quarta-feira, 29 de novembro de 2023

AQUELES POLÍTICOS LOCAIS QUE JOGAM COM AS BRANCAS E QUE JOGAM COM AS PRETAS...

"Silverado" é um belo filme, de gratas memórias. Está cheio de boas ideias.

Nesta cena John Cleese joga com as brancas e com as pretas. Há quem faça isto na política. Estão de um lado e do outro. Antes das eleições jogam com as brancas, depois das eleições jogam com as pretas. Como é costume dizer-se, andam na vida enganando um e outro. Só que estes truques não dão para sempre, felizmente. Há uma altura em que as pessoas se dão conta que é melhor confiar em quem tem seriedade.



terça-feira, 28 de novembro de 2023

EVERESTALEFE

Este filme podia ser uma produção dos Monty Python. Isto foi "tirado do sentido" de Luís Afonso e de Sibila Lind. Um alpinista sobe ao alto da Serra de Ficalho. Um exercício arriscadíssimo. São 30 minutos de nonsense. É ver, senhores!


segunda-feira, 27 de novembro de 2023

TINMEL

Amanhã, o dia começa em Tinmel. Não fisicamente, claro está. Mas esta jóia da arquitetura almóada será tópico importante numa aula dedicada às mesquitas. O recente sismo deixou o monumento em ruínas.
O semestre está in fine.Religião e morte são os temas das próximas aulas. Ali também se falará da Sé de Lisboa - uma tragédia grega nos nossos dias... - e da sombra de Tinmel, que nos pesa a todos.


domingo, 26 de novembro de 2023

LUZES E SOMBRAS NO PANTEÃO

A passagem pelos corredores do monumento, fora de horas e na penumbra do fim da tarde, torna-se um jogo de luzes, de reflexos e de sombras. Eis o "pretexto" para um "registo" que arranca nesta semana. Já tenho para ali um rodízio de HP5, FP4 e mias uns DELTA3200 à espera. Novidades daqui por uns meses.


sábado, 25 de novembro de 2023

UMA MOIDÊRA, ONTEM À TARDE...

Final de tarde no Museu Bordalo Pinheiro, um sítio que o meu João Alpoim Botelho dirige e põe em alto nível.

O ponto de partida foram os cartoons do Luís Afonso. E falamos da ironia dele e do nosso Alentejo e do humor alentejano. E lá estivemos os quatro, numa sala a abarrotar. Da direita para a esquerda: o João Alpoim, o Luís Afonso, o Joaquim Caetano e eu. Como se pode ver pela fotografia foi um final de tarde aborrecidíssimo.




sexta-feira, 24 de novembro de 2023

PANTEÃO NACIONAL: 171.309

Foi na terça-feira, ao fim da tarde. Chegámos ao visitante 171.309. O que quer dizer que é o melhor ano de sempre do Panteão Nacional, em termos de entradas. O objetivo nº. 1 não é/nunca foi a questão dos recordes. Mas é bom vermos que o público corresponde e que, pela primeira vez, se superou a fasquia dos 40.000 visitantes nacionais.


quinta-feira, 23 de novembro de 2023

OS CAMINHOS DO OCIDENTE EM ÉPOCA ISLÂMICA

Em outubro de 2022 recebi um convite de Patrice Cressier para escrever um texto sobre as vias islâmicas no Gharb al-Andalus (grosso modo, os atuais centro e sul de Portugal) para ser publicado na revista marroquina Hesperis-Tamuda. Um processo mais longo do que eu esperaria (por culpa minha, nada mais), que foi publicado hoje mesmo. É bom ver que faço grupo com velhos amigos dos tempos de Lyon como Jean-Pierre Van Staëvel e Abdallah Fili.

Se tenho propostas "polémicas"? Lá isso tenho. De tal maneira que estou a pensar alargar o trabalho e passar das 30 páginas deste trabalho para um pequeno livro.

Aqui ficam o link da revista:

https://www.hesperis-tamuda.com/fascicule/2023002/articles

E o do meu artigo:

https://www.hesperis-tamuda.com/Downloads/2020-2029/2023/Fascicule-2/4.pdf


MEMÓRIA? MAS QUAL MEMÓRIA??

Um escândalo. E um exemplo do que são as supostas "elites" que dirigem alguns serviços do Estado. Transcrevo da página do facebook do meu amigo Rui Nery, do passado dia 20:

Acabo de receber um telefonema de um jornalista da “Visão” que me pedia um depoimento sobre um facto absolutamente extraordinário: segundo ele me explicou, a revista acaba de receber da RTP uma informação formal de que não existe no arquivo da empresa nenhum registo filmado do XI Festival RTP da Canção, realizado em 1975.

