul da Arrábida. Devia ser convocado mais vezes, só para poder olhar mais para Lisboa e, lá longe, para a Arrábida.
VERSOS AO MAR
Ai!,
o berço da tua voz,
e esse jeito de mão que tens nas ondas,
Mar!
Ai!,
o berço da tua voz,
e esse jeito de mão que tens nas ondas,
Mar!
Quando eu cair exausto
sobre as conchas da praia e fique ali
doente e sem ninguém,
hás-de ser tu quem me trate,
quero que sejas tu a minha Mãe.
Há-de embalar-me a tua voz de berço,
pra que a febre me deixe sossegar,
e hás-de passar, ó Mar!
pelo meu corpo em chaga,
as tuas mãos piedosas comovidas,
pra que sintas por mim as minhas dores
e eu sinta só o bálsamo nas feridas.
Como se fosses tu a minha Mãe…
Como se fosses tu a minha Noiva…
E hás-de contar-me histórias velhas
de Marinheiros…
Histórias de Sereias e de Luas
que se perderam por ti…
E se a Morte vier há-de quedar,
toda encantada, a ouvir-te,
e, sem ânimo já me há-de quedar,
Toda encantada, a ouvir-te,
E, sem ânimo já de me levar,
sorrindo, voltará por seu caminho
(não na sentimos vir, nem ir, tão de mansinho
se passou tudo, Mar!),
voltará de mansinho,
pé ante pé, pra não nos perturbar,
mas saudosa da tua voz de berço…
(Sebastião da Gama)
domingo, 24 de junho de 2018
AMARELEJANDO, AO FINAL DA TARDE
Emotivo final de tarde, no novo bar do Campo das Cancelinhas. Um espaço prático e funcional, que vai ficar ao serviço de todos. E que vai ser um importante ponto de apoio às iniciativas que o Grupo Desportivo Amarelejense ali vai promover.
Um simpático convívio, no qual convidado a estar presente. Foi a oportunidade para rever amigos com quem tenho convivido algo menos, no decurso dos últimos meses.
Recebi o meu cartão de sócio. Isso também me agradou.
sábado, 23 de junho de 2018
MARABOUTS E ALCÁCER CEGUER E O ALGARVE DE LÁ
É com prazer e, vá lá..., até com uma pontinha de inveja que aqui divulgo estas iniciativas de amigos talentosos e ousados. Recebi mails do André Teixeira (um colega que tem a seu cargo a escavação de Alcácer Ceguer) e do Luís Ferro (meu antigo aluno em Évora) convidando-me para iniciativas em Marrocos. Perto e bom caminho, como dizemos por aqui... Bem que gostaria de ir.
Vale a pena sublinhar o entusiasmo e competência com que se dedicam ao seu trabalho. Às exposições, ao lançamento de livros, à promoção cultural. Daqui lhes mando um abraço e o meu entusiasmo.
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O NIJINSKY DO APITO
Era assim que os brasileiros chamavam a Robert Wurtz (n. 1941), o árbitro francês que não se limitava a apitar. Fazia dos jogos um espaço teatral. Aqui fica o registo e a recordação, em dias de Mundial.
sexta-feira, 22 de junho de 2018
MOURA, SOB O SIGNO DOS HERMANOS VARGAS
A proximidade das Festas de Moura levou um amigo a convidar-me a participar num projeto que envolve a divulgação de fotografias da cidade, e que vai ter lugar durante os dias da festa. Dei-me conta, com espanto!, que quase só tenho fotografias noturnas. Ou das escavações arqueológicas. O espectro dos Hermanos Vargas, com as suas imagens de Arequipa pairando sobre mim... Não há luas nas fotografias, mas tenho Paul Verlaine.
La lune blanche…
La lune blanche
Luit dans les bois ;
De chaque branche
Part une voix
Sous la ramée…
Ô bien-aimée.
L’étang reflète,
Profond miroir,
La silhouette
Du saule noir
Où le vent pleure…
Rêvons, c’est l’heure.
Un vaste et tendre
Apaisement
Semble descendre
Du firmament
Que l’astre irise…
C’est l’heure exquise.
Luit dans les bois ;
De chaque branche
Part une voix
Sous la ramée…
Ô bien-aimée.
