Tinha prometido ao José Manuel Albardeiro que a crónica não
teria qualquer ligação com as eleições autárquicas do passado domingo. Achei
depois que seria melhor deixar em letra de forma algumas coisas que me ocorrem,
nesta segunda-feira de mudanças.
Virar de página num percurso político, a título pessoal.
Depois de 24 anos ligado à vida autárquica mourense decidi, há meses, que este
caminho estava terminado. Quatro anos na presidência da câmara, mais quatro na
da assembleia, mais oito anos de vereação e ainda outros oito nas bancadas da
assembleia municipal. É tempo mais que suficiente, em que muita coisa familiar
ficou para trás. Arrependimento? Nenhum, do ponto de vista profissional. Foi
uma perda de tempo? Nem por sombras, tendo em conta a oportunidade que tive de
colaborar em tantos projetos que reputo de importantes. A leitura e a avaliação
deste tempo que passou far-se-á mais
tarde, com calma e ponderação. Tenho a ligeira sensação que as palavras
“arqueologia” e “museus” ainda me farão rir. Muito.
Virar de página na vida profissional. O projeto de
escavações no Castelo de Moura continuará (ou não…). Ora deixa ver, Santiago
Augusto, que tens pela frente? Uma exposição sobre os “cristos” de um pintor do
século XX, a montar na Sé de Lisboa. Intenção formulada e várias vezes adiada,
vai ser desta. Vai mesmo. Segue-se outra exposição, desta feita com fotografias
da minha autoria, com curadoria de Jorge Calado. Sem data nem sítio definidos.
As velhas Leica (a adorada M6 e a R7) voltam às lides. E há livros. Um sobre a
Mouraria de Moura, outro sobre estes 24 anos de experiência na política local.
Um para meados de 2018, outro lá mais para a frente. O regresso à docência está
previsto. Um ensaio sobre cemitérios islâmicos será retomado. E outros
trabalhos de investigação? Sim, decididamente. Tenho prazer em pensar nisso. O
futuro profissional andará pela margem esquerda do Guadiana, mas não em Moura,
obviamente. E há toda a família, que me espera, ao fim destes anos, de porrete
na mão. Nada que eu não mereça. E os amigos. Alguns. Os autênticos.
Construí uma nova memória do sítio. Fiz novos conhecimentos,
muitos dos quais agora se desvanecerão. Participei na construção do concelho.
Tive, e tenho, profundo orgulho e enorme prazer nisso. Ficarei atento ao
futuro. Nada mais que isso.
Vai ser isto. Vai ser assim.
Texto publicado na edição de 1.10.2017 de "A Planície"
Tela no naturalista Marques de Oliveira (Praia de banhos, Póvoa de Varzim),
hoje no M.N.A.C.
Não tem nada a ver com o texto. Gosto de pinturas naturalistas, só isso.
2 comentários:
Obrigado Santiago Macias Pela Excelência De Pessoa Que Demonstrou Ser. A Democracia Vai Ficar Mais Pobre Com A Sua Ausênsia. Um Bem Haja E Que A Vida Lhe Sorria Sempre ...
Será mais um recomeço... Bom trabalho! Abraço.
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