Escusado será dizer que em 1975 o Festival RTP era a manifestação da Música Popular Urbana portuguesa de maior impacto público em todo o País, sobretudo a partir de 1969 e nos anos imediatamente subsequentes, quando, no ambiente de relativa liberalização da censura no arranque da chamada “Primavera Marcelista”, o concurso deixou de ser um baluarte do chamado “nacional cançonetismo” e se abriu à participação de poetas como José Carlos Ary dos Santos, Yvette Centeno ou Pedro Tamen, de jovens compositores como Nuno Nazareth Fernandes, Fernando Tordo, José Calvário, Pedro Osório ou Jose Cid, ou de poetas-compositores como José Luís Tinoco ou José Niza. Um momento especialmente marcante foi sem dúvida a vitória, em 1973, da “Tourada”, de Ary e Tordo, num desafio aberto à hipocrisia moral do regime salazarista.
A edição de 1975, em pleno PREC, teve especial relevância por ser a primeira realizada já depois da queda da Ditadura. Venceu a canção “Madrugada”, com letra e música de José Luís Tinoco, na voz de um dos capitães de Abril, Duarte Mendes, e entre as restantes estavam canções tão marcantes como as de José Mário Branco (“Alerta” e “Viagem”), de Sérgio Godinho (“A Boca do Lobo”), de José Niza (“Como uma Arma, como uma Flor”) ou de Pedro Osório e Jorge Palma (“Batalha-Povo”), entre as dez selecionadas. Suponho que não haverá qualquer dúvida de que o registo do evento deveria constituir um documento histórico precioso para a história da Música Popular portuguesa, do audiovisual e do próprio momento decisivo para a História Contemporânea de Portugal que então se vivia.
A informação de que, algures nas décadas que se seguiram, esse registo se terá perdido é – obviamente – gravíssima. Revela, da parte das sucessivas administrações da RTP que entretanto estiveram à frente da empresa uma incúria, uma irresponsabilidade, uma falta de profissionalismo e uma incompetência absolutamente inadmissíveis no que respeita aos mais elementares deveres de preservação patrimonial a que esta está obrigada na qualidade de titular do serviço público de audiovisual, sustentada, para o efeito (e enquanto tal com inteira justificação), por verbas públicas, quer pelas taxas específicas de que beneficia, quer pelas verbas do Orçamento do Estado.
O atual Conselho de Administração não pode, claro está, ser responsabilizado por um facto que segundo todas as probabilidades terá ocorrido antes do seu mandato, mas tem a obrigação inalienável de instaurar agora, verificado o ocorrido, um inquérito rigoroso para apurar o que se passou e para garantir um código de preservação do seu património à altura das suas responsabilidades estatutárias, que impeça que crimes desta natureza – porque é disso que estamos a falar – contra o património público que lhe incumbe salvaguardar possam voltar a ocorrer. E será talvez uma boa ocasião para debatermos todos mais largamente, começando logo pela própria Assembleia da República e pelo Governo, o estatuto legal do Arquivo da RTP e a consagração inequívoca da sua função única e insubstituível como acervo histórico-documental nacional. Porque é importante que fique muito claro, de uma vez por todas, que não se trata de modo algum do mero acervo interno de uma qualquer empresa privada, mas sim de um bem público que tem de estar sujeito a normas rigorosas de tratamento, preservação e acesso amplo e transparente à comunidade.

quarta-feira, 22 de novembro de 2023

CAMA QUENTE

Homenagem aos mineiros do Chile
que dormem, singelo,
pelo sistema de "a cama quente"


Na mina trabalha-se por turnos.
Quando se volta, nem se tiram os coturnos.

Bebido o café negro e trincado o casqueiro,
joga-se o corpo ao sono, mas primeiro,

enxota-se o camarada da cama ainda quente,
que não há camas, no Chile, pra toda a gente.

Do calor que sobrou o nosso se acrescenta
pra dar calor ao próximo que entra.

Vós, que dormis em camas, como reis,
tantas horas por dia, não sabeis

como é bom dormir ao calor de um irmão
que saiu ao nitrato ou ao carvão

e despertar ao abanão (é o contrato!)
de um que chega do carvão ou do nitrato!

É este sistema, minha gente,
que se chama no Chile "a cama quente"...

Não precisamos de evocar o Chile ou este poema de O'Neill. O Chile veio para cá. Publicação no "Jornal de Notícias":

terça-feira, 21 de novembro de 2023

UMA ÓPERA NO BARREIRO

Há muitos anos, numa aula de Arte Contemporânea, o dr. Rio-Carvalho usou as duas horas daquele final de tarde explicando-nos a beleza do Barreiro. Escreveria, dias depois, um artigo sobre esse tema para o "Jornal de Letras". Uma sua aluna tinha-lhe apresentado um trabalho intitulado "Para compreender a beleza do Barreiro". Intrigado, Rio-Carvalho foi passear para a margem sul. Lembro-me da paisagem industrial lhe evocar o "Deserto Vermelho", de Antonioni, e dele próprio dizer que o mercado municipal, na sua arquitetura neo-árabe, era o cenário ideal para uma "Carmen".

Manuel Rio-Carvalho era um professor invulgar e com um conhecimento profundo de Arte. Foi um dos quatro ou cinco que (me) fizeram a diferença, na desgraça que era a Facudade de Letras na primeira metade da década de 80.

Aquele episódio ficou no fundo da minha memória, até ao passado domingo. Ao olhar para uma fotografia de Augusto Cabrita, do 1º. de maio de 1974, pensei "era este o edifício de que o Rio nos falava; vou ver como é". O mercado fica na zona antiga. Ao chegar, reparei que a fachada neo-árabe foi ocultada por um expansão desgraçada e cheia de nomes sonantes. Toda a poesia do lugar se foi. Meti-me rapidamente no carro e voltei para a margem norte.


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

ARLINDO HOMEM: MAIS FOTOGRAFIA

Não conhecia o Arlindo até começar a trabalhar no Panteão. Tem sido ele a dar um competentíssimo apoio fotográfico às nossas iniciativas de maior destaque. É um bom colega, sempre disponível.

