Todas as tardes tenho, em frente à janela, uma falua. Dá sempre a mesma volta, o que me leva a pensar em rota turística. Li algures, uma vez que falua significava, em árabe, potro. Não sei a base de tal afirmação... Em todo o caso, a ideia de um barco a cavalgar as ondas tem o seu toque poético.
Falua vem de فلوكة (falūka).
Mesmo sem mar nem ondas, aqui fica um poema de Ibn Assid:
É um cavalo negro que pertence à família dos garanhões
Aluají e Lahíque. A noite serve-lhe de veste
e a aurora pôs malhas brancas nos seus cascos.
A água da beleza gelou estupefacta sobre a sua pele.
Não fosse o ardor do galope e a água não teria escorrido.
Dir-se-ia que o crescente da ruptura do jejum
brilha sobre o seu semblante
e os nossos olhos se voltam de desejo.
Dir-se-ia que os ventos violentos o arrastam
quando o peitoral e o cachaço
se mostram inteiramente banhados se suor.
Ibn Assid (Silves, 1052-Valência, 1127). Não consegui usar a tradução de Henri Perès, por isso me socorri da adaptação de António Borges Coelho, no 4º volume (edição antiga) do Portugal na Espanha Árabe.
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