L’étang reflète,
Profond miroir,
La silhouette
Du saule noir
Où le vent pleure…
Rêvons, c’est l’heure.
Un vaste et tendre
Apaisement
Semble descendre
Du firmament
Que l’astre irise…
C’est l’heure exquise.
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quinta-feira, 21 de junho de 2018
TODO O AZUL DO VERÃO
A luz do naturalista russo Isaac Ilyich Levitan (1860–1900), na sua derradeira, e inacabada, tela. Faz lembrar a luz de Henrique Pousão ou de Silva Porto. A luz e o azul são a forma de celebrar o verão, que hoje começa.
CIELO (Juan Ramón Jiménez)
Se me ha quedado el cielo
en la tierra, con todo lo aprendido,
cantando, allí.
en la tierra, con todo lo aprendido,
cantando, allí.
Por el mar este
he salido a otro cielo, más vacío
e ilimitado como el mar, con otro
nombre que todavía
no es mío como es suyo…
he salido a otro cielo, más vacío
e ilimitado como el mar, con otro
nombre que todavía
no es mío como es suyo…
Igual que, cuando
adolescente, entré una tarde
a otras estancias de la casa mía
—tan mía como el mundo—,
y dejé, allá junto al jardín azul y blanco,
mi cuarto de juguetes, solo
como yo, y triste…
adolescente, entré una tarde
a otras estancias de la casa mía
—tan mía como el mundo—,
y dejé, allá junto al jardín azul y blanco,
mi cuarto de juguetes, solo
como yo, y triste…
quarta-feira, 20 de junho de 2018
CASTELO VELHO DE SAFARA
Aqui se faz referência ao trabalho liderado por Rui Monge e por Mariana Nabais. O Castelo Velho de Safara é um sítio de grande potencial em temos de investigação. Com o Castro da Azougada e o quase completamente desaparecido Cabeço Redondo fica composto o grupo de estações essenciais para o conhecimento da nossa Proto-História. A Azougada foi escavada em deficientes condições há mais de 70 anos. Há espólio importante no Museu Nacional de Arqueologia e, também, em Moura. No Castelo Velho foram feitas alguma recolhas que provam a metalurgia de prata naquele local (cito de memória). E há estruturas com visível imponência, como se constata pela reportagem em permanente atualização no facebook.
A segunda campanha está em pleno. Materiais medievais não deverão encontrar... Mas, pelo contrário, se tivermos níveis do Ferro no Castelo de Moura já saberemos quem contactar.
Site - http://www.swarchaeologydigs.com/
BAIRRO DO CARMO - A CONTINUAÇÃO
Avança, felizmente, a obra do Bairro do Carmo. Fizeram-me chegar ontem estas imagens do estado dos trabalhos. Repito o que já escrevi e que explico, em livro, detalhadamente:
Poucos projetos nos terão dado tanto conforto moral como este. Uma intervenção que dignifica o bairro e que dá condições de vida aos seus habitantes.
[Estou] confortado e convicto que o caminho que se tomou foi o mais adequado.
terça-feira, 19 de junho de 2018
MENSAGEM SUBLIMINAR
Um trabalho de levantamento arquitetónico que tenho em curso obriga-me a um reconhecimento prévio de locais, antes de partir para o terreno. Para uma primeira triagem o google maps é mais que suficiente. A parte mais trabalhosa virá depois.
Ou seja, tenho viajado de norte a sul do País sem sair do mesmo sítio. A dada altura, dei com esta imagem extraordinária. Numa sede de concelho, que propositadamente não identifico, a praça principal tem num lado os Paços do Concelho, no outro o Cemitério Municipal. Quem assim decidiu? E que mensagem quis passar? E ainda há que ache que Pedro Almodóvar é mestre em inventar coisas bizarras...
segunda-feira, 18 de junho de 2018
A ALTOMETÔRA PRA LESBOA
Esta é a altometôra que veio de Beja, ontem ao fim da tarde. A CP cuida da nossa saúde. Assim, em vez de irmos gastar dinheiro ao spa e à sauna, tivemos a sauna incluída no belhete. Eu não sou de esquisitices, mas aquilo estava assim um bocadinho pro quente. E eu até nem gosto de ares condicionados. Mas aquela caixa de lata, fechada e sem se poder abrir uma janelinha, tava quente (acho que já disse isto). Ficámos à espera na Casa Branca. Bom, agora vem aí o intercidades e agora é que vai ser. Não vai. Veio outra altometôra. Elétrica e com ar condicionado e tal, mas lenta pa caraças. Ao menos era uma altometôra democrática. Nã há cá primeiras nem segundas classes. Isto é tudo 'mocrático e igual. Resultado, pudemos ver melhor a paisagem. Chegámos com meia hora de atraso. Foi uma forma de nos compensarem. Pagámos o mesmo e tivemos mais tempo de viagem.
