fotografia - António Cunha
Que o português médio conhece mal a sua terra - inclusive aquela que habita e tem por sua em sentido próprio - é um facto que releva de um mais genérico comportamento nacional, o de viver mais a sua existência do que compreendê-la. Descaso de consequências inumeráveis ou desprendimento sublime, herança contemplativa ou simples reflexo de uma urgência vital que nunca deixou muita margem para teoria, esse comportamento é o responsável pelo penoso e já antigo sentimento que no século XIX foi quase o lugar-comum dos homens mais ilustres, de que estamos ausentes da nossa própria realidade.
Caiu-me em cima, literalmente e no decurso de um dos habituais desmoronamentos que ocorrem no escritório lá em casa, o livro O labirinto da saudade, de Eduardo Lourenço, uma edição de 1978. Aqui vos deixo o início do ensaio Repensar Portugal. O endeusamento de Eduardo Lourenço é, hoje, um fenómeno ligeiramente irritante. Mas os livros não são menos interessantes por causa disso nem o seu autor tem disso culpa.
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