Uma fotografia do Arlindo Homem foi agora premiada pela Comissão Naciona da UNESCO, que promoveu um concrso de fotografia com o tema "Património Mundial em Portugal". A fotografia é esta, do Palácio Nacional de Mafra. A grandeza está na simplicidade. Parabéns, Arlindo!


domingo, 19 de novembro de 2023

AUGUSTO CABRITA: CENTENÁRIO

Nasceu no Barreiro, há 100 anos. Estreou, há semanas, uma exposição destinada a assinalar esse centenário.  “100 anos de Augusto Cabrita: um olhar inédito” é um testemunho importante da obra de um fotógrafo excecional. E esquecido?

Até 16 de março de 2024.

sábado, 18 de novembro de 2023

DOIS "EL GRECOS" LONGE DE MAIS

Pertenceram a Guerra Junqueiro duas obras de El Greco: Santo André e Cristo no Monte das Oliveiras. O Estado Português não teve interesse em o manter em território nacional. Ou melhor: 

"Propôs [Guerra Junqueiro] à Câmara do Porto a compra da sua colecção por um conto e setecentos. Resposta: Agora não temos onde arrumar trastes velhos!

Os dois quadros viajaram pouco depois até Paris chegando às mãos de Mór Lipót Herzog, nobre judeu húngaro, cuja colecção foi espoliada durante ou já depois da II Guerra Mundial, e encontram-se actualmente no Museu de Belas Artes de Budapest".

(in  https://jpcnortonm.wordpress.com/2018/07/07/junqueiro-e-el-greco/)

Os quadros estão a 2.472 kms. do Panteão Nacional e do sítio onde repousa Guerra Junqueiro. Esperemos que reproduções das obras possam, em breve, ser ali exibidas.

Escritório de Mór Lipót Herzog

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

IR AO D. CARLOS ESTÁ PELA HORA DA MORTE...

Era um daqueles mói, que se senta a uma mesa e só ele é que fala. Moeu os companheiros de mesa, e a mim, que estava na mesa ao lado, e não escapei à torrente verbal. Às tantas, deu-lhe pra cultura, "ai eu adooro ópera, adoro, adoro! só não vou mais vezes aquele teatro que fica ali pró Chiado porque é caríssimo; como é que se chama?" Uma das colegas de repasto teve a possibilidade de dizer três palavras "o dom Carlos". E ele, rápido "iiiizatamente [como agora se diz, arrastando muito a primeira sílaba] o dom Carlos".

O que me vale é que o sítio é simpático, se come bem e a preços decentes.




quinta-feira, 16 de novembro de 2023

AGORA, QUE VEM AÍ ABRIL...

Fotografia de Ângela Ferreira, da coleção PMLJ.

Hotel da Praia Grande (O estado das coisas), 2003

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

NUVENS DE MAGALHÃES

E a "novidade" da semana chama-se Mia de los Reyes.

Mais um "cancelamento". Agora são as Nuvens de Magalhães, lá muito em cima que devem mudar de nome, porque o legado colonial blablabla porque era assassino porque cometeu atos horríveis. Etc.

No ano passado, os textos de Roald Dahl foram reescritos, para evitar palavras supostamente ofensivas. Não contentes com isso, acrescentaram frases "pedagógicas". Depois, sobrou um grama de bom senso e lá fizeram duas edições: uma integral e legítima, outra para almas sensíveis.

Duas edições de estrelas lá no céu é coisa que não há. E pachorra para tretas também não.

Lido no Guardian:

For centuries Ferdinand Magellan has been accorded a rare privilege. The explorer’s name has been written in the stars. Two satellite galaxies of our own Milky Way, which sparkle conspicuously over the southern hemisphere, are labelled the Large and Small Magellanic Clouds.

Now astronomers want to erase this celestial distinction. They say that Magellan, the 16th century Portuguese sailor, was a murderer who enslaved and burned down the homes of Indigenous peoples during his leadership of the first expedition to circumnavigate the globe. They insist his name should no longer be honoured by being associated with the clouds.

“Magellan committed horrific acts. In what became Guam and the Philippines, he and his men burned villages and killed their inhabitants,” says the astronomer Mia de los Reyes, of Amherst College in Massachusetts. Magellan led the 1519 Spanish expedition that achieved the first European navigation to Asia via the Pacific, but died in a battle, in 1521, with Indigenous people in the present-day Philippines.

In an article in the journal APS Physics, Reyes calls for the International Astronomical Union – the body in charge of naming astronomical objects – to rename the Magellanic Clouds. “I and many other astronomers believe that astronomical objects and facilities should not be named after Magellan, or after anyone else with a violent colonialist legacy.”

It is not just Magellan’s actions that should lead to his name being stripped from the skies, argues Prof David Hogg, of New York University. “The primary issue is that the clouds aren’t his discovery,” he has told the website Space.com.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

UM TEXTO EM MÉRTOLA

Texto lido na homenagem a Cláudio Torres, no sábado:

Quando as escavações arqueológicas arrancaram, em 1978, quem viesse de Lisboa para Mértola contava com longas horas de viagem. A autoestrada acabava em Casal do Marco. Não havia computadores pessoais. Bem entendido, os telemóveis eram objetos de ficção científica. Mértola era um sítio longínquo, perdido nos confins do Alentejo. Vinha-se, portanto, para Mértola. Com esforço e por estradas que são hoje secundárias. Em 1978, arrancavam escavações arqueológicas à procura desses árabes nossos supostos antepassados. Quem financiava este projeto era a Câmara de Mértola. Pontualmente, a Secretaria de Estado da Cultura, concedia apoios às escavações. Mas este era um projeto do Poder Local. Em grande medida, ainda o é.

