quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

CAMÕES, À HORA DE JANTAR

À hora de jantar fui informado que, agora, Os Lusíadas são despachados em meia dúzia de aulas.  E que na lírica nem se toca. Se preocupado andava, pior fiquei. Não se fazem prédios sem pilares. Pouco saberemos de nós mesmos sem Camões.

Um soneto será fraca compensação. Mas este é especialmente bonito:

Quem vê, Senhora, claro e manifesto

O lindo ser de vossos olhos belos,

Se não perder a vista só com vê-los,

Já não paga o que deve a vosso gesto.

Este me parecia preço honesto;

Mas eu, por de vantagem merecê-los,
Dei mais a vida e alma por querê-los;
Donde já me não fica mais de resto.
Assim que Alma, que vida, que esperança,
E que quanto for meu, é tudo vosso:
Mas de tudo o interesse eu só o levo.
Porque é tamanha bem-aventurança
O dar-vos quanto tenho, e quanto posso,
Que quanto mais vos pago, mais vos devo.

8 comentários:

Lucrecia disse...

Que lindo! Eu acho que que se refere a olhos verdes. É lindo!

2012 disse...

Eh eh eh... serão verdes vossos olhos senhora?

babao disse...

Aqui so p'ra nos...porquê os olhos da Ava ?

Eu teria escolhido para ilustrar, os de uma qualquer Tagide !

Santiago Macias disse...

Não são os olhos da Ava Gardner.

Lucrecia disse...

Acho que é esta minha mania de associar. Sempre penso em europeus de olhos azuis ou verdes. Falando nisso,sou morena e tenho olhos pretos. Gosto de Camões. "Amor é fogo que arde sem se ver" foi o primeiro soneto que escandi.Estava na 5ª série (11 anos), em uma prova de Português.

R. Vieira disse...

Parece-me a Hedy Lamarr...

Santiago Macias disse...

Isto assim tem piada.
Não é Hedy Lamarr.

babao disse...

Se também nao é a Katherine Hepburn...
"Je donne la langue au chat" : ))