sábado, 6 de fevereiro de 2016

O POÇO SEM ÁGUA

Mais um poço tardo-medieval em Moura. Foi encontrado, tal como os outros dois na Mouraria. Recolheu ao sítio devido (Museu Municipal), onde está a ser feita a sua limpeza. Integrará (derradeira peça, derradeiro parágrafo!) a monografia sobre a arqueologia nesta terra. Em concreto, será a estampa R do anexo A.

O poço é idêntico aos anteriores, em termos de medidas, morfologia e material. Tem também decorações incisas (um chocarreiro afirmou que o poço era a prova da existência de cerveja Sagres na Idade Média...) e chegou até nós miraculosamente. Estava bem à vista, no pátio de uma casa.

É um prazer divulgar isto, juntamente com um quente poema do mexicano Jaime Sabines (1926-1999), apropriado a estes dias que correm.





Canciones del pozo sin agua (5)

Esta noche vamos a gozar.
La música que quieres, 
el trago que te gusta
y la mujer que has de tomar.
Esta noche vamos a bailar.
El bendito deseo se estremece
igual que un gato en un morral,
y está en tu sangre esperando la hora
como el cazador en el matorral.
Esta noche nos vamos a emborrachar.
El dulce alcohol enciende tu cuerpo
como una llamita de inmortalidad,
y el higo y la uva y la miel de abeja
se me mezclan a un tiempo con su metal.
Esta noche nos vamos a enamorar.
Dios la puso en el mundo
a la mujer mortal
—a la víbora-víbora de la tierra y del mar—
y es lo mejor que ha hecho el viejo paternal.
¡Esta noche vamos a gozar!

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