Recordo, e vale a pena recordar isto, que não havia ainda Lei das Finanças Locais e que grande parte do que nas autarquias se fazia não tinha enquadramento legal bem definido. Em concreto, as iniciativas culturais promovidas pelos municípios eram, para alguns, de legalidade duvidosa. Muitas vozes se levantavam contra estas iniciativas. A Cultura nas autarquias era uma novidade, que nascia do 25 de abril. Ou seja, o projeto das escavações arqueológicas aqui em Mértola arrancava por entre dificuldades e aos solavancos. Empurrado pelo entusiasmo e pelo poder de decisão de um jovem autarca, António Serrão Martins, e de um também jovem professor universitário, chamado Cláudio Torres. Por detrás, estava a figura tutelar de António Borges Coelho.

A partir daí começa a sonhar-se o futuro. O primeiro texto que o Cláudio escreve, e onde desenha o que virá a ser esse futuro, intitula-se “Mértola, o castelo, arqueologia e sonhos”. Isso foi em 1979. Anos mais tarde, em 1991, e quando ganha o Prémio Pessoa, o “Expresso” chama para título da entrevista uma frase sua “prefiro os mitos à realidade”. De facto, foi o sonho que guiou este percurso. O futuro nunca se desenharia se se tivesse recorrido a folhas excel, a gráficos, a indicadores de impacto ou de realização, às ponderações, às metas e aos valores críticos. O que aconteceu durante os primeiros anos, grosso modo entre 1978 e 1993, decorreu sob o signo da improbabilidade. Hoje, passados tantos anos, tudo parece lógico que tivesse acontecido. Esteve muito longe de assim ser. A quase unanimidade em torno do projeto, mesmo em Mértola, não foi sempre assim. Houve momentos de grande dificuldade. Há pouco mais de 20 anos andaram os membros da equipa distribuindo papéis, de café em café, para explicar que a Câmara apenas iria pagar cerca de 7,5% do custo do Museu Islâmico. Sem ressentimento o digo. Todo esse processo foi uma grande aprendizagem, para todos nós. Hoje, Cláudio, o teu trabalho merece aplauso, urbi et orbi. Ainda bem que assim é. Embora tivesse dado jeito que esse reconhecimento tivesse chegado um pouco mais cedo.

Não quero fazer desta intervenção só um elogio, de ti, do teu trabalho, da tua tenacidade, do teu entusiasmo, do teu jeito de ver as coisas pelo ângulo inverso. Mas é claro que tudo o que disser parte desse reconhecimento. Que é o meu e que é o de todos nós. Uma placa num muro tem sempre um significado. Predisse-te um dia, há muitos anos, que um dia haveria em Mértola uma Rua Cláudio Torres. Enganei-me, felizmente. O nome no museu é muito mais justo, e sem ti ele não existiria.

Não vou aqui evocar recordações pessoais de um percurso que tivemos e onde se incluem episódios pícaros (que não reproduzirei), livros como “O legado islâmico em Portugal”, exposições em Portugal (Portugal Islâmico, em 1998), em Marrocos (Marrocos-Portugal: portas do Mediterrâneo, em 1998) e no Brasil (Lusa – a matriz portuguesa, em 2007), o arranque da revista “Arqueologia Medieval”, núcleos museológicos ou o projeto Discover Islamic Art. O único e decisivo testemunho pessoal que te posso deixar é que o modo como desempenhei o cargo de presidente da câmara, o modo como dirijo o Panteão Nacional ou como dou aulas na NOVA são devedores do que contigo aprendi ao longo de mais de duas décadas. Na verdade desde o já distante ano letivo de 1982/83. Espero ter estado/estar à altura dos ensinamentos.

Quem construiu Tebas, a das sete portas?, perguntava há dias, citando Brecht, a nossa amiga Paula Amendoeira. Para depois aludir, claro, a ti e ao projeto de Mértola. O que se passou na vila depois de 1978 não seria possível sem o 25 de abril nem sem aquele período que passa agora para a História como o PREC (Processo Revolucionário em Curso). Foi nessa matriz um pouco desordenada que os tais sonhos eram possíveis, que tudo era possível e que as coisas tomaram forma. Este projeto é o de um Portugal Livre, não de outra coisa qualquer.

Apresenta-se, hoje menos do que há uns anos, Mértola como um modelo. Não é tal, nunca foi tal. O trabalho aqui desenvolvido resulta de um conjunto de circunstâncias, políticas, culturais e sociais daquele tempo. O projeto não seria possível deste modo em qualquer outro sítio. Nem seria possível iniciá-lo daquele modo, naturalmente, na Mértola de hoje.

O projeto é uma vitória? É uma vitória por vezes avassaladora. Um terramoto do qual és o epicentro. Com réplicas em muitos sítios. Mas não mudou, por muito que isso nos custe, questões de fundo. O despovoamento continua, o envelhecimento acentua-se. Não há, tecnicamente, falando, um interior. Mas há esquecimento. E em relação a isso, um projeto de desenvolvimento cultural pode ser, e é, um símbolo, mas não resolve, não resolveu, o resto.

O que é o resto? É passar de 700.000 habitantes no Alentejo em 1950 para 400.000 em 2021. Na prática, cabemos hoje dentro do concelho de Sintra. A isto chegámos. Em Mértola, criaste, sem dúvida, uma grande diferença. Mas ainda (sublinho ainda) não ganhámos o tal futuro que sonhaste, que sonhámos, que todos queríamos e queremos.

