Excerto de uma entrevista feita em 10 de Agosto de 2001, por Kathleen Gomes (Público).
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Como ironiza numa das crónicas de “Os Filmes da Minha Vida”, só fala de filmes “do tempo da Maria Cachucha”. Por isso, houve quem se espantasse quando na Cinemateca se fez, este ano, o ciclo “Revelações dos Anos 90”.
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Aí há um grande mal-entendido. Quando falo disso é por reacção a um clima cada vez maior, que é a rejeição de um passado. Como a pessoa que, quando eu digo que vi um filme óptimo, me pergunta: “Mas onde está esse filme?” “Passou na Cinemateca. É um filme de 1940.” “Que horror, filmes antigos. É a preto e branco? Não vou ver.” Isso não acontece em nenhuma outra arte. Não me vai dizer que não entra no Louvre e só vai ao museu de arte contemporânea... “Pintura antiga? Estátuas egípcias do século V a.C.? Com a lei da frontalidade, ainda por cima não sabiam olhar em frente? Isso nem vou ver, não me interessa, que coisa tão mal feita, tão tosca.” Ou: “Bach, século XVIII, música para igrejas, evangelhos e missas, por amor de Deus…” Ninguém considera Bach muito antigo. Ou Dante, Homero. Porque é que no cinema se cria uma mentalidade desse género, ligado às modas: “Um filme com mais de cinco ou dez anos já não interessa, isso é do tempo da Maria Cachucha”? Isso é que é a aberração, não tenho nada contra o que se faz hoje, o bom que se continua a fazer. Há um filme deste ano de que gosto muito – por acaso, este ano tem sido mau —, que é “O Protegido”, do Shyamalan.
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Frases sábias e a reter.
2 comentários:
...nos dias de hoje com a tecnologia
como é possivel fazer filmes pessimos... eu sou um apaixonado
por filmes antigos a preto e branco
o cinema skop ( com duas barras pretas )os filmes tinham uma magia diferente...o Casablanca de 1942
belo filme...
Grande filme, mesmo! Estamos 100% de acordo, amigo T.R.
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