A CP é como aqueles bares chunga onde vamos e dos quais nunca desistimos. A gente ama porque sim. E não desiste.
domingo, 17 de junho de 2018
VELAS E MAR
Vi há pouco esta fotografia de Margaret Bourke-White (1904-1967), de uma regata em 1934. No meio da ociosidade, lembrei-me de Ricardo Reis. Vai-se o domingo, inutilmente parecendo grande.
Inutilmente Parecemos Grandes
O mar jaz; gemem em segredo os ventos
Em Eolo cativos;
Só com as pontas do tridente as vastas
Águas franze Netuno;
E a praia é alva e cheia de pequenos
Brilhos sob o sol claro.
Inutilmente parecemos grandes.
Nada, no alheio mundo,
Nossa vista grandeza reconhece
Ou com razão nos serve.
Se aqui de um manso mar meu fundo indício
Três ondas o apagam,
Que me fará o mar que na atra praia
Ecoa de Saturno?
In "Odes"
Em Eolo cativos;
Só com as pontas do tridente as vastas
Águas franze Netuno;
E a praia é alva e cheia de pequenos
Brilhos sob o sol claro.
Inutilmente parecemos grandes.
Nada, no alheio mundo,
Nossa vista grandeza reconhece
Ou com razão nos serve.
Se aqui de um manso mar meu fundo indício
Três ondas o apagam,
Que me fará o mar que na atra praia
Ecoa de Saturno?
In "Odes"
sábado, 16 de junho de 2018
MESQUITA DE CÓRDOVA
Um expressiva reconstituição da forma como evoluiu a mesquita de Córdova. A tecnologia permite hoje coisas assim. Dá-nos a possibilidade de, com razoável fiabilidade, ter acesso a informação útil. E didaticamente relevante.
O pior é quando ficamos por aqui. Ou seja, quando se acha que os multimedia são a solução em termos de exposições e no que à comunicação diz respeito. Não são tal. São um recurso. Estão ao serviço de um discurso. Não são O discurso.
Dito isto, tanto vezes que penso "back to basics!". Regresso às fichas de leitura, aos manuais de História da Arte, aos dicionários, à escrita à mão, com caneta de tinta permanente. Pensa-se melhor à mão... Faço sempre assim as correções, em cima de textos impressos. Com setas e diagramas. Está a ser o destino do livro sobre a Mouraria de Moura...
O pior é quando ficamos por aqui. Ou seja, quando se acha que os multimedia são a solução em termos de exposições e no que à comunicação diz respeito. Não são tal. São um recurso. Estão ao serviço de um discurso. Não são O discurso.
Dito isto, tanto vezes que penso "back to basics!". Regresso às fichas de leitura, aos manuais de História da Arte, aos dicionários, à escrita à mão, com caneta de tinta permanente. Pensa-se melhor à mão... Faço sempre assim as correções, em cima de textos impressos. Com setas e diagramas. Está a ser o destino do livro sobre a Mouraria de Moura...
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sexta-feira, 15 de junho de 2018
SOFISTICAÇÃO EBORENSE
Sofisticação é a única palavra que me ocorre para descrever tanto a cidade como o sítio. A sede da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCALEN), na Rua de Burgos, alberga uma bonita galeria de exposições. Um ambiente manuelino e cheio de luz. É ali que vai ser exibido um conjunto de fotografias minhas. Quem tem a seu cargo a curadoria (use-se a palavra na moda)? O prof. Jorge Calado, de quem partiu a ideia da exposição. Quando vai ser? Em outubro, provavelmente na segunda quinzena.
O acolhimento e apoio logístico são da DRCALEN. O catálogo conta com o apoio mecenático da Fundação Millenniumbcp.