O que não queremos? Algumas imagens que, por vezes nos querem colar. O Alentejo não é o exotismo ao virar da esquina, com indígenas que cantam bem, que fazem bom artesanato, bom pão, bom vinho, bom azeite e que, felizmente e em nome dos bons costumes, abandonaram as práticas canibais há cerca de 2000 anos. Nós não queremos ser esse exótico baratinho. O que nós queremos, e temos direito, é a uma vida decente e a um Alentejo melhor. E desse caminho de conquista faz parte integrante o projeto de Mértola. Pelo que foi e que ainda se espera que possa vir a ser.

O que nos interessa é o futuro. Não há soluções infalíveis nem caminhos milagrosos. Mas há coisas que sempre estiveram na matriz deste projeto. O quê? A componente de investigação, bem entendido. As publicações. Os seminários e os colóquios, claro. Mas também as iniciativas improváveis e fora da caixa. A recusa da banalização e do costumeiro. “Temos de inventar qualquer coisa, que isto está a ficar muito sossegado”, dizia o Cláudio com frequência. Depois, seguiam-se semanas de frenética agitação, enquanto qualquer coisa tomava forma.

Foi um percurso pouco ortodoxo. Só em 1991 se publicou o primeiro catálogo de um núcleo museológico, só em 2004 e em 2005 surgiram as primeiras teses de doutoramento. Que a primeira publicação saída deste projeto tenha sido o resultado de uma recolha sobre mantas tradicionais, e não sobre arqueologia, diz muito do que é o génio do lugar. Nesses anos de arranque, duros e complexos, as opções foram outras: recuperar imagens religiosas, participar na reabilitação de edifícios, como aconteceu no museu romano, ou fazer de uma basílica cristã um ponto obrigatório de visita. Tudo isso foram gestos de cidadania e de compromisso que nos fizeram pensar a História, o Património do ponto de vista próximo das pessoas. Destas e não das da Academia ou dos tapetes fofos dos ministérios. Fazendo da Arqueologia um elemento da vida de todos nós. E não me digam que mitizo o passado ou que exagero. Eu estava cá. Foram 14 anos da minha vida vividos assim, dia a dia. Ainda aqui estou, aliás.

         A nossa grande aprendizagem passou pelo contacto com uma realidade social que desconhecíamos, e pelo contraste entre as expetativas do jovens universitários versus as expetativas dos jovens que vinham dos montes. Essa pedagogia política, essa aprendizagem da vida era aquilo que o Cláudio tinha como crucial neste projeto. E é claro que tinha razão.

O essencial agora é o futuro. Não há receitas, porque nunca as houve e hoje não é, seguramente, a ocasião para essas reflexões. Sobretudo, porque o futuro não passa pela burocratização, pelo óbvio ou pela repetição de receitas. Pelo fazer uma vez e outra e outra as mesmas coisas. Repetindo iniciativas, uma vez e outra. De um colega nosso, tecnicamente bem preparado, mas que nunca produziu nada que se visse, comentava-me uma vez o Cláudio: “não tem imaginação; e sem imaginação não se escreve História nem se faz Arqueologia”. Recordo aqui uma passagem do filme “Amici miei” de Mario Monicelli. Um personagem interroga-se “o que é o génio? Para depois responder: é fantasia, é intuição, é decisão e velocidade de execução”. Podia ter sido o Cláudio a dizer isso. Porque o padrão dele sempre foi esse. Oxalá tenhamos, no Campo Arqueológico, tomado como boa a lição.

Deixo aqui uma pequena reflexão. Creio que o projeto começa a envelhecer, geracionalmente, logo em meados da década de 80. A saída do Cláudio da Faculdade impediu que, ano após ano, fosse chegando gente nova que o tinha como professor. E ser aluno dele, acreditem-me, fazia toda a diferença. Um dia, há já muitos anos, disse-me ele “vocês achavam que escolhiam vir para Mértola, quando eu é que vos selecionava e puxava para cá”. Quebrado esse laço com a Universidade, só muitos anos volvidos a ligação se reataria. Num certo sentido, era já um pouco tarde.

Com frequência, é nos pequenos gestos reconhecemos a excecionalidade dos homens. Recordo aqui dois momentos que me marcaram. Há muitos anos, o Cláudio foi convidado a proferir seis conferências, sobre património islâmico, na Fundação Calouste Gulbenkian. O anfiteatro esteve sempre a abarrotar. Na última conferência, o tema era a cultura no al-Andalus. O Cláudio não disse uma só palavra nesse dia. O Cláudio convidou para irem a Lisboa três camponeses, Manuel Bento, Perpétua Maria e Francisco António, três artesãos dessa estranha e magnífica arte do cante e da viola campaniça. Foram eles as estrelas da tarde, num recital memorável, na Fundação Gulbenkian. O resultado foi uma interminável ovação. Porque o que ficara dessa memória mediterrânica estava aqui, nos campos do Alentejo, mais do que em qualquer vitrina.

O outro episódio ocorreu no início de 2002. Tinha havido mudança de partido à frente dos destinos da Câmara de Mértola. O Cláudio foi visitar, poucos dias volvidos, um velho militante socialista, Olímpio Bento, que estava já muito doente, levando-lhe, em homenagem, um cravo vermelho. Se alguém merecia celebrar essa vitória era o tio Olímpio.

