"Aproximai-vos vós todos, igualmente lamentai comigo, porque morrer não é coisa nova! Chorai comigo todos quantos a causa da dor e a aflição da morte profundamente atingem! Recordai com lamentações e com atos sagrados a Maura, que foi minha sobrinha! De olhos muito belos e formosa de feições, criou-a a mãe em castidade, a terra recebeu-a virgem, e sem mácula foi deposta na sepultura. Ai de mi, desgraçado, que perdi flor tão rara que mal fizera quinze anos! Ai de mim, desgraçado, que até recobrar alegria viverei entretanto desolado e por grande mágoa ferido por tua causa! Por isso eu, Calandronio, peço ao Senhor te conceda descanso eterno. Descansou na paz do Senhor no dia quarto das Calendas de agosto da era de 703"
Lápide pertencente ao Museu Regional de Beja, datada de 29/7/665.
O texto tem ressonâncias a Kavafis. Recordai com lamentações e com atos sagrados fez-me lembrar o sentido de despedida de Como preparado há muito, como corajoso,
despede-te dela, parte de um conhecido poema.
Há texto e evocação do corpo, mas não há imagem. Esta peça está quase no final da exposição Do tirar polo natural, que vai estar no Museu Nacional de Arte Antiga até ao início do outono. Uma exposição absolutamente magnífica, com uma multiplicidade de estimulantes perspetivas em torno do tema do retrato.
Ver - http://www.museudearteantiga.pt/exposicoes/do-tirar-polo-natural
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