O acolhimento e apoio logístico são da DRCALEN. O catálogo conta com o apoio mecenático da Fundação Millenniumbcp.
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SEBASTIANISMO
Hoje há Portugal-Espanha. Há, mas podia não haver. É que a independência perdeu-se em 1580. Foi recuperada em 1640, vá lá que escape, como se diz na minha terra. É que D. Sebastião morrera em 1578, em Alcácer Quibir. Desapareceu aos 24 anos sem deixar descendência. Aqui fica uma passagem de um texto de António Caetano de Sousa. Que nos dá a imagem de um rei muito dado às montarias.
«Saía de noite às dez horas a passear à praia só sem companhia, e no bosque de Sintra do mesmo modo. Esperava em Almeirim posto sobre uma árvore um javali, e aplicando a vista viu um vulto, e descendo-se com pressa investiu com ele: ao estrondo acudiram alguns monteiros, imaginando seria fera; acharam porém o Rei lutando com hum negro boçal, que havia largos dias que fugindo a seu amo habitava com as feras daquele monte.» (António Caetano de Sousa, Do rei D. Sebastião, cap. XVII).
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quinta-feira, 14 de junho de 2018
AMARELEJA, UMA JORNADA SENTIMENTAL
Recordava,
no outro dia ao almoço, com Jorge Calado, a produção do livro
“Amareleja”. O Jorge, que só ali foi, pela primeira vez, em
2016, apanhou depressa o pulsar da aldeia [chamemos-lhe assim, como
gostam muitos amarelejenses]. “É uma terra forte e com grande
orgulho e identidade”, dizia, convicto. O Jorge gostou imenso da
Amareleja, o que facilmente se percebe pelo texto que escreveu.
Ao
longo de quatro anos vivi, com especial intensidade, a relação com
a Amareleja. Sem grande suporte político, e contando com um punhado
de amigos, fui passando pela aldeia uma vez e outra. Uma atitude
muito criticada por vários mourenses das minhas relações “eles
não ligam a ninguém, o que é que lá vais fazer tantas vezes?”.
Discordei sempre dessa perspetiva. E ia à Amareleja porque gostava
de lá ir. Porque nunca gostei de pessoas que dizem que sim só
porque sim. E os amarelejenses nunca dizem que sim só porque sim,
para fazerem o frete e por bem parecer. Tive, entre 2013 e 2017,
momentos duros. Alguns bastante difíceis. Decidi que nunca
desistiria. Porque gostava muito da Amareleja. Porque gosto muito do
sítio e das pessoas desse sítio. Nunca promoveria e participaria
num livro sobre um sítio que me fosse indiferente. Por isso escrevi
que
“é
a paixão dos fortes feita rua e gente”. E
também que “a aldeia é um sítio e muito mais do que um sítio. A
Amareleja espraia-se em linhas longas e contínuas, Ferrarias abaixo,
Alto de Bombel acima. Não há declives fortes ou cortes abruptos. A
Amareleja estende-se num suave ondular, numa geografia toda feita de
recortes e de imprecisões. Como suave é o andar das mulheres com
quem nos cruzamos. O poder ordenador das leis e do urbanismo chegou
tarde às terras mais escondidas. As amarelejas do interior
habituaram-se a tomar conta de si. O ziguezaguear das ruas e a
improvisação dos limites são a marca de sítios assim”.
Quando
esse convívio regular terminou, alguma coisa me ficou a faltar. No
dia 24 irei recuperar um pouco, nem que seja só um pouco, do tempo
perdido nos últimos meses. Irei ao Alto de Bombel? Certamente. E ao
bar da música. E ao do GDA, seguramente. E à sociedade do terreiro,
sem dúvida. E haverá viagem à Lua. E à do Vela. E ao Barriga
Cheia. E ao Moreira. E ao novo Xico Mota. E por aí fora, tarde fora,
noite dentro. E acho que o dia se me fará curto para tanto sítio.
No
próximo dia 24 irei estar na inauguração do bar do Campo das
Cancelinhas, na Amareleja. Retomarei, nem
que seja só por umas horas, a minha jornada sentimental. Numa
terra que é a paixão
dos fortes. E que se não existisse, eu também não existiria.
Crónica publicada hoje, em "A Planície".