         É esta a minha memória mais intensa do projeto de Mértola. A do sítio das coisas ilógicas, difíceis e contra a corrente, feitas de sonhos, de mitos e de irrealidades. De revistas sem peer-reviews, de museus sem um tostão no dia do arranque, de recuperações de ermidas, de vontade, de tenacidade e de heterodoxias várias. Mas acima de tudo, e essa foi a grande lição para todos nós, de proximidade às pessoas e de um compromisso cultural que foi, desde o primeiro dia, uma forma de participação cívica e de combate político.

    Termino como terminei a minha tomada de posse em Moura, há 10 anos.

 

 

Para além da curva da estrada, de Alberto Caeiro:

 

Para além da curva da estrada

Talvez haja um poço, e talvez um castelo,

E talvez apenas a continuação da estrada.

Não sei nem pergunto.

Enquanto vou na estrada antes da curva

Só olho para a estrada antes da curva,

Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.

De nada me serviria estar olhando para outro lado

E para aquilo que não vejo.

Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.

Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.

Se há alguém para além da curva da estrada,

Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.

Essa é que é a estrada para eles.

Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.

Por ora só sabemos que lá não estamos.

Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva

Há a estrada sem curva nenhuma.


segunda-feira, 13 de novembro de 2023

UM TEXTO NA CASA DO ALENTEJO

Texto lido na apresentação do livro do centenário da Casa do Alentejo:

Um dos meus rituais de juventude passava por esta casa. Vinha da faculdade, saía do metro e rumava à Casa do Alentejo. O bar, com a obra de Rogério Ribeiro a servir de enquadramento, era ponto de encontro regular de muitos alentejanos expatriados que aqui se encontravam antes de rumarem aos subúrbios.

Os tempos mudaram. Hoje já não é assim. A Casa do Alentejo está no mesmo local. Mas o bar já não é no mesmo sítio. E a geração dos expatriados avançou na idade e já pouco sai.

Esta Casa é-nos, felizmente, familiar. Semanas de municípios, lançamentos de livros, almoços de confraternização, sessões políticas, muitas sessões políticas, música, poesia, estas paredes viram de tudo um pouco. Todos nós cá viemos, muitas vezes. Porque é a nossa Casa.

E cem anos não é coisa pouca. Daí que se tenha decidido editar um livro comemorativo. Que é sobre a Casa do Alentejo e é sobre a nossa região. A diversidade arquitetónica que aqui encontramos corresponde às múltiplas diversidades e contrastes que encontramos na nossa região. Sob uma aparente unidade escondem-se múltiplas realidades.

Há um conjunto de textos que nos enquadram no espaço e no tempo. A geologia, a história, a arqueologia são convocadas para nos darem uma explicação cabal do que aconteceu e de como aconteceu. Esse é o pano de fundo. O livro desenvolve-se depois num conjunto de tempos, de temática muito ampla, onde muitas conversas cabem. As permanentes citações e referências a amigos presentes ou a outros que já partiram fazem também do livro uma verdadeira fraternidade alentejana. Páginas afetuosas por onde passam as recordações (e vou citar apenas alguns) de Luís Jordão, de Vitor Paquete, de Manuel Geraldo, de António Galvão, de Miguel Serrano, de Urbano Tavares Rodrigues, de Manuel da Fonseca... Há nomes que conhecia mal, como os de Victor Santos e de Fausto Gonçalves, que agora não só conheço melhor mas aprendi a respeitar. O passar do tempo apaga a memória dos homens. É uma lei da qual muito poucos se libertam. Fixar em texto e para a posteridade aqueles que ajudaram a construir esta casa não é tarefa secundária.

Esta Casa representa todos os alentejos deste mundo. O dos 400.000 habitantes que vivem nos distritos Beja, Évora e Portalegre e os outros que se espalham pela cintura industrial de outos tempos. Almada, o Seixal, a Piedade, a Amadora, Sacavém, quantos alentejos por aí andam. Os bairros de subúrbio superlotados têm contraponto no despovoamento transtagano. Dois deputados eleitos por Portalegre, três por Évora, três por Beja. Oito ao todo. É metade dos que a região elegia em 1976. Ao fim dos dias de trabalho eu próprio regresso à Amadora. A Venda Nova, a Damaia e o Bairro Janeiro são pedaços de um mosaico alentejano que, por estas bandas, vai desaparecendo aos poucos.

Todos os alentejanos que partiram pensam no regresso. Todos os que aqui estão olham para esse horizonte, que tantas vezes nos foge. Há hoje mais alentejanos fora da região que dentro do território. A narrativa de uma evolução é feita, com toda a clareza, por Jorge Gaspar, nas páginas deste livro. O Alentejo mudou muito, nestas últimas cinco décadas. Mudou a paisagem física, tal como se alterou a humana, tal como se transforma a paisagem política. O Alentejo já não tem proletariado rural. A Margem Sul já não tem proletariado industrial. O proletariado mudou de ramo. Está nas grandes superfícies, nas empresas de trabalho temporário e a consciência de classe é coisa dos manuais clássicos.

Todos estes alentejos estão presentes nas páginas deste livro. Ora é o Alentejo histórico que encontramos, ora o geográfico, ora o do debate político. Ora é memorialista e se ocupa do próprio edifício que é a sede da casa, ora convoca artistas, poetas e intelectuais. Não ficamos com uma mini-enciclopédia do Alentejo, nem com um dicionário de pessoas, locais e obras. Não era essa a intenção, afinal. Mas as dezenas de autores que colaboram neste livro do centenário ajudam-nos a compor um fresco da realidade alentejana no seu devir histórico. O Alentejo e a sua casa são o díptico de que se compõe este livro.

