Foi no final de uma conferência no Worcester Art Museum, na Primavera de 2004. Um senhor que tinha assistido a tudo com o maior interesse aproximou-se de mim para me perguntar, em bom português: "A Pensão Beira-Rio ainda existe?". Não respondi logo, de tão surpreendido. "Sim, a Beira-Rio, em Mértola", insistiu o senhor.
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O resto da história foi desvendada segundos depois. Chamava-se Chester Brummel, era fotógrafo e tinha chegado a Portugal em meados de Abril de 1974, com uma blosa de estudo do governo americano. Não sei se ele chegou a estudar alguma coisa, mas confessou-me, com os olhos a brilhar de emoção, "passei em Portugal os dois anos mais extraordinários da minha vida". Imagino que sim, no meio daquela enorme festa da libertação, no meio da esplêndida anarquia que se seguiu à opressão.
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Durante mais de meia-hora Chester Brummel desfiou uma série de histórias quase irreais por que passou no meio dos dias da Revolução. Rimo-nos bastante, enquanto tomávamos um chá, sob o olhar intrigado do Dr. James Welu, director do museu. E fiquei com a certeza que Chester Brummel é mais um dos que não resistiu ao encanto de Mértola.
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Em homenagem ao Chester Brummel, à sua paixão por Portugal e, em especial, por Mértola, aqui deixo esta Athènes, T[emple] de J[upiter] olympien pris de l'est (1842), de Joseph-Philibert Girault de Prangey (1804-1892). Foi vendida por 922.488 USD, num leilão, em 2003. É a sétima fotografia mais cara do mundo.
Site da Beira-Rio (hoje uma residencial): http://www.beirario.pt/
E vale a pena espreitar o site do Worcester Art Museum, que tem uma colecção de fazer inveja aos nossos museus nacionais: http://www.worcesterart.org/
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