Crónica publicada hoje, em "A Planície".
E AS MARCHAS, SENHOR?
O Santo António já passou. E Alfama ganhou, de novo.
As marchas foram "inventadas" por um cineasta ligada ao Estado Novo. José Leitão de Barros foi, por sinal, uma grande cineasta.
Depois do 25 abril desapareceram. Regressaram nos anos 80. Com visível sucesso. Por serem um produto do fascismo deveriam ter desaparecido de vez? Deveriam ter sido transformadas numa reflexão sobre a alienação das massas? Pergunto isto porque, à luz da interminável polémica à volta do Museu da(s) Descoberta(s), todos estes símbolos deveriam ser erradicados. Certo? Não, errado. Pela parte que me toca, não gosto de fascismos, mas gosto das marchas. Lisboa é linda? É.
As marchas foram "inventadas" por um cineasta ligada ao Estado Novo. José Leitão de Barros foi, por sinal, uma grande cineasta.
Depois do 25 abril desapareceram. Regressaram nos anos 80. Com visível sucesso. Por serem um produto do fascismo deveriam ter desaparecido de vez? Deveriam ter sido transformadas numa reflexão sobre a alienação das massas? Pergunto isto porque, à luz da interminável polémica à volta do Museu da(s) Descoberta(s), todos estes símbolos deveriam ser erradicados. Certo? Não, errado. Pela parte que me toca, não gosto de fascismos, mas gosto das marchas. Lisboa é linda? É.
quarta-feira, 13 de junho de 2018
ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL
Declarações de Álvaro Azedo, Presidente da Câmara Municipal de Moura, à Rádio Pax, sobre o encontro “Moura – estratégia de Desenvolvimento Local: o urbano e o rural”:
"Esta iniciativa vai decorrer em várias sessões e esta primeira sessão tem a ver com a estratégia que nós pretendemos criar e concretizar para o concelho de Moura. Um cenário e uma estratégia para o desenvolvimento local, quer em perímetro urbano quer no rural. Daí a necessidade de começarmos a conversar com as pessoas, com os técnicos, com a população, com todos aqueles que, à partida, podem contribuir para esta estratégia de desenvolvimento. Nesta primeira sessão vamos ter entre nós um conjunto de arquitetos que têm trabalhado com o Município de Moura, conhecem o território, conhecem o nosso concelho, conhecem a nossa cidade e que, dentro daquilo que é a sua sensibilidade para o desenvolvimento do nosso território, trarão certamente contributos muito interessantes para que nós em Moura façamos esse percurso de aprimorar a nossa estratégia e de fazermos com que esta realmente seja uma estratégia que promova o desenvolvimento do concelho de Moura. O encontro é aberto à população, vai realizar-se no edifício de receção ao turista. É um espaço muito interessante para acolher esta iniciativa. Estas sessões estão abertas ao público, pelo que contamos com a participação de quem se quiser juntar a nós e contribuir para esta estratégia local." (fim de citação)
Sublinho duas ideias:
A existência de "um conjunto de arquitetos que têm trabalhado com o Município de Moura, conhecem o território, conhecem o nosso concelho, conhecem a nossa cidade (...)".
O facto de o edifício de receção ao turista ser "um espaço muito interessante (...)".
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A TORRE
I pace upon the battlements and stare
On the foundations of a house, or where
Tree, like a sooty finger, starts from the earth;
And send imagination forth
Under the day's declining beam, and call
Images and memories
From ruin or from ancient trees,
For I would ask a question of them all.
Imagem da obra da Torre do Relógio, em Amareleja. A obra vai. Fico contente por ir assim, firme e bonita. Já não tardará muito. Um percurso iniciado há anos aproxima-se, assim, do fim. Depois será tempo de a usar. Como deve ser, nestas coisas. O texto acima, em língua bárbara, como dizia a minha professora de Jornalismo, é um excerto do poema The Tower, de W. B. Yeats.
terça-feira, 12 de junho de 2018
STARDUST MEMORIES Nº 20: GENTRIFIBAR
Pensava que tinha fechado. Não foi bem isso. Falando ontem com um veterano, esclareceu-me "agora é um bar turístico". Engoli em seco. A gentrificação entrou, de vez, na ordem do dia. Primeiro, gentrificar. Agora, gentrifibar. Não creio que volte ao Estádio. Já lá não estão os símbolos de uma distante juventude. O jukebox (com músicas do Teixeirinha, o rei da canção gaúcha) desapareceu, os azulejos foram cobertos com madeira, do pinball ficou só a memória.