         Resta-me felicitar os protagonistas, o João Proença, a Rosa Calado e o Fernando Mão-de-Ferro.Sei, por experiência, o que é garantir a entrega atempada de textos, fazer cumprir prazos de redação e de revisão e assegurar que ninguém falha (prefaciador incluído).

         O livro é um testemunho importante de uma época. E é uma peça essencial para a história desta casa. A verdadeira saga que envolveu a compra do edifício seria hoje impossível, não tenhamos disso ilusões. O que nos torna a todos responsáveis por ela e nos obriga a fazer da Casa do Alentejo uma orgulhosa afirmação do nosso território.

Na última página do derradeiro texto do livro escreve Victor Encarnação “Sonhei que um dia havia de ter uma casa a morar / dentro do meu peito. / A Casa é o Alentejo”. É o final perfeito para um livro em que a ideia do regresso está, de uma forma ou de outra, sempre presente.


ISTO DOS NOMES SEREM QUASE IGUAIS...

Durante a rodagem de um filme do grande Billy Wilder (1906-2002) um jornalista confundiu-o com William Wyler: “Oh, Mr. Wyler.” And he says, “Wilder.” But he said, “What’s the difference? Manet. Monet.”

É isto.

domingo, 12 de novembro de 2023

ENVIDO

Já lá vão oito anos... O facebook veio recordar isto.

Não sei de quem partiu a ideia, muito provavelmente do Hélder Coelho. Numa temperada manhã de domingo de outono participámos (ele, o José Rocha e eu) num torneio de envido.

Eram quatro equipas. Ficámos num muito honroso quarto lugar. Recordo que a minha prestação foi sobre o fraco, causando mais estragos no piso de cimento que outra coisa. Às tantas ouvi "ainda lhe vamos pedir um subsídio para obras".

MAS AFINAL, ISTO É O QUÊ???

Lapso?

Num caso destes? Com esta dimensão?

Lapso tem a senhora do restaurante onde vou e me traz um prato "o senhor Santiago pediu uma dourada? não? ai, desculpe...". Isto é um lapso. Trocar dois nomes (um deles é o PM) num caso destes é muito mais que um lapso. Alguém vai ser responsabilizado? Ou a culpa é do sistema, como dizia o outro senhor?

QUANDO VALE TUDO...

Cito do quotidiano "Público" (os sublinhados são meus):

PSOE e Junts chegam a acordo sobre amnistia. Sánchez com via aberta para formar governo

O acordo inclui as principais reivindicações das forças independentistas, com uma amnistia alargada "tanto aos responsáveis como aos cidadãos que, antes e depois da consulta de 2014 e do referendo de 2017, tenham sido objecto de decisões ou processos judiciais vinculados a estes acontecimentos". Esta era a principal exigência do Junts e está na origem da onda de contestação de vários sectores políticos e sociais ao entendimento entre os socialistas e os independentistas.

Há também o compromisso por parte do PSOE de aprovar um modelo de financiamento diferenciado para a Catalunha, permitir à Generalitat que conserve a totalidade das receitas fiscais e, ainda, um perdão de 20% da dívida da região.

O acordo prevê igualmente a abertura do debate sobre a marcação de "um referendo sobre a autodeterminação do futuro político da Catalunha", através de um mecanismo independente cujo alcance e composição irá começar a ser negociado já em Novembro.

Finalmente, o PSOE compromete-se a promover medidas que facilitem o regresso de empresas à Catalunha que tenham transferido as suas sedes e actividades para outras regiões na sequência da crise desencadeada pelo referendo ilegal de 2017.

sábado, 11 de novembro de 2023

STARDUST MEMORIES Nº. 74: CALLE DE NARVÁEZ

Foi o meu grande fascínio do Natal de 1973, em Madrid. Na Calle de Narváez, a poucos metros da casa da minha avó, havia uma loja de brinquedos. A enorme montra era ocupada por um não menos enorme e complexo combóio elétrico. Passei lá uma vez e outra, sabendo da absoluta impossibilidade de algum dia ser proprietário de tal brinquedo: 50.000 pesetas (45 euros em moeda atual). Uma coisa para ricos.

Só me voltei a lembrar do combóio e da Calle de Narváez no outro dia, ao ver o filme Coup de chance. O brinquedo do filme foi a minha máquina do tempo.


sexta-feira, 10 de novembro de 2023

CRÓNICAS DO 54 - Nº. 2: 400 EUROS, MANO

Entrou e vinha agarrado ao telemóvel. Falava alto. Muito alto. Não tinha um ar muito inteligente mas, como se verá, parvo não era: "sim mano; já consegui, mano; 400 euros, mano; o quê, achas caro?; olha mano, quem paga a net sou eu, o desgaste do computador é meu, quem andou à procura fui eu, mano; achas caro?; mano, são duas horas de futebol, na Luz, por 400 euros, mano; não é caro, mano; o gajo já me orientou aquilo, mano; ele trabalhou bem a cena, mano; é 400 euros, é pegar ou largar, mano". O autocarro chegou à Buraca. Saí. Não sei como acabou o negócio com o mano.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

CLÁUDIO TORRES, PRÉMIO EUROPA NOSTRA 2023

Sábado vai ser dia de estar em Mértola. Numa sessão a cinco, na qual participarei, irá falar-se destes 45 anos que passaram.

