Condição de Ilhéu
Cerro os olhos e observo a paisagem interior:
cumes, rios, valados, desenham-se no espaço,
contornados a dor,
com certezas de régua e de compasso.
Um potro alado acena um adeus necessário.
Uma flor abre em leque a corola macia
e perfuma de pranto o horto imaginário,
onde invento sozinho outra geografia.
Abro os olhos e nada já relembra a paisagem,
tão real e concreta no momento anterior.
Cumes, rios, valados - a sedenta miragem,
que humaniza o deserto em que sou potro e flor.
Cerro os olhos e observo a paisagem interior:
cumes, rios, valados, desenham-se no espaço,
contornados a dor,
com certezas de régua e de compasso.
Um potro alado acena um adeus necessário.
Uma flor abre em leque a corola macia
e perfuma de pranto o horto imaginário,
onde invento sozinho outra geografia.
Abro os olhos e nada já relembra a paisagem,
tão real e concreta no momento anterior.
Cumes, rios, valados - a sedenta miragem,
que humaniza o deserto em que sou potro e flor.
A fotografia é um daqueles postais da era colonial. Trata-se, creio, de uma mulher senegalesa, de uma beleza sem par. Imagem feliz, porque supera, por mero acaso, o cliché do exótico. O poema é de um grande autor africano, Daniel Filipe.
Faz hoje 50 anos que a Organização de Unidade Africana foi fundada, em Addis Abeba. Em 1985 resolvemos organizar, na Faculdade de Letras de Lisboa, umas jornadas contra o racismo e o apartheid. Participei ativamente nessa iniciativa, juntamente com outros colegas: Carlos Lopes Pereira, Leopoldo Amado, Domingos Semedo, Sow Daouda, Filomena Miranda, Filomena Vieira Martins, Mamadou Mané etc. Mantenho contacto próximo com alguns, de outros vou tendo notícias, de outros nada sei há muito. Ainda assim, estamos juntos, ao fim de todo este tempo.
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