O Estádio era um sítio difícil de classificar. Foi aí que passei alguns dos melhores momentos dos tempos de estudante. Na altura, há quase 30 anos, era sítio frequentado por estudantes tesos, boémios profissionais, putas na reforma e alguns vencidos da vida. Não havia beautiful people nem gente à procura de ambientes exóticos ou de emoções fortes. Bebia-se, fumava-se e conversava-se, numa ambiente caótico.
Foi lá que conheci o Cabeça de Vaca, um dos mais reputados boémios de Lisboa. Foi-me apresentado pelo companheiro daquela noite, com quem irei almoçar hoje.
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segunda-feira, 11 de junho de 2018
UMA JANELA PARA MOURA
É a minha janela mourense. A vila, logo pela manhã. Enquanto tomo café, de pé, como sempre, tenho direito a este panorama. Um privilégio pessoal. Depois o dia começa. Com saudades da vila? Sempre. Com menos adrenalina que antes? Bom, na verdade quase nenhuma. Mas com o enorme prazer do regresso à investigação, à(s) escrita(s) e à fotografia.
Revejo e retomo os anos de 2002 a 2005. Foram tempos de "acumulação". Enquanto não terminava a tese, mergulhei num trabalho de preparação que só deu resultados mais tarde. Regresso a essa fase. Em 2018 quase nada publicarei (dois textos para a "Monumentos", um para o "Arts Journal", uma colaboração com o Padrão dos Descobrimentos, creio que nada mais). Haverá uma exposição fotográfica com catálogo e será tudo. Depois se verá. Entretanto, vou começando os dias olhando para Moura, por uma janela distante.
Revejo e retomo os anos de 2002 a 2005. Foram tempos de "acumulação". Enquanto não terminava a tese, mergulhei num trabalho de preparação que só deu resultados mais tarde. Regresso a essa fase. Em 2018 quase nada publicarei (dois textos para a "Monumentos", um para o "Arts Journal", uma colaboração com o Padrão dos Descobrimentos, creio que nada mais). Haverá uma exposição fotográfica com catálogo e será tudo. Depois se verá. Entretanto, vou começando os dias olhando para Moura, por uma janela distante.
domingo, 10 de junho de 2018
THE OTHER SIDE OF...
The other side of the wind está terminado.Ou quase. Foi começado em 1970. Tem estado, desde então, mergulhado num imbróglio sem fim. Parece que ainda falta a música. E parece que será mesmo estreado no outono. Vi, há muitos anos, um rush que dava a ideia de estarmos ante mais uma extravagância à Orson Welles. Mas aqueles dois minutos, apresentados durante uma homenagem do American Film Institute eram só um relâmpago. Oxalá se confirme.
Lembrei-me deste filme, que está para o ser ao escrever, há dias, um plano que começa, justamente, com as palavras The other side. Não do vento, mas de outra coisa. Espero que não demore 48 anos. Até porque, seguramente, já não terei esse tempo.
Lembrei-me deste filme, que está para o ser ao escrever, há dias, um plano que começa, justamente, com as palavras The other side. Não do vento, mas de outra coisa. Espero que não demore 48 anos. Até porque, seguramente, já não terei esse tempo.
WIM WENDERS, AO JEITO CORIN TELLADO
Melhor dizendo, era uma mistura de Corin Tellado e de Steven Seagal. Nunca tinha visto um filme mau de Wim Wenders. A estreia chegou esta madrugada, com uma história folhetim chamada Submersos. Logo no início há uma citação explícita à tela O viajante sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich. Pensa-se que o filme vá por aí, entre aqueles maneirismo tão típicos de Wenders. Não vai. O folhetim começa. Uma parte é passada num navio oceanográfico. Nem sim nem sopas. A outra parte é passada na Somália, mete al-Qaeda, fanáticos e uma espessura dramática digna de qualquer filme de pancadaria. À saída, hesitante, fui confirmar se o filme era mesmo de Wenders. Era...
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