A sessão de homenagem a Cláudio Torres é motivada "pelo seu trabalho em prol do património e do desenvolvimento localrealizado desde 1978 em Mértola".

A homenagem realiza-se dia 11 de novembro a partir das 15h00, por ocasião do descerrar em Mértola da placa comemorativa do Prémio Europeu do Património Cultural/Prémio Europa Nostra 2023 atribuído a Cláudio Torres na categoria "Heritage Champions".


O programa inclui o descerrar da placa comemorativa do Prémio Europa Nostra 2023 nas instalações sede do Campo Arqueológico de Mértola e um porto de honra no Hammam & Casa de Chá de Mértola.


A fotografia tem 22 anos. Foi feita no outono de 2001, quando se terminava o Museu Islâmico.


quarta-feira, 8 de novembro de 2023

CASA DO ALENTEJO - 100 ANOS

Final de tarde, na sexta, na Casa do Alentejo, porque há um livro importante que ali é apresentado. Um século de Casa do Alentejo merece bem a atenção dos expatriados.


terça-feira, 7 de novembro de 2023

A PROPÓSITO DE UMBIGOS

Le nombril


Nombril, je t’aime, astre du ventre.

Œil blanc dans le marbre sculpté,

Et que l’Amour a mis au centre

Du sanctuaire où seul il entre,

Comme un cachet de volupté.


Théophile Gautier, Poésies libertines


Este post é uma perda de tempo... Estou eu aqui com Théophile Gautier e com a mitologia grega (o umbigo do mundo era em Delfos) porque há quem tenha do cargo autárquico uma perspetiva de grupo almoçarista e não saiba resolver o problema do Convento do Carmo (nem esse nem outros)...  





ALBERTO JANES, ONTEM À TARDE

Foi uma das mais belas sessões que o Panteão Nacional acolheu, nestes últimos dois anos e meio. O lançamento de um livro de inéditos de Alberto Janes foi o mote para intervenções de grande interesse: de Carlos Janes, filho do poeta, de Ana Paula Amendoeira (Diretora Regional de Cultura do Alentejo), de Marta Prates (Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz) e de Rui Vieira Nery (musicólogo e professor universitário).

Rui Nery contou um episódio ocorrido com um fado de Alberto Janes, celebrizado por Amália, É ou não é?. Foi adaptado em Itália por Milva (1939-2021), que o reescreveu e lhe deu uma letra, La filanda, de cariz revolucionário ou anti-patronato. Milva (la rossa, pelo cabelo ruivo e pelas posições próximas ao PCI) deu a este fado uma faceta que o seu autor certamente não imaginou.

Viva Amália! Viva Alberto Janes! E Milva...


segunda-feira, 6 de novembro de 2023

2.500.000: ENTRE O GABÃO E A NAMÍBIA

Já lá vão 14 anos e 11 meses. O blogue arrancou em 8 de dezembro de 2008. Atingi hoje, às 15:17 os 2.500.000 de acessos. Em termos populacionais, estou algures entre o Gabão e a Namíbia. Na prática, é como se o blogue tivesse 460 acessos diários. Nada mau, para um tipo de comunicação que é marcadamente pessoal.


 



AS MISSES

NUNCA, mas nunca mesmo!, pensei ver a intelligentsia lusitana (a da esquerda, pá em especial) discutir o concurso de Miss Portugal.

Imagino que Vera Lagoa e José Vilhena gostariam de poder presenciar estes momentos absolutamente inolvidáveis.

Para clarificação: o tema é-me indiferente, assim como me é indiferente saber se concorrem trans ou não trans, se ganham estas ou aquelas. Só voltaria a ver se recuperassem aquele parte insuperavelmente kitsch do "desfile em trajes regionais".

domingo, 5 de novembro de 2023

STARDUST MEMORIES Nº. 73: ESPAÇO 1999

Tínhamos aulas de segunda a sábado. Saíamos a correr às 19h (!) porque o Espaço 1999 era às 19h10. Na época, a primeira série (a que se seguiu foi bem mais fraca) foi um sucesso estrondoso. O que se passou? O melhor é ir à net ver a fantástica saga da Base Lunar Alfa. E pensar que o que está na origem da série (já) não é assim tão disparatado...
Já lá vão 47 anos.Pois é...


sábado, 4 de novembro de 2023

FLU

Todos temos as nossas simpatias fora de portas, acho eu. No campeonato brasileiro torço pelo FLU. Como se prova pela imagem, que data de 2007 e foi feita à entrada do Maracanã.

Acabo de ver o FLU ganhar a Libertadores, frente ao Boca Juniors.


OBRIGADO RTP! OBRIGADO ANACOM!

Hoje, pela manhã, e no percurso entre Mértola e Serpa, tentei ouvir a Antena2. O meu amigo e colega Miguel Gomes Martins falava sobre castelos. Antes de perder, de vez, a rede, ouvi isto:

nas cidades mais importantes os castelos não eram tão fffsshshshssfffhhhh tentavam melhorar as condições de habitabilidade ktktktktktktktktktktkttk por vezes havia painéis de madeira para ziiiiiuuuuuuiiiiiiizzzz o Guadiana era a fronteira trrrrrrrrrrfssshhhhhssshhhtrrrrr

Depois falem-me no amor pelo interior ok?