segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A ESTRADA PARA TLEMCEN

O Teatro das Cidades 

Qualquer tempo é um tempo duvidoso
assim o meu cercado de cidades
plataformas instáveis
praticáveis cobertos de infinita gente náufraga
que se inclina nas águas como um palco

Paro na convergência dos estrados
chove já sobre a raça ameaçada
Incertas multidões em volta passam
contemporâneas falam interpretam
a duvidosa língua das imagens

Assim no teatro abstracto das cidades
morrem palavras sobre um palco náufrago

O tempo cobre o céu que se enche de água


Não deverei encontrar em Tlemcen a paz que me foge. Em três dias, seguramente que não. Não levarei, sequer, um livro de Gastão Cruz, mas sim o bem mais prosaico Huntington. Para refrescar lugares comuns. E o pátio da Djamaa el-Kebir da cidade estará, decerto, diferente da visão que dele teve, em 1886, o pintor orientalista Frederick Arthur Bridgman (1847 - 1928). Espero poder fotografá-lo. Ao menos isso.

4 comentários:

Lucrecia disse...

O que é Huntington?

Lucrecia disse...

Por um momento me confundi.Pesquisei esse nome e acredito que você esta falando do cientista político Samuel P. Huntington. Desculpe.

Anónimo disse...

Gastão Cruz, um poeta denso, muito denso, por vezes difícil. Muitas vidas seguem precisamente esse caminho.

Tenho a Moeda do Tempo, nele há muitos poemas de grande intensidade, quer sejam mais ou menos extensos.

Deixo-lhe aqui um para a excelente coleção do Avenida, espero que goste.

Ramo

Talvez eu não consiga quanto amo
ou amei teu ser dizer, talvez
como num mar que tu não vês
o meu corpo submerso seja o ramo
final que estendo já não sei a quem

Portugalredecouvertes disse...

Boa viagem!
na certeza de que irá encontrar lindos cenários.
Angela